Cena
01- Recife/Noite.
Susana e Jucy descem do ônibus. A primeira abre o
guarda-chuva.
Susana, irritada: Só fui nessa festa mesmo pra me aborrecer.
Era melhor ter ficado em casa. Ao menos a TV distrai com coisa melhor- Ela nota
vários caminhões de bombeiros e policiais perto da entrada do morro.
Jucy vê as pessoas serem socorridas, e outras com alguns
objetos na mão, sendo banhadas pela chuva, a espera de socorro: O que aconteceu
aqui...
Susana, aflita: Espero que não seja o que estou pensando-
Elas correm até um local de balbúrdia e tomam noção da verdadeira proporção dos
destroços. Casas destruídas, montes de terras nas ruas. Bombeiros tentando
resgatar pessoas que haviam sido soterradas. A chuva não cessava.
Jucy se desespera: A MAMÃE E O GUGA! ELES ESTAVAM EM CASA,
TEMOS QUE ACHÁ-LOS- Ela tenta se aproximar mas é impedida por um policial.
Policial: Para sua segurança, é melhor não dar mais nenhum
passo adiante. O morro foi destruído, mas a situação pode piorar...Fique aí.
Jucy: Mas moço, minha mãe e meu irmão estavam em casa! EU
QUERO ACHAR ELES, PELO AMOR DE DEUS!
Policial: Todos estão sendo levados para o Hospital Recife-
Ele se afasta- Melhor procurá-los lá.
Susana puxa a irmã: Vamos, Jucy. Temos que ir pra esse...-
Ela para em frente a uma ambulância. Os enfermeiros estão levando as vítimas na
maca para o hospital. Haviam dezenas de carro, e um helicóptero sobrevoando o
local com lanternas- É ELA, JUCY! A MAMÃE NAQUELA MACA!- As duas correm.
Jucy: MÃE- Marcelina está inconsciente e com um grande corte
na cabeça- MÃE, FALA COMIGO, MÃE!
Susana, horrorizada: Pelo amor de Deus, cadê o Guga?- Ela vê
o irmão em uma maca mais pra frente- GUGA!- E corre até lá- GUGA!- Ao chegar na
maca, ela fica boquiaberta- Não é possível...
ELOS- CAPÍTULO 02.
Roteiro: Victor Morais.
Cena
02- Mansão de Tião/ Interior/ Banheiros/
Noite.
Liana se vira: VOCÊ? ENTÃO FOI VOCÊ QUE MATOU ESSE HOMEM,
ALEXANDRA?
Alexandra tranca a porta rapidamente: O que você tá fazendo
aqui, Liana?
Liana, surpresa: Eu não estou assassinando pessoas como
você...- Ela avalia o corpo- Era seu amante? Olha, confesso que estou
impressionada com sua frieza, cunhada. É isso que faz com quem lhe incomoda?
Mata, sem dó nem piedade...
Alexandra, furiosa: Minhas escolhas não vem ao caso. Isso foi
necessário.
Liana: Ah, é claro...Você não gosta da atitude de uma pessoa
e mata ela! Muitos dos nossos empregados devem ter tido o mesmo fim que esse
pobre coitado. Inclusive, acho que conheço esse sujeito...Era um serviçal!
Alexandra: CALA A BOCA, LIANA! Você é minha cúmplice agora.
Vai ter que me ajudar a dar um fim nesse corpo.
Liana nega: Eu não. A polícia tá aí no salão, eu vou chamar
eles, pra você ir presa! Sabia que houve um tiro ali fora? Um garoto foi
atingido! Pelo visto temos duas vítimas nessa festa...Que noite sangrenta.
Alexandra: A polícia tá aí?- Ela liga os fatos- O idiota do
Gaspar atirou no garoto errado... Ah não, a polícia não vai descobrir...Vamos
ter que sair pelos fundos.
Liana sai andando: Não use a frase no plural, pois eu já
disse que não vou te acobertar nesse crime. POLÍCIAAA- Ela vai em direção a
porta para abri-la, mas Alexandra a alcança.
Alexandra a esgana: VOCÊ VAI ME AJUDAR, OU EU TE MATO TAMBÉM-
Ela grita- Fica aí, vigiando o corpo. Eu vou tentar passar pelo salão
despercebida. Pego a chave do carro, e saímos arrastando ele pela saída dos
fundos. Entendeu?- Ela pressiona o pulso da mulher- EU PERGUNTEI SE VOCÊ
ENTENDEU! É a única maneira da polícia não ver a gente.
Liana se solta: Não é mais fácil jogar o corpo na piscina? Eu
vi isso em alguma novela antiga...Esse plano de arrastar o corpo não vai dar
certo!
Alexandra: Para de falar besteira e
fica aqui com ele. Se eu voltar e você não estiver, Liana...Eu acabo com a sua
vida- Ela sai e tranca a porta do banheiro.
Cena
03- Hospital Recife/ Corredores/Noite.
O médico surge. Várias pessoas estão esperando notícias sobre
parentes ou amigos. Umas chorando, outras cabisbaixas, e a maioria calada.
Médico: Quem é da família de Marcelina e Gustavo Porto e Pompa?
Susana e Jucy se levantam e vão até o homem.
Susana: Somos filhas da Marcelina. Como ela está, doutor? E o
nosso irmão?
Médico: Sobre Marcelina, a notícia é boa. Ela teve pequenos
ferimentos, principalmente na pele, mas nada que a comprometa. Está num quarto
coletivo. Dopamos ela por essa noite, mas amanhã ou no máximo depois de amanhã,
ela já terá alta.
Jucy: E o nosso irmão, doutor? Como está o Guga?
O médico suspira: O caso dele foi mais grave. Além dos
ferimentos imensos na pele, e os cortes, por conta da queda dele, temos que
ressaltar que...Tentamos fazer o possível, mas tivemos que amputar o braço de
Gustavo- As duas ficam perplexas- Não havia alternativa, a situação estava
calamitosa no braço direito dele. Foi a única solução.
Susana, aos prantos: Que horror...E como ele está com tudo
isso?
O médico sai andando: Melhor verem por si próprias. Fizemos a
cirurgia, e ele já acordou...Eu lamento muito- Ele abre a porta do quarto- Com
licença.
Susana e Jucy entram. Guga está em uma cama, com um
travesseiro na cabeça, aparentemente imóvel, e cheio de curativos.
Jucy, com pena: Irmão...
Guga murmura: Saiam daqui. NÃO QUERO NINGUÉM PRESTIGIANDO
MINHA DESGRAÇA. SAIAM DAQUI!
Susana: Nós não viemos pra isso. Somos suas irmãs, vamos te
ajudar a superar tudo isso, Guga! Vamos nos reerguer!
Guga, furioso: Reerguer? Nós nunca estivemos no alto, irmã.
Sempre fomos um bando de pobres, morando num barraco qualquer, as vezes sem ter
o que comer...E AGORA NÃO TEMOS ONDE MORAR, PERDEMOS TUDO! TUDO! EU TÔ SEM MEU
BRAÇO PRA PIORAR. SEM PODER FAZER NADA! INÚTIL! EU PREFIRO MORRER DO QUE FICAR
NESSA SITUAÇÃO!
Susana: Não fala uma coisa dessas, nem brincando! Nós não
perdemos tudo, Guga. Temos nosso caráter, nossa dignidade! Isso vai nos ajudar!
Guga: Caráter, dignidade...GRANDE LIXO! NÓS NÃO TEMOS NADA,
NADA. EU NUNCA ME CONFORMEI EM SER POBRE, E AGORA TUDO ESTÁ PIOR- Ele chora-
SAIAM DAQUI AGORA.
Jucy: Vamos, irmã, ele não está em condições...E precisa
ficar só- As duas saem.
Cena
04- Hospital Recife/ Corredores/ Noite.
Perto dali, Tião conversa com alguns médicos e o delegado da
região.
Tião, chocado: O quê? Vocês estão querendo me dizer que o
cabra que levou o tiro no meu lugar é um bandido?
Delegado: Exatamente, senhor- Ele mostra a foto- Marcolino
Bandeirola.
Tião: Mas ele salvou a minha vida...Bem, e o que atirou na
nossa direção? Foi achado?
Delegado: Não há nenhuma pista, parece que se escafedeu, mas
tem gente investigando na mansão...
Médico: Bem, senhores, o tiro pegou de raspão no Marcolino.
Já retiramos a bala e ele vai precisar ficar com o braço engessado. Se
quiserem, já podem transferi-lo para o presídio.
O delegado sorri: Finalmente esse criminoso sendo preso...-
Ele se vira- Vou mandar os policiais pegarem ele no quarto e levarem o infeliz
até a viatura.
Tião protesta: Não! Eu...Quero falar com esse homem antes.
Médico: Quer falar com ele?
Tião afirma: Sim. Por favor, me levem até o quarto onde o
bandido está.
O médico e o delegado se entreolham.
Cena
05- Em algum lugar de Recife/ Noite.
Alexandra estaciona o carro: Só eu pra pensar em enterrar um
corpo com uma bêbada.
Liana se defende: Ei, ei, ei! Eu não tô bêbada, tá legal? Só
bebi uns champanhes a mais...Mas estou em plena consciência.
Alexandra tira o cinto: Fica aqui enquanto eu cavo a cova.
Depois, vamos enterrá-lo. Você vai me ajudar a carregar o corpo, como fizemos
minutos atrás...- Ela suspira- E ainda bem que ninguém nos viu.
Liana boceja: Tá bom, pode cavar, enquanto isso eu tiro um
cochilo aqui...
Alexandra fecha a porta: Eu te odeio, Liana- Ela pega a pá e
vai até um terreiro, onde começa a cavar, em meio a chuva. Depois de um tempo,
concluiu o serviço e volta para o carro.
Liana se espreguiça: Terminou? Ih, capaz de pegar um
resfriado, ficou tanto tempo na chuva...Esse é o preço de ter cometido o
assassinato!
Alexandra, furiosa: Cala essa boca, Liana, CALA ESSA BOCA OU
TE ENTERRO JUNTO!- Ela se recompõe- Vem, vamos no porta malas pegar o corpo
dele.
Liana sai do carro, as duas carregam o corpo até o buraco: Eu
sugiro a gente murmurar a marcha fúnebre enquanto colocamos o defunto na cova.
Soa mais simbólico.
Alexandra se cansa: Ai...Felipe precisava de um regime- Elas
colocam o morto em seu lugar- Pronto, finalmente...Agora ele ficou mais perto
do inferno.
Um pouco depois, Alexandra termina de colocar a terra de
volta. Ela se senta no capô do carro, onde Liana está também. A chuva havia
cessado.
Alexandra, exausta: Vamos voltar pra casa. Tião já deve ter
voltado do hospital e está sentindo nossa falta, aliás, a minha falta- Ela
suspira- E adeus Felipe...
Liana: Calma, não precisa ficar em depressão pós-morte porque
seu amante morreu, você deve ter outros!
Alexandra, perdendo a paciência: Liana, cala a boca pelo amor
de Deus.
Liana: Olha o tom agressivo! Quer um cigarro pra se acalmar?-
Ela revira o bolso- Deve ter um por aqui...Não, isso é pastelzinho que eu
peguei da festa- Ela come- Isso é dinheiro...Ah, lembrei, era dinheiro pra
comprar o cigarro.
Alexandra: Para de falar idiotice e vamos logo- Ela deixa o
saca rolhas cair.
Liana desce: Um saca rolhas? Pera aí...Foi com isso que matou
o gigolô? Você é perversamente criativa, Alexandra!
Alexandra pega o objeto: Me dá isso daqui...E vamos logo-
Elas entram no carro.
Cena
06- Hospital Recife/ Interior/ Quarto de
Marcus/ Noite.
Tião anda de um lado para o outro: Quer dizer que o homem que
salvou minha vida é um bandido...Jamais esperava isso. Você não aparentava.
Parecia até gente boa. Um carioca bacana.
Marcus, de cara fechada: Eu posso saber pra quê você veio
aqui...
Tião o olha: Pra te agradecer. Se não fosse você, eu
provavelmente estaria morto, ou muito mal na UTI. Obrigado, Marcolino- Ele se
senta- Só uma curiosidade...Você estava na minha festa pra roubar os
convidados?
Marcus demora pra responder: Não...Eu fugi do Rio porquê
queria começar uma outra vida. Pode parecer falsidade ou ironia, mas eu
pretendia me afastar do crime. Estava cansado da minha rotina. Não queria mais
o meu nome junto a um cartaz de PROCURADO- Ele se emociona- Achei que eu
merecia uma segunda chance...Mas pelo visto a vida não tava disposta.
Fracassei, de novo.
Tião: Uma segunda chance?
Marcus prossegue: Eu nunca matei ninguém. Sou procurado por
roubar. Roubava pra garantir sustento pra mim e pra minha mãe. Ninguém nunca
teve olhos pra gente. Nem piedade. Éramos moradores de ruas esquecidos,
desprezados, como todos são! Comecei com roubos, na verdade, furtos, mas não
pense que isso era prazeroso pra mim. A cada objeto furtado, me sentia cada vez
mais fracassado, preso em um buraco negro sem fim, derrotado. No final de tudo
eu não passo de um jovem com um acúmulo de fracassos. E quando eu pretendia
recomeçar, mais um fracasso pra coleção!
Um policial entra: Viemos buscar o detento.
Tião: Só um minuto- Ele fecha a porta- Você tá mesmo disposto
a recomeçar sua vida?
Marcus, melancólico: Não importa mais.
Tião rebate: Claro que importa. Eu vejo em você um pouco de
mim no passado. Eu não era um bandido, antes que pergunte, mas sim um garoto
cheio de sonhos, que morava em uma casa de aluguel, criado apenas pela mãe...Às
vezes sem ter um arroz com feijão pra comer. Certo dia cometi um erro. Tentei
adentrar no caminho mais fácil, consequentemente o caminho mais errôneo. E
quase adentrei. Mas deu tempo de mudar. E hoje estou num patamar bem mais
confortável...Você quer mudar? Quer realizar seus sonhos? Está falando isso do
fundo do seu coração? Então eu posso te ajudar.
Marcus, surpreso: Mas como? Não tem mais jeito...
Tião sorri: Pra tudo tem um jeito. Eu posso lhe arranjar
emprego e te libertar da prisão. Basta você me fazer uma promessa, com
sinceridade: Você vai dar o melhor de si para tentar mudar de vida? Mesmo que
seja pelo caminho mais difícil?
Marcus sorri: Eu prometo que sim, eu prometo- Ele se empolga.
Cena
07- Delegacia/ Interior/ Noite.
Peninha é libertado: FINALMENTE- Ele sai andando e encontra
Suspiro- Muito obrigado, comadre, sabia que você ia me tirar desse lugar
imundo! Já o Marcolino, não sei se conseguiu escapar, mas você sabe, o garoto é
igual raposa e...
Suspiro o interrompe: Não fui eu, Peninha- Ela aponta- Foi
aquele homem que pagou sua fiança.
Tião se aproxima: Então você é o Peninha- Ele o cumprimenta-
Marcus me falou um bocado de você.
Peninha o analisa: Você conhece o Marcolino? Estou ansioso
pra revê-lo e dar umas porradas básicas nele, sabe como é...Fui preso
por culpa dele.
Tião sorri: Não se preocupe. Marcus está preso, ele teve uns
problemas, mas amanhã mesmo vou providenciar um jeito dele sair...Conversei um
pouco com seu “ afilhado” e gostei do rapaz. Ele só precisa desentortar o
caráter. O próprio me pediu para procurar por você, e lhe soltar caso estivesse
preso.
Peninha: Ah, o Marcolino fez isso? Bem, era o mínimo depois
de tudo que passei. Fui humilhado pelo carcereiro e pelo delegado nojento.
Tião: Agora está livre...O senhor pode me passar o número do
telefone onde vai morar? Para eu te ligar amanhã, quando Marcus for solto.
Suspiro intervém: Eu passo...Está com uma caneta aí?- Eles
conversam.
Um pouco depois...
Tião se despede: Até amanhã então, senhor Peninha.
Peninha: Muito obrigado mesmo. Qual teu nome?
Tião tira o chapéu: Tião. Mas sou conhecido aqui por Tião do
Povão- Ele sai- Boa noite aos dois.
Peninha acena: Boa noite- Ele encara Suspiro- Homem culto
esse, né? Fala calmamente, tem pose se bacana, gostei dele...Onde será que
Marcolino o conheceu?
Suspiro, cansada: Não sei, mas vamos embora logo daqui. Só de
olhar pras paredes dessa delegacia meu cérebro já desenvolve sentimento de
repúdio. Você e o Marcus se metem em cada uma...Vamos, que o sarapatel que
preparei ainda está lá, gelado, esperando pra ser devorado- Eles saem.
Cena
08- Hospital Recife/ Interior/
Corredores/ Madrugada.
Marcus se levanta no meio da noite, com sede. Ele anda pelos
corredores do hospital e percebe a dimensão da tragédia ocorrida. Várias
pessoas dormindo nas cadeiras, outras no chão, pois o calor era grande. Quanto
mais chovia, mais a temperatura aumentava. O garoto procura por um bebedouro,
sem sucesso.
Não muito longe dali, Susana desperta por conta de uma
goteira que fazia pingos caírem em seu rosto. Inquieta, ela não consegue dormir
e resolve ir até o quarto de Guga. Sai silenciosamente, sem acordar Jucy, que
tem sono pesado.
Marcus repara nas pessoas dormindo no chão: A tragédia foi
das grandes mesmo, que coisa horrível- Ele pula uma e continua andando até que
esbarra em alguém- AI!
Susana levanta o rosto: Eu não acredito...Você? Que azar
noturno.
Marcus sorri: Eu prefiro chamar de destino. Que bom que eu te
encontrei, Susana, nem consigo acreditar também. Preciso me explicar.
Susana lhe dá um tapa na cara: Isso foi por o que você fez
comigo hoje mais cedo, mas não precisa gastar sua saliva com explicação
inventada...Eu já devia ter desconfiado que você não valia nada. Como fui
idiota. Não gosto de generalizar, mas homem é tudo igual mesmo. Nunca vou
encontrar um que seja cavalheiro de verdade. Agora com licença...- Ela vai saindo.
Marcus a pega pelo braço: Espera aí, recifense, eu preciso me
explicar. Não é nada disso que você está pensando. Eu me diverti muito contigo.
Tive que te deixar porquê...Chegaram umas pessoas que não gostam muito de mim e
tive que fugir. O resultado você pode ver no meu braço engessado.
Susana o observa: Já disse que não quero ouvir explicações...
Marcus: Mas eu quero me explicar, e você vai ter que aceitar!
Escuta, Susana, você nunca vai achar um cavalheiro como nesses de contos de
fadas. Pessoas certinhas me dão sono. Eu gosto de quebrar as regras, e se não
fosse esse meu jeito torto, nós não teríamos aproveitado a noite como
aproveitamos mais cedo! Você acredita em amor à primeira vista?
Susana, furiosa: Eu não acredito em mais nada, nem em Deus se
duvidar! Hoje eu vi minha família sofrer muito, e meu irmão ter o braço
amputado, fora que nossa casa foi desmoronada, e não temos mais nada, nem ao
menos onde morar. Então não tenho tempo pra perder com as suas desculpas, ou
ouvindo você falar sobre si próprio. Eu tenho que...- Ela começa a chorar- Eu
tenho que criar forças, não sei de onde!
Marcus: E você acha que eu tô no hospital porquê? Também
estou passando por vários problemas, a começar pelo fato de eu ter que vir pra
Recife fugido! Você não sabe a importância que tem pra mim, Susana. Você foi a
primeira pessoa com quem falei nessa cidade...Você me encantou pelo tempo em
que conversamos. Eu falo isso com toda sinceridade possível... Acha que eu
deixaria uma moça tão linda como você na chuva de propósito?
Susana escorre as lágrimas: Eu tenho que ir. Procurar o
quarto do meu irmão. Tchau, Marcus...Tudo que posso fazer, é desejar boa sorte
pra você aqui em Recife e...Agradecer pelas palavras. Desculpa o nervosismo
também. Espero que você me entenda.
Marcus entra em sua frente: Susana, fecha os olhos.
Susana: Marcus, por favor não...
Marcus: Fecha, por favor- Ela o obedece- Não vou fugir,
prometo- Ele sai do corredor e vai até o jardim do hospital, onde colhe uma
rosa vermelha, depois, volta para lá e a entrega para a garota.
Susana abre os olhos: Uma rosa? Mas você não disse que não
fazia essa linha ‘certinha’?
Marcus: Uma rosa representa a paixão, o respeito, a devoção e
o mais puro amor. Você pode não acreditar, mas é isso que...- Susana o corta e
lhe dá um beijo, no meio do corredor.
Susana: Você fala demais, carioca- Ela sorri- E é mais sábio
do que eu pensava- Ela sai caminhando pelo corredor, com a rosa em mãos.
Marcus: A rosa não é tão bonita quanto você.
Susana se vira: Cuidado pra não quebrar o recorde de
cantadas, Marcus- Ela beija a rosa e anda até desaparecer no corredor escuro.
Cena
09- Mansão de Tião/ Interior/ Madrugada.
Alexandra e Liana saem do carro.
Alexandra: Torça para que o Tião não pergunte onde
estávamos...Ou então, seja bem criativa.
Liana ri: Criatividade é o meu forte, cunhada. Vou falar que
estávamos no cinema. Assistindo um filme onde duas mulheres tentam enterrar um
homem e...
Alexandra abre a porta: Eu tô falando sério, Liana! Tião
jamais pode saber sobre o que aconteceu nessa noite!
De repente, Tião acende a luz da sala.
Tião, sério: E o que aconteceu nessa noite, Alexandra?
As duas ficam imóveis.
Tião: Eu te fiz uma pergunta. O que de tão sério aconteceu
que eu não posso saber?
Liana e Alexandra ficam sem reação.
TERMINA
O CAPÍTULO 02.


Antes do comentário: estou gostando bastante!
ResponderExcluirAcho que soube equilibrar o drama e violência no capítulo. E ainda de forma humorada.
Gostei da tensão do Guga, as coisas só têm se complicado pra família de Susana... Pra ela também.
Acho que não shippo Susarcos. Talvez a outra formação me conquiste.
Enfim, está conduzindo bem a trama!
Que bom que está gostando, João, espero que continue. Sempre tento equilibrar as emoções, para não ficarem muito pesadas. Infelizmente para os personagens, o sofrimento só está começando.
ExcluirÉ bom que não shippe, aí não vai quebrar a cara.
Obrigado por comentar.
Coitado do Guga... Ainda bem que não aconteceu nada de muito grave com a Marcelina.
ResponderExcluirTô sentindo que vou shippar "Susarcos", gostei da cena de ambos no hospital.
E Alexandra é bem cruel, hein? Macabra a cena do banheiro do capitulo anterior... Já esperando suas próximas vilanias.
Parabéns, gostei bastante desses dois primeiros capítulos.
Ele está sofrendo muito, e com muita revolta também. A situação é bem triste mesmo.
ExcluirSusarcos ainda terá um momento bem romântico antes de...Bem, deixa pra lá.
Alexandra ainda não demonstrou 1% de sua crueldade, ela será bem malvada ao longo da web, na fase 2 principalmente.
Obrigado por comentar, Pedro, até os próximos capítulos!
Que situação do Guga. Alexandra além de assassina, é totalmente fria. Matou e enterrou o corpo. Que horror. E como sempre, você colocando uma comédia leve e gostosa. Parabéns pelo capítulo, Victor. Ficou ótimo e a trama continuou com a agilidade que mostrou no primeiro. Ansioso pelo próximo.
ResponderExcluirFrieza define muito bem a vilã de Elos, e olha que ela nem se " apresentou" direito. Comédia não podia faltar, e isso ficou por conta de Liana, que estava um pouco embriagada! Obrigado por comentar Gabriel, te espero nos próximos capítulos!!
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