quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Somos Tão Jovens/ Viva Teu Momento - Capítulo 07


Somos Tão Jovens, capítulo sete:

Cena 1. Clube - Cantina - Tarde

Guilherme e a namorada estão sentados à uma mesa da cantina, conversando.

Elis revela: Eu acho que o melhor pra nós dois, Guilherme, é que a gente termine.

Guilherme não entende: Como assim, terminar, Elis? Por que isso de uma hora pra outra?

Elis: Não é deixar uma hora pra outra - ela segura nas mãos do rapaz - Eu pensei bastante antes de tomar essa decisão, Guilherme. E nem é só pela gente, pelo muro que a gente instaurou nessa relação... É que tanta coisa tem acontecido, sabe? Primeiro foi aquela história repentina de irmã, depois meu pai que se acidentou, sem contar a pressão dos treinos... Parece que vida decidiu exigir tudo de mim num mesmo momento, sabe? E isso me mostrou que não tem mais espaço pra um namoro na minha vida! Eu não posso me dar esse luxo. Não nas linhas condições atuais.

Guilherme a questiona: E por que não, Elis? Por que é que você não pode se dar o luxo de ser uma adolescente normal, por uma vez na vida?

Elis é franca: Porque eu não sou normal, Guilherme! Porque minha família é complicada, minha vida é complicada... Eu sou complicada. É difícil de explicar, mas... Desde às músicas à maneira que eu penso, eu sou muito diferente de qualquer outro adolescente. Talvez eu seja mais madura, ou até mais imatura por não aproveitar essa fase da minha vida, mas... Eu não sou do tipo que se preocupa com o primeiro beijo, primeira vez, roupa que vai usar na festa... As circunstâncias não permitem que eu tenha esse tipo de preocupação.

Guilherme: Eu não sei por que, Elis. Não sei por que você não pode se preocupar com esse tipo de coisa. Talvez até seja fútil, mas... Mas qual o problema nesse tipo de futilidade? Ajuda a gente a crescer, a perceber que essas preocupações todas não passam de superficialidade... Por que com você não pode ser assim? Por que você tem que pular essa etapa tão boa?

Elis explica: Porque enquanto a vida dos outros exige que eles se adequem a esse padrão jovial, Guilherme, a minha exige que eu me torne adulta. A minha exige de mim uma responsabilidade, uma força, que eu não tenho. Mas que eu preciso aprender a ter pra poder lidar com o mundo, pra poder vivelr! Entende?

Guilherme: Eu queria, mas... Será que a gente precisa acabar com a nossa história por causa disso?

Elis lacrimeja: Precisa, Guilherme. Só o jeito que a gente pensa já é diferente! Enquanto você diz que eu preciso viver essa minha juventude, eu quero logo poder me livrar dela, pra aí poder amadurecer de verdade.

Guilherme insiste: E aquela história que todo mundo conta de que os opostos se atraem?

Elis limpa seus olhos: Não faz isso comigo, por favor. Já é difícil pra mim vir falar com você, mais difícil ainda é assumir tudo isso... Mas agora a gente tem que pensar no que aconteceu de bom. E tentar tirar alguma lembrança disso.

Cena 2. Casa de Olívia e Maurício - Sala Principal - Tarde

Olívia comenta: Eu tava vendo aqui uma receita deliciosa de um purê de mandioca salsa que leva queijo, Maurício... Pensei em fazer - mas é interrompida pela campainha, que toca.

Maurício segura nas rodas de sua de sua cadeira: Deixa que eu mesmo vou. Pode ser?

Olívia assente, e volta para o livro de receitas.

Maurício volta feliz, agora acompanhado de Lana: Essa é a minha esposa, Lana. Não sei se vocês se cruzaram no hospital... Mas merecem uma apresentação digna. Lana, Olívia. Olívia, Lana.

Lana tenta ser simpática: Prazer... – mas ela ainda está tímida – Eu espero que meu alojamento aqui não te traga problemas...

Olívia, que estava sentada na poltrona, se levanta, sorrindo: E não trará, querida. Vai ser muito bom pra você e o Maurício conviverem juntos, nem que seja por muito tempo. E pra nossa filha também, vocês devem ter quase a mesma idade.

Lana, surpresa: Quer dizer que eu tenho uma irmã? Uma... Meia irmã? É assim que se fala?

Maurício: Lá no quarto, que agora é de vocês duas, eu te explico. Vamos? – ele repara na bagagem da filha – Eu levaria suas malas até o quarto, mas depois do...

Lana não deixa que ele termine: Não se preocupa com isso, pai.

Tempo depois...

Maurício sai do corredor, rindo: Vida nova traz sempre um ar novo. Não é, Olívia?

Olívia palpita: Não sei... Achei ela meio sonsa...

Maurício, incrédulo: Eu não acredito, Olívia. Eu até entendia sua resistência no início... Mas ela já tá um pouco atrasada. Eu juro que pensei que você tivesse voltado a ser a Olívia que eu conheci, foi tão doce com a Lana...

Olívia: A Olívia que você conheceu, Maurício, existia antes de eu conhecer a segunda família do meu marido.
Maurício: Você insiste mesmo em voltar nesse assunto... Agora, eu vou pra consulta que eu marquei – diz abatido – E peço que você auxilie a Lana, por favor.

Cena 3. Apartamento de Guilherme e Ricky - Tarde

Ricky abre a porta. Mas para no umbral quando vê o irmão no sofá: Será que é muito invasivo perguntar o que aconteceu?

Guilherme o encara: O que aconteceu com quem, Ricky?

Ricky entra no apartamento: Como com quem, Guilherme?! Com você, né? Sei lá, não sei se é o astral que tá diferente...

Guilherme o corta: Para, que você não tem nada a ver com astrologia.

Ricky: Mas falando sério. Mesmo que a gente não tenha nada em comum... Cara, eu sou teu irmão. Você pode confiar em mim.

Guilherme se solta: É que eu a Elis... Nós terminamos. Hoje. Agora a pouco, pra falar a verdade.

Ricky se senta: E você tá mal assim por isso?

Guilherme se levanta: Definitivamente, não dá pra falar contigo, Ricky.

Ricky: Desculpa. Me diz logo motivo, não sei, tudo que as pessoas costumam perguntar... Sou péssimo com isso.

Guilherme tenta esboçar riso: Ela veio hoje com um papo estranho. Disse que o pai tinha se acidentado...

Ricky: Quer dizer que foi ela quem terminou o namoro?

Guilherme: E isso faz alguma diferença?

Ricky: Faz toda a diferença, Guilherme. Significa que ela é que tava descontente. Mas a desculpa foi essa? De que o pai se acidentou? - Guilherme assente, bufando - Não, ninguém termina o namoro por alguma coisa aconteceu do lado de fora, por alguma coisa não tenha nada a ver com vocês. Se a Elis quis terminar, é porque alguma coisa não tava dando certo... Mas o pai dela não pode ser uma desculpa.

Cena 4. Casa de Teodora - Tarde

Elis conversa com a amiga, no quarto dela: O pior é saber que eu menti pra ele. Que eu menti pra mim mesma... Porque no fundo, Teodora, no fundo eu sei que essa limitação do pai foi só pretexto pra isso tudo. Claro que te m um pouco de verdade, eu não daria conta das duas coisas... Mas aquelas palavras, aquelas palavras duras que eu tive que dizer pra ele e assumir pra mim, que criaram essa realidade. Como se elas tivessem esse poder, de criar essa realidade paralela.

Teodora está sentada: Criar essa realidade, e não só expressar o que a gente sente... Acho que eu te entendo. Mas e o Guilherme? Como é que ele ficou depois disso?

Guilherme, ainda no apartamento com o irmão, o responde: Depois de tentar, de verdade, entendê-la, eu desisti. Porque eu percebi que nem ela se entendia, que ela talvez estivesse mais confusa do que eu. Eu pelo menos fingi... Mas fingir que a ausência dela não vai doer, eu não consigo. É difícil demais imaginar a minha vida sem a Elis. Faz pouco tempo que tudo começou, eu sei, mas é como se fosse tão profundo quando recente, sabe?

Teodora aconselha à amiga, em sua casa: Você não tá sendo dura consigo mesma, Elis? As coisas não precisam ser assim tão complicadas. Você é que escolhe por qual lado quer ver elas... Quem sabe o lado oposto, o do seu namoro, te alivie de alguma forma.

Elis: Pros outros pode ser que esse teorema até funcione, Teodora. Mas comigo, não. Tudo que me cerca é muito complicado, de qualquer ponto de vista. E eu não seria justa com o Guilherme se cobrasse dele todas essas dívidas, que eu tenho que pagar.



Cena 5. Casa de Olívia e Maurício – Quarto de Elis – Tarde

Lana está se instalando: Eu ainda guardei pouca coisa numa parte livre do armário, parece que eu vou dividir o quarto com a outra filha do meu pai.

Elena, que fala com a amiga pela web, como combinado, é seca: Entendi...

Lana: O que é que tá acontecendo, Elena? Pensei que eu é que estivesse indisposta, mas você tá me vencendo de 10 a 0! Você tá me escondendo alguma coisa?

Elena: Não... Quer dizer... Eu não tenho nada que esconder. – gagueja.

Lana: Pois agora eu tenho certeza que tem sim alguma coisa, e você vai me contar agora! Vai, Elena, começa.

Elena: Eu vou falar sim, porque eu não posso ficar calada. Mas você jura que vai acreditar em mim? Eu sei da sua confiança desenfreada no Ethan...

Lana: E eu do seu ciúme desenfreado. Mas o que meu namorado tem a ver com isso? Ele aprontou alguma coisa?

Elena, sem jeito: Na verdade sim, Lana. Não é justo te esconder. A questão é que, a caminho do ensaio de mais cedo, eu vi o Ethan... Com uma garota.

Lana, indignada: E qual o problema nisso, Elena? Eu também tenho amigos homens... Normal.

Elena: Mas você não beija esses seus amigos, né, Lana?

Lana se choca: Será que você não confundiu ele com alguém, Elena? Convenhamos que o Ethan não é o cara mais bonito do mundo... Mas nem o mais feio. Não é difícil achar gente com o mesmo perfil dele.

Elena: Ah não, Lana! Você prometeu que acreditaria em mim!

Lana: Desculpa, Elena, mas essa história é, no mínimo, absurda!

Elena se estressa: Meu Deus, Lana! Você percebe que tá fazendo comigo o mesmo que fez com a sua mãe? A diferença é que agora, o Ethan é o Maurício – ela não permite que Lana responda – Agora eu vou desligar, tá ok, porque eu não sou masoquista a ponto de ficar aqui esperando os seus insultos.

E o faz. Lana não sabe em quem acreditar.



Cena 6. Hospital São Vicente – Consultório – Fim de Tarde

Maurício conversa com o médico que lhe está acompanhando.

Médico, animado: Você foi muito bem na fisioterapia, Maurício! Se continuar assim, logo consegue...

Maurício o interrompe: Por favor, doutor. Eu não gosto desse tipo de mensagem esperançosa... Não combina muito comigo. E como se já não bastasse o hospital pra me lembrar a todo o momento... Você sabe.

Médico: Mas eu tenho que te falar do seu quadro regularmente, Maurício. E a culpa não é minha se ele é bastante esperançoso. E você fez aquelas adaptações que eu recomendei pra sua casa?

Maurício afirma: Fiz pouca coisa. Mesmo com a casa grande, ela só tem um andar... Pelo menos com escadarias, eu não tenho que me preocupar. Mas tem outra coisa, uma dúvida, na verdade, que até agora eu não parei de pensar.

O médico: Bom, se eu souber te responder...

Maurício: Não é a sua área, eu sei, mas eu acho que não custa tentar, não é? Enfim, eu não sei se você soube, mas eu descobri que tenho uma filha recentemente. A mãe dela veio atrás de mim porque a menina tá doente, com leucemia, precisando de um transplante de medula. A mãe ficou de marcar o exame de compatibilidade, mas... Agora, doutor, agora que eu me acidentei... Que eu rompi a coluna...  – ele suspira, emocionado – Eu ainda tenho condições de ceder um esse transplante pra minha filha?

Cena 7. Casa de Olívia e Maurício – Fim de Tarde

Elis entra: Mãe? – ela não vê ninguém na sala, nem obtém resposta. Então, deduz que está sozinha.

No quarto de Elis...

A garota entra e encontra Lana, em frente à escrivaninha, usando fones de ouvido, ainda pensando no que foi digo por Elena. E as duas se assustam.

Elis: Quem é você?

Lana tira o fone, se lembrando do que o pai disse: Você deve ser a filha do Maurício e a Olívia...

Elis: Sim, mas... E você, quem é?

Lana: Eu sou a Lana. Também filha do Maurício.


Fim do sétimo capítulo.
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9 comentários:

  1. Lana e Elis! O que esperam pro encontro delas de amanhã?
    Também temos a continuação da cena de Maurício, com a resposta decisiva do médico.

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  2. Guilherme aceitou a separação? :O
    Eu achava que a Elis tinha que falar todos os motivos, mas as vezes é melhor evitar. Adorei a tirada que a Olívia deu no Maurício falando sobre a segunda família dele hahahahaha Elis sendo obrigada a dividir o quarto... isso pode mudar muito ela.

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    1. Sobre a separação, Guilherme talvez não aceita assim, tão facilmente. Mas a Elis agora tem outras preocupações, como a nova irmã.
      Vejo que você é TeamOlívia. Tento ser imparcial, mas... Coitado do Maurício!
      Obrigado por comentar!

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  3. Tomara que o Mauricio ainda tenha condições de ceder o transplante, sim. Ansioso pra ver como a Elis irá reagir nesse primeiro encontro com a meia irmã.

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    1. Também torço por ele e Lana, Pedro. E pelos restantes também.
      A reação inicial nem é ruim... Depois que as coisas se complicam.
      Agradeço o comentário!

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  4. Guilherme aceitando tudo... Bom, me surpreendi. Achei que ele fosse pirar. Torço que o Maurício consiga ainda fazer esse transplante. Ele parece está gostando dessa nova fase. Encontro das irmãs. Como será que isso vai terminar?! Ótimo capítulo, João.

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    1. Bom, o término da relação dessas duas ainda é desconhecido, mas o começo... Garanto que será bom.
      Já o término da relação de Guilis chegou, sim, talvez antes do esperado.
      Obrigado por deixar seu comentário, Gabriel!

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  5. O encontro das irmãs fecha esse ótimo capítulo. Elis terá mais conflitos do que já tem. Coitada. Ela me lembra a Ana de A Vida da Gente só que numa versão mais jovem.
    Guilherme foi mais comedido do que eu imaginava também.
    Bela trilha sonora!

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    1. Elis não está em uma boa fase da vida... A aparição da Lana pode piorar, sim.
      Sobre a semelhança com a Ana, acho que ambas são muito reféns do que sentem. O que gera mais complicações.
      Agradeço os elogios!

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