Cena 1. Apartamento de Marina – Noite
Marina: Tá bem, Lana, você quer que eu falo, eu falo. Falo tudo que eu escondi pra tentar te poupar, minimamente, de um sofrimento maior. O verdadeiro motivo dessa nossa ida ao Brasil, é a sua doença, filha - Marina chora, comovida - Nós estamos indo atrás de um transplante pra você, porque nem isso eu pude te dar... Nós estamos indo atrás do seu pai - conclui.
Lana, emocionada: Meu... Pai? - a menina cai no sofá - Mas eu nunca tive pai, mãe. Apesar de tudo, sempre fomos só eu e você.
Marina explica: Mas agora, com essa história de transplante... Eu não tinha mais o que fazer. Procurar o seu pai, Lana, foi a minha única alternativa.
Lana quer mais explicações: Mas desde quando eu preciso de transplante? E o meu pai, ele já sabia da doença? É tanta coisa pra perguntar, tanta coisa que eu preciso que seja respondida.
Marina: Eu só te peço calma, Lana. Calma, porque eu vou responder todas as suas dúvidas, suas questões... Eu só peço a sua compreensão, porque se eu te escondi o transplante...
Lana: Não, mãe. Deixa o transplante pra depois. Eu quero saber do meu pai.
Marina conta: Eu falei com o seu pai sobre o transplante... E só. Você não precisa se aproximar, se quiser.
Lana, contente: Mas eu quero, mãe! Eu quero saber quem ele é, quero que ele saiba quem eu sou. Ele perguntou de mim?
Marina mente: Na verdade, ele não demonstrou nenhum interesse em te conhecer, mas... Eu tenho certeza, assim que ele te vir, vai querer se aproximar.
Lana se decepciona: Quer dizer que meu pai que manter uma relação assim tão fria comigo?
Marina abraça a filha, balançando a cabeça: Eu sabia, filha, sabia que você iria depositar um monte de esperanças e depois se desapontar... Mas não precisa ficar assim. Essa nossa estadia vai ser temporária.
Dias depois...
Cena 2. Aeroporto – Manhã
Lana está sentada em uma cadeira, próxima de algumas malas, e ao lado de Elena: Pois é. Transplante, Elena. Parece que tá cada vez mais difícil me curar. É como se eu andasse de ré, sabe, me distanciando cada vez mais e mais dessa luz no fim do túnel.
Elena a conforta: E tá mesmo andando de ré. Mas num sentido bom. Pensa bem, você tá voltando pro seu pai, pro seu passado... Você vai recuperar uma relação que foi perdida.
Lana: Pode ser que sim, mas é mais provável que não. Você não viu o que a minha mãe falou dele. Quem me garante que ele não é o mesmo homem do passado? Quem me garante que ceder esse transplante, seja o primeiro e único ato de compaixão da vida dele?
Elena: Ninguém te garante que sim, nem que não. Isso é uma coisa que você vai ter que descobrir. Sem na reta guarda, se permite viver esse experiência, independente de doença, de transplante, ou de uma nova rejeição. Só respeita esse seu momento. Vive ele da maneira que tiver que ser vivida.
Lana lamenta: Você tem esse poder, de me tranquilizar. Não como eu vou viver sem você naquele lugar.
Elena: Do mesmo jeito que eu vou ter que suportar esse trópico que nos separará. Mas não se preocupa, eu vou estar sempre esperando sua ligações, viu? Talvez nós tenhamos algum problema com fuso no início, mas a gente logo se acostuma.
Marina aparece: Já fiz o check-in. Vamos? – ela recolhe duas malas, deixando a terceira para sua filha – Já estão anunciando o voo, meninas. Algumas horas dentro do avião não vão destruir ninguém, tá bom? Com toda essa tecnologia, vocês logo se falam.
Lana e Elena se encaram. Já chorando, elas se abraçam. Se despedem.
No Brasil…
Cena 3. Clube – Fim de Manhã
Elis está entrando no clube. Porém, é parada por Guilherme, que a esperava.
Guilherme a chama: Elis! Só aqui pra te encontrar, não é?
Elis admite: Talvez isso até tenha um pouco de verdade. Mas hoje em dia, tem uma ferramenta ótima pra esses casos de desencontro: celular.
Guilherme: Só que eu não queria só te ouvir – ele a puxa para perto, se escorando no muro – Eu queria te ver, queria te beijar – e o faz.
Elis o abraça: Sabe que, por mim, eu ficaria aqui uma eternidade? Te ouvindo, te vendo, te beijando... Mas eu acabei de chegar pra treinar. E agora que o Beto me perdoou, eu não quero ficar contra ele novamente.
Guilherme, curioso: Como assim, te perdoou?
Elis percebe o que falou: É só um problema que eu tive no dia do seu acidente, acabei não jogando... Não foi nada demais.
Guilherme: Mas por que é que você faltou no jogo? Não te entendo.
Elis: É que havia optado por ir te ver, no hospital, mas...
Guilherme não gosta: Eu não acredito, Elis. Você não podia ter feito uma coisa dessas, destruído uma chance dessas, por uma coisa tão banal.
Elis: Banal, Guilherme? Você vive se queixando do meu descaso contigo, e quando eu finalmente decido abrir mão de alguma coisa, viro alvo dos seus dardos?
Guilherme se redime: Não, Elis, é só que...
Elis completa: É só que nada do que eu faço fica bom pra você.
Guilherme a corrige: Eu ia dizer que você não precisava deixar esse campeonato de lado. Eu só pedia um pouco do seu tempo, não o peso dessa culpa enorme que agora eu tô sentido... Ainda bem que o Beto te aceitou.
Elis bufa: Eu já disse que tô atrasada, Guilherme. Depois a gente se fala.
Horas depois…
Cena 4. Casa de Olívia e Maurício – Começo de Tarde
Os dois almoçam. A tensão prevalece.
Maurício se levanta: Bom, agora que terminei, eu já vou indo pro aeroporto, antes que chova.
Olívia intervém: Você vai fazer o quê no aeroporto?
Maurício, surpreso: Como assim, Olívia? Eu não te falei ontem que a Lana vinha hoje?
Olívia se lembra: Você até falou, mas... Eu não esperava que você fosse buscar ela.
Maurício retruca: Nada mais natural quando se trata da minha filha, não é?
Olívia: Sou eu que te pergunto, Maurício. Será que é só pela filha?
Maurício: O que é que você tá insinuando, Olívia? Você nunca foi de fazer esse tipo de coisa.
Olívia provoca: Você também nunca foi de mentir. Aliás, eu pensava que não...
Maurício a repreende: Chega, Olívia. Eu entendo a sua revolta, mas essa notícia veio pra chocar todo mundo. Agora, se você prefere se afogar nesse mágoa, me desculpa, mas agora eu tenho duas filhas que precisam de mim - ele caminha em direção à porta.
Olívia o impede de sair: Não, não e não! Você não sai antes de responder minha pergunta, Maurício. Eu quero que você me diga. Você tem certeza absoluta de que não está indo atrás da mãe, e não da filha?
Maurício, indignado: Eu me recuso, Olívia. Eu francamente me recuso a responder esse tipo de pergunta.
Olívia, frustrada: SE RECUSA POR QUÊ, MAURÍCIO? Você, outra vez, acha que eu sou fraca demais pra aguentar a verdade, é isso?
Maurício: A única verdade aqui, Olívia, é que essa sua raiva ainda não passou. Não sei se é porque isso ainda é muito recente... Mas por isso não vou te dar ouvidos. Eu vou respeitar a sua vontade de se saturar com isso, mas eu não sou obrigado a fazer o mesmo. Agora eu vou, porque a minha FILHA deve estar me esperando - finaliza.
Cena 5. Clube – Cantina – Começo de Tarde
A jogadora de vôlei decide lanchar. Ela pega uma bandeja, mas não encontra nenhuma mesa livre.
Elis se dirige a mesa em que um rapaz está sozinho: Será que eu posso me sentar aqui, com você? Desculpa te incomodar com isso, mas parece que todo mundo resolveu pausar justo agora.
Zeca é simpático: Eu tô sozinho, mesmo. Pode ficar à vontade.
Elis agradece: Você não sabe como eu fico grata por isso. Sinceramente, com essa marcação acirrada do meu técnico, não há quem precise de exercícios.
Zeca parece desviar do assunto: Elis, não é?
Elis confirma: Sim, mas... Não sabia que eu sou assim tão famosa.
Zeca: Não, não tem nada a ver com isso. É só que... Eu sou o filho do Beto.
Elis, constrangida: Meu Deus, me perdoa. Eu não sabia que era seu pai, nem que o Beto tinha filhos…
Zeca: Não tem problema nenhum, juro. Acha que eu não sei da fama do meu temido pai? Ah, e sou só eu mesmo. Sem irmãos.
Elis: Eu também não tenho. Quer dizer, não tinha... Meu pai descobriu esses dias que tem outra filha, mas acho melhor deixarmos esse assunto pra depois. Agora, eu vou antes que o técnico das trevas sinta a minha falta – brinca.
Zeca: Mas foi bom conhecer a famosa jogadora de ouro. Mas a diferença entre você e meu pai, é que sua fama é positiva, viu?
Elis sorri, se levantando: E eu te chamo como?
Zeca estende a mão: Prazer, eu sou o Zeca.
Elis aperta a mão dele. E sorriem.
Cena 6. Ruas de Curitiba - Tarde
Maurício está em seu carro, a caminho do aeroporto. A chuva, acompanhada de neblina, é forte.
Ele então estaciona no primeiro lugar que encontra, já que não consegue ver o que está a sua frente. Mas um outro motorista da rua, também não e, sem querer, bate veemente seu carro no do pai de Elis.
O carro é arremessado pra pista. Ouve-se a buzina de um caminhão, que vem na mesma direção de Maurício.
Fim do quarto capítulo.


Elis e Zeca se conheceram. O que acharam do pré-casal?
ResponderExcluirAmanhã espero vocês para o capítulo 5, compensando o que não pude postar na quarta :)
Parabéns.
ResponderExcluirCapítulo excelente, parabéns.
ResponderExcluirCapítulo excelente, parabéns.
ResponderExcluirValeu, Luís Gustavo! Espero que acompanhe :)
ExcluirQue gancho!!!
ResponderExcluirContando as horas pro próximo capítulo hahahah
O acidente é a primeira guinada que nos leva a reviravolta. E o próximo capítulo mostrará algumas consequências dele.
ExcluirObrigado por deixar seu comentário, Pedro!
Lana está afim do Brasil, está sim. Eu entendo a Olivia, é horrível a sensação de ser enganada. Maurício tem seu lado, eu sei, mas basta.
ResponderExcluirZeca....(͡° ͜ʖ ͡°)
Coitado do Maurício :0
Estou chocada.
Todos tem seu lado... E todos sofrem por isso.
ExcluirZeca :D
Maurício sofrerá graves consequencias por conta disso... Quais o farão sofrer muito mais.
Obrigado por comentar!
Acho que a Olívia vai ficar se sentindo culpada depois desse acidente com Maurício. Já Elis pode se entrosar mais com Zeca, que parece ser bem solitário.
ResponderExcluirA vida da Lana também está passando por muitas mudanças, mas creio que a chegada dela no Brasil logo lhe trará coisas boas. E outras nem tão boas assim.
Mais um bom capítulo!
A reação dela será o oposto, Victor. Bastante oposta, na verdade.
ExcluirA vinda da Lana fará bem a ela sim, como também a outras pessoas. Mas tudo tem uma parte ruim.
Obrigado por estar acompanhando!