Cena 01- Delegacia/ Int./
Noite.
Marcelina e Suspiro chegam,
desesperadas.
Marcelina vai até o balcão: Cadê o
delegado? CADÊ MINHA FILHA?- Ela grita- Ligaram lá onde eu tô morando, dizendo
que ela foi presa, mas eu não entendi nada, e exijo saber o que tá acontecendo
com a Susana!
O delegado aparece: Calma, senhora,
não precisa fazer escândalo. Vamos até minha sala, e eu vou te explicar tudo.
Lá...                                                               
Marcelina pisca: Não, eu não entendi
o que o senhor disse. Minha filha assassinou um homem e foi pega com a arma no
lugar do crime? Acho que estamos falando de pessoas completamente diferentes.
Minha filha chama Susana Porto e Pompa. Essa assassina aí eu não sei quem é...
Delegado: Infelizmente não tem
confusão nenhuma, senhora. Pegamos a Susana no flagra, com uma arma, ao lado de
um corpo morto. Não há o que negar, ela assassinou um homem. E não era um homem
qualquer, e sim um dos mais grandiosos deputados de Recife. Tião do Povão.
Marcelina fica boquiaberta: O QUÊ?
ESCUTA, VOCÊ TÁ INSINUANDO QUE SUSANA MATOU ESSE HOMEM? ISSO É LOUCURA, MINHA
FILHA JAMAIS FARIA UMA COISA DESSAS, EU QUERO QUE LIBERTEM ELA JÁ!
O delegado continua falando em tom
baixo: Se controle, dona Marcelina, você não pode me contestar diante dos
fatos. Sua filha assassinou o deputado Tião, e temos muitas provas para poder
afirmar isso. Ela agora está presa, e vai ficar assim até segunda ordem.
Lamento te falar isso, mas provavelmente ela não vai sair mais, a menos que
seja absolvida no julgamento. A cena do crime foi evidente.
Marcelina se desespera: Porquê minha
filha iria fazer isso? Ela não tinha motivos. Armaram isso pra Susana, fizeram
mal pra ela, eu conheço o caráter da minha filha e posso afirmar isso mais do
que você. Delegado, você não pode contestar os fatos ditos por uma mãe. Tira a
Susana dessa cela, pelo amor de Deus- Ela chora- LIBERA MINHA FILHA, ELA É
INOCENTE! FOI TUDO UM MAL ENTENDIDO.
Delegado: Mal entendido? Eu prefiro
chamar de crime, dona Marcelina. Os motivos dela eu ainda não sei quais são,
mas vou descobrir. Agora as senhoras já podem se retirar, porquê vamos avisar a
família do deputado sobre o assassinato dele. Tião era uma figura de muito
valor por aqui, posso garantir que Susana será alvo de ódio de todos pelo que
fez. 
Marcelina o agarra pelo colarinho: EU
NÃO VOU SAIR DAQUI ENQUANTO VOCÊ NÃO TIRAR MINHA FILHA DESSA CADEIA!!
Delegado: Saia ou a senhora vai ser
presa também- Suspiro a contém- Amanhã estará autorizada a visitar sua filha,
mas hoje o horário de visitas já acabou- Ele abre a porta.
Marcelina escorre as lágrimas: Deixa
eu visitar a minha filha hoje, abre uma exceção, delegado, ela deve estar
traumatizada com essa confusão toda, sozinha, pensando mil coisas...Deixa eu ir
confortar a Susana, pelo amor de Deus, seja humano, entenda os sentimentos
dela! E os meus. Eu sou mãe.
O delegado não se comove com as
palavras: Saiam as duas, eu não vou pedir de novo. E não venha abordar os
sentimentos no seu discurso comovente. Sua filha foi muito fria, como toda boa
assassina, aliás. E ainda ficou chorando na cela. É uma típica psicopata.
Marcelina pega seu terço: Deus vai
fazer você pagar por essas palavras. Ele não vai deixar minha filha
desamparada. A justiça vai vir mais cedo ou mais tarde. A JUSTIÇA VAI VIR- Ela
e Suspiro saem.
Suspiro a conforta: Comadre, vamos
pra casa. Poupe os gritos. Não tem nada mais pra se fazer aqui. Amanhã, com a
cabeça mais fria, vamos poder raciocinar e achar uma solução pra essa
barbaridade que fizeram com a Susana.
Marcelina, já com o rosto todo
molhado: Minha filha não pode dormir numa cela suja e fria, sem apoio algum,
sem uma estrutura, Suspiro. Ela precisa de mim- Ela sai correndo e tenta passar
os guardas para ter acesso a parte das celas- SUSANAAAAAAAA! SUSANA, FILHA! SUSANA!-
Ela desaba, no chão- Quem fez isso com você...
ELOS- CAPÍTULO 10-
ESPECIAL.
Roteiro: Victor Morais.
Cena 02- Suspirela/ Int./
Cozinha/ Noite.
Jucy, indignada: Eu não acredito
nisso, Suspiro. Estão acusando a Susana de assassinato?! Mas essa história é
absurda, qualquer um que conhece minha irmã pode falar que ela jamais faria
isso! Isso tá muito mal explicado, as peças não se encaixam.
Suspiro prepara chá: Nós sabemos
disso, e a comadre Marcelina aposta que alguém fez isso pra prejudicar a
Susaninha...Ah, gente, é um pesadelo dos fortes. Vamos tentar dormir. Vou levar
esse chá pra comadre, ela está mais que abalada. Está mórbida.
Peninha: E ainda acusam ela de matar
o Tião do Povão. O clima na mansão deve estar horrível...Engraçado que, justo
hoje, Liana nos dispensou mais cedo- Ele pensa um pouco- Que dia terrível.
Guga, cínico: Minha irmã vai sair
dessa, e o verdadeiro culpado vai ser encontrado- Ele olha para Marcus, que
desvia o rosto- Boa noite a todos.
FLASHBACK.
Liana: Já que você está disposto a nos ajudar, rapaz, vai ter que seguir
tudo o que falarmos. Finalmente achamos alguém que vale a pena. Uma pessoa do
nosso patamar, que não chora a cada palavra que diz.
Guga: Podem me chamar de tudo, menos de mole. Faço o serviço que
quiserem, desde que eu ganhe meu dinheiro. Sou assim. Sem limites. Isso soa
superficial, mas eu falo sério. Na minha opinião, não deveriam existir limites.
Só para os fracos.
Alexandra ri: Ótimo, então você vai ligar pra polícia dizendo que passava
em frente a mansão de Tião quando ouviu tiros. Só isso. Simples e rápido.
VOLTA A CENA.
Peninha observa Marcus: Você tem
alguma coisa pra compartilhar comigo, Marcolino? Saiu correndo hoje do serviço,
sem dar explicação...
Marcus: Eu não tô em condições de
falar sobre hoje, Peninha. O que aconteceu com a Susana está me fazendo sofrer
muito. E nessas horas, as palavras não saem nem que a gente queira...- Ele sai
andando.
Na cadeia...
Susana tenta dormir, mas não
consegue. Ela tem lembranças da cena do assassinato, que lhe atordoa. Está sozinha
em uma cela escura. A aspereza do local contagia sua alma. Barulhos incomuns a
deixam assustada. O mesmo acontece com Marcus, todavia ele está confortável e
em segurança, mas com um enorme peso na consciência que não lhe permite
desfrutar de nada, apenas remoer os fatos.
Cena 03- Mansão de Tião/Int./
Quarto de Alexandra/ DIA SEGUINTE.
Alexandra está toda trajada de preto,
se olhando no espelho: Tem uma multidão lá fora esperando um pronunciamento
meu...Todos ‘órfãos’ de Tião. Até parece que se importavam mesmo com ele. Só
com o dinheiro que ele doava, isso sim. O ser humano é terrível mesmo- Ela ri.
Liana a olha: Não vá falar demais, ou
pode soar exagerado. Dose bem as palavras. A partir de agora, estamos entrando
em uma arriscada etapa nas nossas vidas. A do pós-assassinato. Qualquer coisa
pode nos comprometer.
Alexandra: Mas já subornamos gente
demais a nosso favor, ninguém suspeita, nem de nós, nem do Marcus... Falando
nele, posso me dizer surpresa com o comportamento do rapaz. Mostrou ser um sangue-frio
mesmo. O tal do Guga também. Temos muitos aliados.
Liana: Mas temos que saber selecionar
os que podem nos agregar algo. Marcus é muito instável pra mim, e eu espero que
ele não estrague tudo por conta da paixão pela Susana. Com essa moça na cadeia,
teremos segurança.
Alexandra: Não acha melhor mandarmos
matar ela? Afinal, Susana ainda é filha de Tião. E se a mãe dela resolver abrir
a boca? É um grande risco.
Liana pensa: Melhor não. Vamos deixar
a Susana viva por enquanto, mas caso seja necessário, mandamos aniquilar ela.
Agora vamos descer, lembre-se de chorar. Isso comoverá a imprensa e o
público. E lembre-se também que- Elas ficam cara a cara- Somos parceiras nesse
crime. Cuidado.
Alexandra desce as escadas e vai até
o jardim da mansão, que estava lotado. A população declarava luto, e
manifestava o sentimento com canções em homenagem ao deputado, mas também
cartazes, bandeiras, e tudo mais que se podia imaginar. Os jornalistas
registravam o simbólico momento. Um marco para Recife. Quando a mulher do
falecido surge na varanda, todos se calam, em respeito.
Enquanto isso, os jornais vendiam
como água. As apelativas manchetes chamavam a atenção de qualquer um que
passasse pela banca. Frases tais quais HERÓI
RECIFENSE, TIÃO DO POVÃO É ASSASSINADO.
- MORRE O DEPUTADO TIÃO DO POVÃO.
- TRAGÉDIA: TIÃO DO POVÃO É MORTO COM FACADA E TIRO. ASSASSINA ESTÁ PRESA.
-RECIFE ENTRA EM LUTO APÓS MORTE DE
PERSONALIDADE LOCAL. 
Até o presidente havia se manifestado sobre o
ocorrido: ‘ Covardia. A assassina
precisa ser severamente punida’. 
Alexandra termina o discurso:...E
seja onde meu querido Tião estiver, eu gostaria de dizer que a justiça vai ser
feita. Mataram um benfeitor por pura inveja. Mas isso não ficará em vão. Tião,
eu te amo- Ela olha para o céu e estende os braços- Recife te ama! Não sei se
vou superar um dia, mas tá doendo, tá doendo muito!
As palavras recebem aplausos, mistos
de choro, saudade e muitas homenagens ao deputado. Alexandra sai, simulando um
choro. Ela passa pelos empregados, todos cabisbaixos. Gordênia, no entanto, olha para Liana,
apavorada. Peninha ainda desconfia de tudo, já Marcus nem ao menos se mexe.
Cena 04- Cadeia de Recife/
Int./ Saleta de visitas/ Dia.
Susana e Marcelina trocam olhares
tristes, estão de mãos dadas.
Susana: E o Marcus? Por quê não veio?-
Ela soluça.
Marcelina conta: Ele teve que
trabalhar, e está muito abalado com tudo, aliás, todos lá da pensão não
conseguem entender como você veio parar aqui, nem acreditam nas acusações.
Susana: Uma mulher, mãe. Uma mulher
chegou na pensão dizendo que precisava falar comigo, não sei quem era.
Elegante, alta, morena. Deixei entrar. Pouco depois, a sujeita apontou uma arma
pra mim, queria que eu entrasse no carro dela. Quando eu tentei fugir, ela me
deu uma coronhada, e aí eu caí no chão e acordei na mansão, do lado de um
corpo. O corpo desse deputado, Tião do Povão. Não cometi crime nenhum,
mãe...Ainda nem entendi por que fizeram comigo! Eu tô apavorada.
Marcelina: Não precisa reafirmar que
não cometeu o crime, eu acredito totalmente na sua palavra, e agora que me
contou isso, tenho certeza que tudo não se passou de uma armadilha, filha. Eu
prometo que vou descobrir quem fez isso contigo.
Susana reflete: Tão me odiando lá
fora, não é?- Ela chora- Recife inteira amava o deputado, e de repente ele é
assassinado. Meu nome já é sinônimo de repúdio local. Pode falar. Até aqui dentro
da prisão já me ameaçaram. 
Marcelina: Não é hora de se importar
com o que os outros pensam, filha. O mundo inteiro pode te chamar de assassina
que eu vou continuar do seu lado, te apoiando, e me empenhando em descobrir
quem fez isso! Deus vai me ajudar, Susana, ele vai te tirar dessa situação.
Seja forte. Eu sempre te dizia isso, mesmo quando você passava por pequenos
problemas. Então agora, seja forte em dobro. Aguenta firme, a gente ainda vai
sorrir juntas.
A carcereira entra: Acabou a hora do
choro- Ela se aproxima- Se despede logo e vamo
voltar pra cela.
Susana se levanta: Eu vou ser forte-
Elas se abraça- Mas eu não vou resistir sozinha. Promete que vem me visitar?
Você e os outros. Eu...Amo todos.
Marcelina promete: Eu vou vir sempre
quando for dia de visita. Mas, nos outros dias, não vamos poder nos ver, não
vou poder te acalentar, nem segurar nas suas mãos. Só que isso não vai impedir que
a gente fique juntas- Ela tira uma medalhinha do pescoço- Esse vai ser nosso
elo- E então a coloca no pescoço da filha- Reza por mim e pela nossa família
toda noite, eu vou fazer o mesmo, e aí a gente vai poder se sentir juntas.
Reza, filha. Eu ainda vou entrar nessa sala de visitas com um sorriso no rosto
e uma boa notícia.
Susana é levada pela carcereira, ela
se vira por um instante e olha para a mãe, que se mantém em pé. A jovem beija a
medalhinha e é levada para a cela novamente.
DIAS DEPOIS...
Cena 05- Suspirela/ Int./
Sala/ Dia.
Marcelina chega. Suspiro vem da
cozinha ao seu encontro.
Suspiro, preocupada: O que o advogado
disse, comadre? 
Marcelina demora pra responder:
Ela...Vai a julgamento. O advogado me disse que não havia escapatória pra isso.
A data está marcada. Contagem regressiva...- Ela se senta no sofá- Até agora me
sinto uma inútil. Não descobri nada sobre a tal mulher que Susana me
falou...Aliás, nem passa por minha cabeça quem possa ter feito uma coisa
dessas.
Suspiro, com delicadeza: Já pensou na
possibilidade de alguém saber da paternidade da Susana?
Marcelina se lembra de Guga: Uma
história não se conecta a outra, comadre. Esse quebra-cabeças tem muitas peças
que eu desconheço. Só sei que minha filha é vítima, mas vou ter que ser
realista, ela tem poucas chances de ser absolvida. O morto era figura
importante por aqui, todos eram iludidos por seus discursos, o povo idolatrava
ele, como fosse um herói. O que me resta é ter compaixão pela Susana. E lutar
pra salvar ela.
Marcus entra na sala.
Marcelina o olha: Ainda não foi
trabalhar?- Ela pigarreia- Achei que dessa vez você iria comigo ver a Susana.
Ela está há duas semanas presa, e você nem fez questão de mostrar interesse em
uma eventual visita. Que amor é esse, Marcus? Vocês ainda estão noivos, ela
está grávida, lembra? Mais frágil impossível.
Marcus, mexido: Você deveria me
entender, dona Marcelina. Não posso sair no horário de visitas, não é simples
assim como está sugerindo. Eu tenho trabalho fixo, diferente de você. Queria muito mas...
Marcelina: Mas não parece que você
quer ver a Susana. Cadê o interesse? Cadê o sofrimento? Cadê a saudade? Ou você
esconde muito bem os sentimentos, ou simplesmente não os tem. Isso é
decepcionante. Se quisesse mesmo ver ela, já teria intermediado com seu patrão.
Aliás, quem é seu patrão? Você nunca me falou onde trabalhava...
Marcus: Eu não te devo satisfações, e
se não acredita no meu amor pela Susana, o problema é seu!
Marcelina se levanta: Eu tenho
motivos pra não acreditar. Com bandidos a gente tem que sempre agir assim,
desconfiando- Eles se encaram. Marcus sai.
Um pouco depois, na
mansão de Tião...
Alexandra reúne Liana e Marcus no
escritório da mansão.
Alexandra os instrui: Agora que a
poeira em torno da morte do Tião aparentemente baixou, nós temos que nos
preocupar com o julgamento da Susana. Todos nós fomos convocados pra dar os
depoimentos no tribunal, e eles tem que ser coerentes, ou irão perceber os furos.
Liana: O mais fácil seria subornar o
juiz, como fizemos com Gordênia e o detetive Rouxinol. Não gosto de usar essa
tática, mas é a mais apropriada.
Alexandra nega: Nesse caso não
funcionaria, Liana. É algo bem mais importante. Com Gordênia e o detetive é
fácil de se lidar. Já um homem de porte jurídico...Vamos inventar uma história
que prove que Susana tinha motivos para assassinar Tião. Vou anotar todos os
detalhes para ver se eles batem com a cena do crime.
Marcus: Não quero fazer parte da
elaboração dessa mentira. Me deixem fora dess...
Alexandra grita: PARA COM TANTO
DRAMA!- Ela o pega pelo braço- Já me cansei de você se lamentando porquê aquela
infeliz foi presa!! Agora não tem mais como voltar atrás, a Susana tá
praticamente condenada. Selamos uma união e você tem que participar de tudo que
fizermos, não importa que seja pra atingir sua ex-noiva ou não. Já tô perdendo
a paciência com esse seu jeito, é melhor mudar e assumir sua identidade de vez
ou eu acabo com você, Marcus. Não é difícil se livrar de uma pessoa do seu
nível.
Peninha passa pelo corredor: Ouvi a
voz do Marcolino aqui- Ele começa a escutar a conversa do trio através da
janela entreaberta.
Marcus se solta: EU É QUE CANSEI DE
PARTICIPAR DISSO TUDO! EU ME SINTO SUJO POR DENTRO, COM REMORSO POR VER A
SUSANA NA CADEIA POR UM CRIME QUE EU COMETI! Aliás...NÓS COMETEMOS.
Liana: Não precisa ficar falando que
nós incriminamos a Susana em alto e bom tom. Saiba usar de entrelinhas. Mas a
Alexandra tem razão, uma vez na vida ao menos. Você precisa esquecer o amor que
teve pela Susana. Passou. Agora vamos enriquecer muito, e pode ter certeza que
você não vai ficar de fora, embora merecesse por estar se comportando como um
bebê. Senta aí, vamos planejar qual história contaremos ao juiz...
Marcus se senta. Ele respira fundo.
Peninha, horrorizado: Não acredito no
que eu acabei de ouvir- Ele engole em seco- O
Marcolino não pode ter feito isso...Não pode.
É CHEGADO O DIA DO JULGAMENTO DE SUSANA.
Cena 06- Tribunal de Recife/
Int./ Tarde.
Susana senta-se ao lado do advogado
público que Marcelina conseguira para defende-la. Do lado de fora, a imprensa
se instala e alguns conseguem entrar com permissão para acompanhar o
julgamento de dentro. O evento era esperado por praticamente toda a cidade. 
Segundo vários
jornais, ‘ o povo clamava pela condenação da assassina do herói da cidade’. O
juiz chega. Algumas pessoas haviam sido chamadas para serem testemunhas, dentre
elas Alexandra, Liana e Gordênia na parte da acusação, e Marcelina, Marcus e Guga na defesa. Eles tinham sido convocados por conviverem dia a dia
com Susana, ou por terem alguma ligação com Tião.
O juiz pronuncia as palavras essenciais.
O advogado de Alexandra, que estava mancomunado com ela em suas mentiras, logo
a chama para depor.
Alexandra, após o juramento de “
dizer apenas a verdade”, se senta na cadeira para começar o depoimento. Susana
arregala os olhos ao vê-la.
Susana se levanta: FOI ESSA MULHER-
Todos prestam atenção nela- ESSA MULHER ME SEQUESTROU NO DIA DO CRIME, FOI ELA!
Marcelina repara em Alexandra: Então
foi ela...
Alexandra franze a testa: Eu não sei
do que essa moça tá falando. Posso começar meu depoimento, senhor juiz?
Juiz: Por certo. E quanto a
senhorita- Ele se vira para Susana- Sem escândalos no tribunal. Fale apenas
quando for a sua vez.
Alexandra começa: Essa moça eu só
conhecia de vista mesmo. Mas Tião tinha me falado sobre ela uma vez, pouco
antes de morrer. Era uma louca- Ela sorri- Susana perdeu a casa onde morava com
a família e foi pedir ajuda para o meu marido. Vocês sabem que ele ajudava toda
a população. Pois bem, Susana foi pedir ajuda a Tião e ele ofereceu um barraco
a ela.
Susana se revolta: Isso é uma
completa menti...- Ela olha para o juiz e se cala.
Alexandra: Prosseguindo. Susana não
queria um barraco, e sim uma casa. Tião não era um bilionário para dar uma casa
a todos os desabrigados, então ela se revoltou e chegou a ameaçar o meu marido
dizendo que ele havia estuprado ela, vejam que absurdo! Depois disso, passou a
perseguir ele, como uma maníaca. Pensamos em ir denunciar ela pra polícia,
porquê além de tudo ela se insinuava para Tião. Aí ela sumiu por uns dias. E
depois aconteceu o que aconteceu.
Pouco depois, Liana dá seu
depoimento.
Liana:...Tião me confidenciou que
tinha uma jovem perseguindo ele, exigindo uma casa. Disse que ela chegou a
tirar a roupa, tentando seduzi-lo. Mas Tião era fiel a Alexandra. Não cedeu...-
Ela continua falando.
Susana fica chocada com as invenções,
ela treme de raiva, mas se apoia espiritualmente na medalhinha dada pela mãe. Marcelina se
contém para não avançar para cima das que acusam sua filha, Suspiro controla a
comadre, juntamente com Jucy. Guga observa a situação, sem esboçar reação. Bem
como Marcus.
Gordênia faz o juramento e inicia a
fala: Bem, o seu Tião sempre conversou muito comigo. E teve um dia, entre um
café e outro- Ela olha para Susana, que tenta não chorar- Que ele me
confidenciou que estava sendo perseguido, e tinha muito medo de a tal Susana
manchar a imagem dele...- Ela continua com a mentira, falando sempre
pausadamente, enquanto troca olhares com Alexandra, Liana e Susana, de quem tem
extrema piedade.
Chega a vez das testemunhas de
defesa. Marcelina é a primeira a ser convocada depois das palavras do advogado.
Marcelina olha para a Susana: Tudo
isso que falaram sobre minha filha foi uma completa invenção. Sou mãe dela e a
pessoa que mais conhece Susana nesse mundo. Ela é honesta, batalhadora. Sempre
fez questão de se preocupar com a nossa família, principalmente depois da morte
do meu marido, Irineu. Sim, perdemos o nosso barraco por conta da chuva, e ela
foi procurar ajuda com o tal Tião e...
O advogado de acusação interrompe
ela: Mas que falta de coerência. Então admite que Susana foi mesmo procurar
Tião, logo sua primeira sentença já perde a validade!
Marcelina, enraivada: Ela foi
procurar o Tião mas não se insinuou pra ele e muito menos o perseguiu! Essa
história é incoerente e mentirosa!
O advogado retruca: Como sabe que ela
não se insinuou? Estava com sua filha? QUEM ESTÁ SENDO MENTIROSA AQUI?!
Marcelina: EU CONHEÇO O CARÁTER DA
MINHA FILHA! ELA É INOCENTE!
Após o depoimento de Marcelina, o
advogado de defesa chama Marcus.
Marcus dá lentos passos rumo à frente
do tribunal. Ele olha fixamente para Susana, sendo que essa faz o mesmo com
ele. O coração do rapaz acelera. Ele passa por Alexandra e Liana, que mantém a
seriedade.
Marcus coloca a mão sobre a bíblia: Juro
pela minha honra dizer toda a verdade e somente a verdade- Ele engole em seco e
volta a encarar Susana.
Tensão.
Cena 07-  Tribunal de Recife/
Int./ Tarde.
O juiz balbucia: Pode começar,
Marcus.
Marcus fica cabisbaixo. O tribunal
está em silêncio. Marcelina cerra os olhos ao observar o rapaz. Os pelos do
braço arrepiam. Peninha tem um mal-estar, ele se lembra de quando Marcolino
jurou a mãe que iria se regenerar. Marcus ergue a cabeça na direção da jovem
julgada e, inesperadamente, sorri. Um sorriso maligno, debochado, com ar de
superioridade. Ele toma a voz.
Marcus: Eu e Susana namoramos e eu
cheguei a pedir ela em casamento. Isso tudo até eu descobrir que ela estava se
insinuando para Tião. Eu achava que Susana era dócil, bondosa, uma garota
normal. Mas quando fui me dar conta, ela era uma verdadeira psicopata. Uma
psicopata, senhores- Ele se vira para todos. Susana não sabe o que dizer- Ela é
culpada por esse assassinato, não tem posse de suas faculdades mentais.
Alexandra sorri: Eu sabia que o
verdadeiro Marcus iria surgir, Liana.
Peninha não acredita no que escuta: O
que o Marcolino tá dizendo?!
Marcelina bate o pé no chão: Eu
sabia! EU SABIA! Ele não amava minha filha de verdade, e aposto que está
envolvido nesse golpe todo, comadre. Esse Marcus nunca deixou de ser um bandido
ganancioso, que usou a Susana e agora está revelando quem é de verdade. Tirou a
máscara. Na frente de todos. E vai se sair de vítima.
Marcus continua: Susana matou Tião.
Acabou dormindo no local do crime, sei lá, mas foi presa. E merece ser
condenada. Ela o matou simplesmente porquê sua ambição era maior que tudo. Seu
descontrole também- Ele se levanta e sai, terminando o discurso.
Susana fica estática. O advogado que
a defendia também. Ambos esperavam um depoimento completamente diferente.
Marcus olha para todos da Suspirela,
que estavam em uma fileira só. Ele se vira e senta-se em outro lugar.
Marcelina se levanta: VOCÊ VAI PAGAR-
Ela se dirige a Marcus, chamando a atenção dos presentes- VOCÊ VAI PAGAR POR
TUDO, SEU MONSTRO!
O juiz interrompe: Contenha-se ou
será retirada daqui, senhora- Ele se recompõe- Que seja chamada a última
testemunha de defesa. Gustavo Porto e Pompa.
Guga se levanta e passa pela família.
Marcelina pega em sua mão.
Marcelina suplica: Você sabe o que
dizer, não é, meu filho? Seja honesto.
Guga se agacha: Mãe, talvez essa seja
a última vez que vamos nos falar. Mas saiba que não me arrependerei de nada.
Nada. Tchau- Ele sai.
Suspiro estranha: O que ele quis
dizer com isso, comadre?
Marcelina nada fala.
Guga faz os juramentos, ele começa o
depoimento: Minha irmã sempre teve muitos problemas psicológicos. Quando a
gente perdeu tudo, ela quase enlouqueceu. E Susana nunca foi de ter paciência.
Foi assim com Tião. Ela...Não teve paciência com ele, só que dessa vez, foi
pega no flagra.
Marcelina desmaia ao ouvir as
palavras.
Suspiro, desesperada: COMADRE,
COMADRE FALA COMIGO- Peninha ajuda a levantar a mulher. Um rebuliço se forma.
Juiz: ORDEM! ORDEM NO TRIBUNAL! Vamos
fazer um recesso de 15 minutos e darei a sentença final. Já ouvi o suficiente-
Ele e os outros do júri saem.
Susana é levada por policiais. Ela
passa por Guga.
Guga a analisa: Desculpa, irmã. Fiz
isso por mim mesm...- Susana cospe na cara dele e sai, acompanhada.
Peninha dá água para Marcelina, Jucy
a abana e Suspiro tenta acordá-la. Marcelina reage. Liana, Alexandra e Marcus
passam por ela, como que apreciassem a situação.
Marcelina, ainda fraca: Jucy, pega
meu terço, vamos rezar...
Jucy contesta: Não está na hora, você
tá fraca, mãe. Melhor sairmos daqui.
Marcelina recupera os sentidos: Não
tem hora pra rezar. A minha fé vai salvar a Susana, eu acredito nisso- Ela
fecha os olhos.
Cena 08- Tribunal/ Int./ Dia.
O juiz retorna e todos se sentam
novamente. Susana não para de olhar para Marcus, que não consegue encará-la.
Juiz: Diante de todo o exposto nesse
tribunal, é evidente que a ré possui evidentes problemas mentais- Ele olha para
Alexandra- Mas que não chegam a tanto para ser necessária uma solicitação de
internação. As provas e o flagra são evidentes. As versões tanto da acusação,
quanto da defesa, me fazem concluir que Susana Porto e Pompa é culpada pelo
crime.
Susana novamente se agarra a
medalhinha dada pela mãe.
Juiz: Condeno então Susana à 18 anos
em regime fechado pelo homicídio doloso de Tião Friebe. Eis a sentença- Ele se
levanta- Fim do julgamento.
Alvoroço total. Marcelina sai sem
rumo, enquanto as pessoas vão embora. Susana é cercada pelos policiais. Não
está chorando. Alguns tentam atingi-la com objetos e vaiam a moça, chamando-a
de “ louca”. Pouco depois, a cidade inteira já espalhava o dizer de que “ uma aloprada tinha assassinado Tião”. Suspiro, Jucy e Peninha se desesperam. Alexandra
coloca os óculos e sai, com Liana.
Marcelina se aproxima de Alexandra e a pega pelos cabelos: CACHORRA- Ela joga a mulher no chão- BANDIDA!
VAGABUNDA! GOLPISTA!- Os jornalistas se aproveitam para registrar o momento-
VOCÊ AINDA VAI PAGAR POR O QUE TÁ FAZENDO COM MINHA FILHA! VOCÊ E TODOS OS OUTROS!
VÃO SE ARREPENDER- Ela chuta Alexandra.
Alexandra, sangrando: SOCORRO! A MÃE
É LOUCA TAMBÉM- Ela tenta se defender- ALGUÉM ME AJUDA!
Os seguranças retiram Marcelina, aos
gritos. Ela está roxa. Alexandra fica furiosa, enquanto Liana faz um pequeno
esforço para levantá-la.
Na saída do tribunal, Susana é alvo
de manifestações, mas não parece estar preocupada. Pior, ela não parece estar
ali. Até que Marcus surge em sua frente, no meio do tumulto. Os dois ficam
frente a frente de novo. Susana para de andar e o
observa. Marcus tem uma lágrima no rosto. 
Susana se aproxima e...
TERMINA O CAPÍTULO 10 (ESPECIAL).

Ótimo o capítulo com o júri! Sem palavras pra esses depoimentos. Mas Marcus é realmente o pior. Enquanto os outros criminosos assumem o que fizeram, ele sempre tenta dissimular. Como se fosse a grande vítima das circunstâncias... O que me dá raiva.
ResponderExcluirAchei a Marcelina mais controlada, e gostei. A única que acredita na filha verdadeiramente.
Obrigado João, que bom que gostou!
ExcluirMarcus e Guga foram muito cruéis, e surpreenderam a todos! Ele inclusive deu um maléfico riso para Susana.
Marcelina jamais desacreditaria de Susana e seu sentimento de mãe foi um dos pontos altos para o capítulo ter sido forte! Gosto de trabalhar com isso.
Obrigado por comentar, João!
Que dó da Susana :(
ResponderExcluirÓdio do Marcus e do Guga.
Marcelina chutando Alexandra o melhor. Espero que ela leve outras surras hahahah
E como ficará agora a relação entre o Peninha e Marcus?
Susana, Marcus, Guga e outros selaram seus destinos nesse capítulo decisivo. Daqui pra frente começará uma nova fase!
ExcluirMarcelina se enfureceu e creio que muitos fariam o mesmo com Alexandra. A vilã vai sofrer sim, não se preocupe, até porquê se ela só se der bem, fica chato!
Peninha e Marcus: Tocou num bom ponto. A resposta pra sua pergunta está no capítulo 11, Pedro! Obrigado por comentar Elos!
Coitada da Susana. Pagando por um crime que não cometeu. Que imunda essa Alexandre. Amei a Marcelina chutando a Alexandra. Que a Marcelina arrebente a vilã. Os depoimentos ficaram ótimos. SUSANA SE APROXIMA E?????! Você sempre nos deixa curioso. :(
ResponderExcluirÓtimo capítulo, Victor.
Alexandra realmente foi bem cruel, Gabriel, e acabou levando essa pequena punição de Marcelina. Pelo visto todos gostaram da atitude da matriarca dos Porto e Pompa.
ExcluirSusana se aproxima E... A resposta está no capítulo 11! Obrigado por comentar, e desculpe te deixar curioso haha'