Cena 01- Feio Horizonte/ Casa
de Sula/ Int./ Cozinha/ Dia.
Wagner: Porquê o espanto, meu filho?
Você disse que queria fatos, então tem que ser forte para ouvi-los. Seu pai é
um grande empresário que mora em Recife, como já dissemos uma vez. Sua mãe foi
presa pelo assassinato de um político local...
Munique, surpreso: É só que...Eu
esperava outra coisa. É muito difícil pra mim, que idealizei eles como pessoas
totalmente diferentes.
Sula: Você achava que eles eram um
casal normal, com boas condições, não é? Eu tentei te fazer esquecer dessa
ideia de procurar pai biológico e mãe biológica. Nós te criamos, nós somos seus
pais.
Munique: Eu não tô questionando isso.
Sei muito bem o valor que vocês tem na minha vida- Ele pensa um pouco- E o
nome? Qual o nome deles?
Sula ri: Esquece isso. Já te contamos
quem eles são. Agora prossiga sua vida, essa informação...
Munique a corta: Essa informação me
acrescenta muito, mãe. Eu quero saber o nome deles, e também tem várias
questões sem resposta! Como eu vim parar aqui se eles moram em Recife? Como
você me conseguiu? AFINAL, QUEM EU SOU?!
Wagner: Meu filho, você nos fazia essa
pergunta quando tinha 7 anos. Não é preciso que você entenda tudo. Nem eu sabia
dessa história, Sula, ou melhor, Gordênia, só me contou anos depois que nos
casamos.
Munique decide: Eu quero conhecer
eles...Quero ir pra Recife.
Wagner: Munique, você já está indo
longe demais! Eu ameaçaria te dar uma surra de cinto, mas você sabe que eu não
uso cinto...Vamo almoçar em paz!
Munique: É uma necessidade minha,
pai! Eu quero ir pra Recife conhecer eles...É até mais do que necessidade. É
sonho. Vocês sabem como eu sou. Gosto de descobrir, me aventurar...Não quero
mais ficar nessa cidade. Nada contra vocês. Vou conhecer minha família
biológica, minhas raízes, talvez eles tenham mais respostas...Se quiserem,
podem vir comigo. Eu guardei dinheiro suficiente pra várias passagens! Afinal,
foram anos juntando.
Sula: Você tem esse direito, filho.
Agora já é maior de idade. De certa forma, eu sabia que esse dia ia chegar. Mas
é que nessa história tem muita gente má. Gente que te detesta.
Munique se levanta: Eu enfrento
elas!- Ele olha para os dois- E então? Qual o nome do meu pai? E da minha mãe?
Sula conta: Eles são...Marcus e Susana.
ELOS-
CAPÍTULO 12.
Roteiro: Victor Morais.
Cena 02- Feio Horizonte/ Casa
de Ellen/ Int./ Sala/ Dia.
Bruno faz ginástica: O Munique vai
pra Recife atrás dos pais? Ele é louco?!
Margot organiza seus livros: Ele é
sensato, isso sim. E não vejo nada demais, afinal, ele quer conhecer a família!
Com vocês seria a mesma coisa!
Luckas assiste televisão: Se eu fosse
atrás da minha família biológica e descobrisse que eram vocês...
Ellen chega: Nem completa essa frase,
meu filho. Eu não quero te bater.
Luckas: Mas até que Munique tem
razão...Ele tá saindo dessa cidade que não oferece oportunidade pra ninguém e
indo pra Recife! RECIFE! A capital do Pernambuco! Mãe, deixa eu ir também? Não
aguento mais morar nesse lugar cujo nome me recuso a pronunciar.
Ellen ri: Nem pensar! Estou
empregada, graças a Deus, e posso manter meus três filhos sem problema... Daqui
a pouco vocês começam a trabalhar também...Ir pra Recife seria perda de tempo.
Lá é tudo muito caótico!
Luckas: Lá pelo menos tem emprego.
Aqui só se for de varredor. E sabe que eu não estou disposto a ficar varrendo
rua? Meu futuro é bem maior que isso.
Ellen se senta na mesa: Quem procura,
acha. Agora me deixa trabalhar, filho, tenho relatórios importantíssimos pra
entregar para o seu Moreira. Estava tão cansada que deixei eles pra última
hora. Não quero ser demitida, aí sim vocês teriam que começar a procurar
emprego...
Luckas olha para os papéis: Tudo
bem...Não tá mais aqui quem falou.
Cena 03- RECIFE/ Lavanderia
Porto e Pompa/ Int./Dia.
Marcelina abre as portas da
Lavanderia Porto e Pompa, local que ela tinha muito orgulho de ser a
proprietária. O espaço tinha clientes fiéis e rendia o necessário para que ela
vivesse com moderado conforto.
Marcelina vai até a calçada: Bom dia,
dona Judelma!- Ela acena para alguém do outro lado da rua- Seu edredom vai
estar prontinho amanhã!
Um homem cola algo na parede da
lavanderia. Marcelina se aproxima. Era um cartaz grande e chamativo:
NÃO PERCA A MAIOR INAUGURAÇÃO DE RECIFE EM TODOS OS TEMPOS.
DE PROPRIEDADE DE MARCUS VILALOBOS:
MONTE CASTELO HOTEL- O PRIMEIRO HOTEL SUBMARINO DO BRASIL.
VENHA SE HOSPEDAR OU SE CANDIDATAR À UMA VAGA DE EMPREGO.
Marcelina se irrita: Quem te deu
permissão pra colar isso no muro da minha lavanderia, rapaz? Tira esse cartaz
ridículo daqui. Espero que não tenha manchado nada!
O rapaz se vira: Mas, senhora...
Marcelina o interrompe: Nada de MAS.
Tira antes que eu perca a minha santa paciência- Ela aponta- Cola ali, acolá,
no quinto dos infernos, mas aqui não. Eu não suporto esse homem e já enjoei o
nome desse hotel submarino. Tomara que afunde. Como o Titanic- Ela entra
novamente- Que Renato Russo me perdoe...
O rapaz tira o cartaz, frustrado: Só
eu pra suportar mau humor matinal...
AO SOM DE ANNIE LENOXX- I PUT A SPELL ON YOU.
Nos céus de Recife, um enorme
helicóptero chamava a atenção dos moradores e dos mais atentos. Ele pousa no
heliporto do Monte Castelo Hotel, formando um mini tornado nas águas da praia
onde a propriedade tinha sido construída. Dele saem Marcus, Alexandra, e alguns
jornalistas.
Marcus coloca os óculos escuros: E
aqui estamos, na minha preciosidade submarina, como costumo chama-lo- Ele ri-
Vamos tirar a foto e encerrar a entrevista?
Alexandra bebe champanhe: Que pressa
é essa, querido? Assim você constrange os repórteres. Vai querer sair como
antipático na matéria?
Jornalista: Sem problemas, dona
Alexandra, já enfrentamos gente mil vezes pior- Eles posicionam a câmera- Vamos
tirar algumas fotos de vocês para colocar na capa da revista, e depois
encerramos.
O outro jornalista se aproxima:
Enquanto ajeitamos o equipamento, senhor Marcus, não gostaria de nos contar o
que tem nesse hotel? Sabemos que ele será inaugurado em dez dias, então a
curiosidade é imensa!
Marcus avalia o hotel: Na
verdade...Temos tudo no Monte Castelo Hotel. Suítes com vista marinha,
frigobar, camas massageadoras,
streaming e wi-fi por todo o hotel, televisões em todos os recintos, atividades
de lazer, tais quais passeio em um submarino, nado com os animais, golf
aquático, não me pergunte o que é isso, não fui eu quem inventei. E também um restaurante
de excelente qualidade, três bibliotecas, quatro cinemas com os mais recentes
lançamentos, sala de jogos eletrônicos, sala de jogos não-eletrônicos, sauna,
piscinas internas e externas, e mais uma infinidade de coisas que eu passaria
horas descrevendo aqui.
Alexandra: É o paraíso debaixo
d’água, senhores. Meu marido mais uma vez está revolucionando o setor de
hotelaria nesse país. O próximo passo é um hotel que flutua no ar. Mas, falando
sério, podem ter certeza que a experiência vale a pena, e a grana- Ela ri- É
fascinante e genioso!
O casal se posiciona e tira várias
fotos em frente a enorme construção. Após a breve sessão, os jornalistas se
despedem e vão embora.
Marcus desmancha o sorriso assim que
vê que eles já estão longe: Me lembre de não deixar você participar da minha
próxima entrevista. Caramba, Alexandra, ficou me cortando a cada três palavras
que eu dizia! Que coisa aborrecedora, as perguntas eram pra mim!
Alexandra: Eu só estava
complementando as suas respostas fracas, você devia me agradecer- Ela o olha- É
bom lembrar que esse hotel não é só seu.
Marcus: Eu sei responder perguntas de
jornalistas. Faço isso há anos.
Alexandra tira seus óculos: Mas
parece que não sabe. Ou não quer.
Marcus respira fundo: E o Guga?
Viajou hoje cedo?
Alexandra: Disse que voltava semana
que vem, ia tentar conseguir um patrocínio estrangeiro pro hotel. Andressa foi
deixar ele no aeroporto, depois pedi que ela fosse lá no haras do Miguel,
entregar o convite da inauguração...Estou tentando divulgar o Monte Castelo ao
máximo. Afinal, eu me interesso de verdade nos nossos negócios.
Marcus ri: A cidade de Recife inteira
já sabe desse hotel. Pra quê divulgar mais?
Alexandra cerra os olhos: A pessoa
que devia estar mais ansiosa para a inauguração do próprio hotel não está,
quiçá os outros. Divulgar nunca é demais- Ela sai andando.
Cena 04- Haras dos
Campestrini Ferrari/ Int./ Sala Principal/ Dia.
Bárbara abraça uma jovem: Andressa,
quanto tempo eu não lhe via! Fernie vai ficar feliz em te encontrar...Ela tá
meio desanimada hoje.
Miguel chega: Finalmente um membro da
família Vilalobos veio nos visitar! Marcus trocou os cavalos aqui do haras
pelos cavalos marinhos, não vem aqui há meses- Ele ri- E como vai o hotel com
nome de música?
Andressa o abraça: Vai ser inaugurado
em alguns dias, na verdade é por isso que estou aqui- Ela entrega o convite- Ele
quer que todos vocês compareçam. Vai ter show com uma cantora famosa e tudo
mais!
Miguel: Pela velha amizade que tenho
com Marcus, vou nessa inauguração, porquê o ingrato nem ao menos veio aqui
falar conosco! Mandou a filha! Ele anda te escravizando por conta desse hotel,
Andressa?
Bárbara: Deixa de besteira, ele tem
assuntos mais importantes pra resolver do que ficar batendo papo atoa com a
gente- Ela se vira para Andressa- Miguel sempre se esquece que nem todos são
aposentados como ele.
Fernie surge: Andy!- Ela abraça a
amiga- Vamos pro meu quarto, tenho uma infinidade de coisas pra te contar!
Miguel pondera: Jovens. Sempre se
falando, sempre com mais coisas pra falar. Vou cuidar do Anastácio, aquele
puro-sangue que chegou ontem...Ele ainda não se adaptou ao novo lar!
Bárbara: Deve estar estranhando a
cara do novo dono- Ela sai andando- Meninas, eu vou mandar a Iná levar um
refresco pra vocês!!
No quarto de Fernie...
Andressa se senta em frente ao
ventilador: E aí? Como vai o noivado com o tal...Conde Gian, né? Eu sempre rio
quando lembro desse nome. Não sabia que ainda existia linhagem de condes nesse
mundo...
Fernie: Nem eu, Andy, mas você sabe
que meu pai conhece muitos nobres, e cismou com esse Conde. Disse que era o
cara ideal pra mim- Ela ri- Meu pai vive dizendo que já teve um caso com uma
nobre inglesa, mas nunca deu mais detalhes sobre a aventura...
Andressa: Mas por que você se
desanimou ao falar do Conde?- Gian entra no quarto, mas não é notado, e se
esconde atrás da porta ao ouvir seu nome- Não está feliz com ele?
Fernie conta: Eu gosto do Conde. Ele
é culto, muito refinado e educado...Até demais. Esse é o problema de Gian. Ele
é rígido demais consigo próprio, não gosta que as tradições sejam quebradas...É
correto demais, em resumo. Gosto de desafios, de gente que se arrisque. A
coloquialidade desse Conde me incomoda muito, mas tenho vergonha de dizer isso
à ele. Tô tentando criar coragem para terminar nosso relacionamento. Mas tenho
medo de magoar os outros.
Andressa: Só tenho um conselho para
lhe dar: Não pense nos outros, e sim em você. Se não gosta do Condão, não há
motivo pra ficar com ele. Se livra dessa corrente de vez, vai atrás de
outro...Afinal, não estamos mais no século XIX. Você é bem livre.
O Conde permanece com a expressão
séria, e sai correndo.
Cena 05- FEIO HORIZONTE/ Casa
de Sula/ Int./ Quarto de Munique/ Dia.
Munique organiza sua mala: Escova de
dentes, roupas, dinheiro...
Sula entra. Ela o olha, triste: Você
não precisa ir, meu filho...- Ela se senta na cama- Não se precipite. Onde vai
ficar em Recife?
Munique pega o canivete que Wagner
lhe dera: Eu tenho família lá, acho que eles vão me acolher...Se duvidarem de
quem eu sou, fazemos o exame de DNA. Mãe, comigo é assim! As coisas tem que ser
rápidas, já perdi tempo demais...Me desculpa, eu não queria falar isso. Sabe
que eu amo vocês.
Sula: A passagem tá comprada pra
quando?
Munique a acaricia: Hoje à noite.
Queria que vocês fossem comigo, mas... Eu vou voltar pra buscar os dois. Meu
pai não é rico? Ele vai ter que me reconhecer e me ajudar!
Sula ri: Você tá tão iludido,
Munique.
Munique: Você que pensa, mãe. Sou
muito realista, e determinado! Mas, por via das dúvidas, me deseja boa sorte.
Essa jornada vai ser difícil! Recife que me aguarde, tô chegando! Marcus e
Susana. Esses nomes não me saem da cabeça...
Sula o beija no rosto: Boa sorte. Que
você se dê bem com seus pais e com sua família. Qualquer coisa nós estaremos
aqui, em Feio Horizonte, te esperando de braços abertos!- Eles se abraçam.
Não muito longe...
Ellen chega na empresa onde trabalha,
um pouco apressada. Ela entra em uma saleta, onde a reunião mensal está prestes
a começar.
Seu chefe se aproxima: Ainda bem que
chegou, preciso dos relatórios para dar início...Da próxima vez, chegue mais
cedo.
Ellen entrega a pasta: Aqui estão
eles, feitinhos. Desculpe o atraso.
O chefe folheia: O que significa
isso?- Ele mostra- Uma pasta cheia de folhas em branco?? Cadê os relatórios,
Ellen?! Minha pressão arterial não aguenta brincadeiras.
Ellen não entende: Mas eles estavam
aqui, eu juro!- Ela revira as folhas- Meu Deus, diz que isso não é real! CADÊ
ESSES RELATÓRIOS? CADÊ?
Chefe: Mas você xerocou eles como eu
havia pedido, não é?- Ela não responde- Eu fiz uma pergunta, Ellen. XEROCOU?
Ellen, atordoada: Na verdade, chefe,
eu não tive tempo...Deixei pra fazer os relatórios do trimestre hoje
e...Perdão.
Chefe: Perdão não vai salvar a minha
reunião. Eu não posso contar com uma pessoa que deixa tudo pra última hora. Não
é confiável...Você tá demitida, Ellen, pode acertar as contas no RH. Aqui na
Cia do Caldo você não trabalha mais...Saia, tenho que dar um jeito de iniciar a
reunião!
Ellen fica chocada. Ela olha para as
folhas em branco sem saber o que dizer.
Cena 06- RECIFE/ Centro/ Dia.
Peninha bate palmas: VENHAM PARA O
MUNDO RURÍFICO DO PENINHA! A única loja que não precisa de quatro paredes para
ser decente- Ele grita, enquanto anuncia os produtos no movimentado e caloroso
centro- Temos CDs, DVDs, livros dos mais famosos, paninhos mágicos para óculos,
armas de brinquedo, brinquedos com armas, bolhas, temos água mineral, vegetal,
acessórios em geral para todos os gostos! Temos eteceteras e aveséteras no Mundo Rurífico do Peninha! VENHAM ME
AJUDAR! A CRISE É GRANDE!
Um carro quase passa por cima da
barraca de Peninha, mas freia antes de destruir com tudo. O vendedor vai
correndo tirar satisfações.
Rennê sai do carro: Mil perdões, é
que sou novo na cidade, e não tinha nenhuma placa dizendo que essa rua era dos
ambulantes!
Peninha respira fundo: Graças a meu
Santo Reginaldo Rossi você não quebrou nada do meu Mundo Rurífico- Ele
cochicha- E ninguém aqui gosta de ser chamado de ambulante. Preferimos “
comerciante de rua”. Já cobrei a prefeitura para que coloquem placas indicando
que a área é nossa mas eles me ignoram!
Rennê abre um papel: Senhor
comerciante de rua, poderia me dizer onde fica esse endereço?- Ele mostra.
Peninha força a vista: Garoto, eu não
gosto de ser chamado de comerciante de rua, prefiro que me trate pelo meu nome,
prazer, Peninha- Ele estende a mão- Esse endereço é na rua onde moro, não é
distante...Se não me engano, é o número da casa do finado Meton Grana.
Rennê sorri: Por ventura, esse Meton
era meu tio. Eu vim para o testamento dele.
Peninha: Não me diga! Um herdeiro de
Meton Grana! Bem, se quiser, posso indicar onde fica a casa, galã estrangeiro-
Rennê assente- PELÉ CUIDA DA BARRACA PRA MIM- Ele entra no carro de Rennê-
Conheço essas ruas como a palma da minha mão. Ambas as coisas estão estragadas.
Rennê acelera: Não pretendo ficar
muito tempo por aqui, mas estou gostando da região. Só que é muito calor pra
mim. Vivi dez anos no Sul!
Peninha indica: Vira a próxima
esquerda, agora- Ele coloca o cinto- Esqueci que não posso arriscar minha
preciosa vida...Mas você vai amar Recife, aliás, qual seu nome mesmo?
Rennê se olha no retrovisor: É Rennê,
prazer- Peninha faz sinal para que ele estacione- Chegamos? Eu não acredito,
vou rever meu irmão depois de tanto tempo!
Peninha tira o cinto: Não disse que
era perto? É naquela casa verde ali. Boa sorte com sua chegada em Recife, e
qualquer coisa, eu estou aqui para ajudar...Mas não acostuma não, a primeira
foi de graça!- Ele sai do carro.
Na casa do finado
Meton...
Rennê entra: Ô DE CASA!- Ele coloca
as malas no chão- EU NÃO QUERO INTERROMPER NENHUM MOMENTO ÍNTIMO!
Saskia aparece: Rennê, meu cunhado
predileto!- Eles se abraçam- Há quanto tempo, como você tá diferente! Bem que
dizem que todos os viventes do Sul são bonitos! Você acabou se contagiando- Ela
ri.
Rennê sorri: O tempo também te fez
muito bem, cunhada. E o rabugento? Tá em casa? Como ele está lidando com a
estadia nessas terras quentes?
Alencar surge: Estou odiando esse
lugar. Calor insuportável, gente horrível, casa abafada, e pior: Sinal de
operadora ruim. Não que exista algum lugar que preste nesse mundo além de
Mônaco, mas...Esperava mais da tão falada Recife!
Rennê se aproxima: Discurso ácido
como sempre, não esperava palavras diferentes. E então? Não vai abraçar seu
caçula?- Ele puxa Alencar- Quando te vi da última vez você não tinha essas
marcas de expressão. Fica franzindo a testa 24 horas por dia, dá nisso...
Alencar: Não necessito de sua
avaliação estética. Da última vez que te vi, você ainda era advogado, irmão.
Mudou a profissão?- Ele se senta no sofá- Agora só falta o tio Arvô chegar,
fazemos a leitura do testamento do finado Meton, e voltamos. Cada qual para seu
canto.
Saskia abre as janelas: Já eu estou
amando Recife e começo a cogitar uma permanência aqui. Um lugar lindo,
ensolarado, com alegria natural...Não posso querer coisa melhor. Gosto do Rio
de Janeiro, mas Alencar sabe que não podemos voltar pra lá...Acabamos
arranjando problemas e...
Alencar se abana: Problemas que não
valem a pena serem expostos aqui- Ele olha para Rennê- Que felicidade gratuita
é essa, hein? Sabe de tio Arvô?
Rennê fala: Disse que chegava em
breve, parece que está em Paris. Ele não faz questão de se apressar para o
testamento do único irmão- Ele tira a camisa- Onde posso tomar um banho?
Saskia o guia: Me siga, você vai amar
essa casa! Seu tio tinha muito bom gosto, e muitos itens artísticos também-
Eles saem.
Alencar pega o jornal e lê sobre a
inauguração do M.C Hotel: Será que Recife pode me trazer sorte?
Cena 07- Feio Horizonte/ Casa
de Ellen/ Int./ Sala/ Tarde.
Luckas, boquiaberto: Você foi
demitida, mãe? Que ironia, no mesmo dia em que falávamos sobre o assunto...
Ellen, desesperada: E não sei o que
vou fazer, meu filho! Tenho pouco dinheiro guardado, sempre gasto muito
mensalmente...As contas logo chegam, e recebi pouquíssimo por esses anos todos
de trabalho!
Bruno pensa: Achar emprego aqui não é
fácil, mamãe, qualquer um sabe disso. A melhor solução seria...Que fossemos pra
Recife com Munique! Nós quatro! Ele vai poder nos ajudar, e lá temos chance de
trabalhar em vários setores.
Ellen: Claro que não, Bruno. Munique
não vai conseguir achar os pais assim, de cara. Até isso acontecer, onde
ficaremos? Aqui em Feio Horizonte ao menos temos uma moradia. Se o Nique está se precipitando, deixem o
vento leva-lo, mas nós temos de ficar, firmes e fortes.
Luckas: Sinto muito te contradizer,
mãe, mas eu quero ir para Recife. É a melhor opção, como Bruno falou. Sou maior
de idade, portanto tenho esse direito. Lá vamos nos dar muito bem. Se quiser
ficar, não me contraponho. Mas eu já estou praticamente de malas prontas. Rumo
ao Nordeste! E quando Munique conhecer seus pais, vai ser melhor. Margot disse
que um deles é rico, então poderemos desfrutar de seus bens!
Bruno: Faço das palavras de Luckas,
as minhas- Ellen os olha- Na verdade, queria sair de Feio Horizonte, e só
estava esperando o final do ano para concretizar meu desejo. Agora...Não tem
mais porquê esperar.
Margot entra na sala: Mãe...Eu também
quero ir.
Ellen se levanta. Ela encara os três
filhos: Não vamos nos afobar, vou falar com a Sula ainda hoje. O que me intriga
até agora é o paradeiro dos meus relatórios...Como foram sumir de uma hora pra
outra?
Luckas contém a felicidade.
Cena 08- Mansão Vilalobos/
Int./ Sala de Jantar/ Noite.
Alexandra, Liana e Andressa fazem a
refeição noturna, em silêncio.
Liana resolve fazer um comentário: E
onde está Marcus? Não é ele o maior apreciador das massas italianas que a
cozinheira vive fazendo?
Alexandra bebe vinho: Está trancado
no escritório desde o anoitecer... Os negócios desse hotel novo consomem o dia
inteiro dele. Uma hora a fome bate e ele vem.
Marcus desce as escadas.
Liana: Falando no diabo...
Alexandra, visivelmente incomodada: Achei
que tivesse esquecido o jantar. Nesses últimos dias, você trocou a nossa
companhia pela dos papéis, contratos, canetas...They’re more interesting, como dizia uma amiga gringa
sobre os cariocas.
Marcus se senta na cabeceira: Estou
evitando jantar para ver se o refluxo não me mata. E não, they’re not interesting.
Liana mexe no prato: Eu acho que foi
a acidez de Alê que te fez adquirir esse refluxo- Ela ri do próprio comentário-
Desculpem-me pelo humor pesado- E se levanta- Vou pedir que alguém da cozinha
grelhe um peixe pra mim, porquê comer rondelli
não dá...
Marcus a impede: Espere, Liana.
Antes, gostaria de fazer um comunicado, na verdade uma espécie de votação aqui
nessa mesa- Ele pega algo- Esse jornal, que por sinal é bem conceituado, está
insinuando que a minha preciosidade submarina não é segura. A notícia se
disseminou e agora vários críticos apoiam a ideia de que o Monte Castelo não é
habitável.
Alexandra arregala os olhos: Isso é
péssimo pra gente!
Marcus: Exatamente, principalmente
porque o jornal tem boa reputação. MAS...Acho que já achei a solução para nosso
problema. Vamos nos mudar para o Monte Castelo, pelo menos por uma temporada,
assim podemos provar que o hotel é seguro e muito bem equipado. Vai ser
simbólico, estratégico, e, se não estou errado, vai surtir efeito.
Liana aplaude: Me mudar pra seu hotel
subaquático é um sonho realizado! Falo sério. Aposto que no restaurante teremos
frutos do mar à disposição.
Andressa sorri: Vai ser bom sair
daqui por uns tempos, respirar ares diferentes, bem diferentes...Apoio sua
decisão, pai!
Alexandra se posiciona: Sou contra!
Uma mudança desse porte às vésperas da inauguração vai nos trazer caos, fora
que não vou me adaptar, posso ter problemas, todos nós podemos! Essa sua
proposta é arriscada.
Marcus debocha: Desculpe te
decepcionar, madame, mas temos três votos à favor e o seu contra. Vou mandar um
caminhão de mudanças vir aqui amanhã depois das 15h, arrumem tudo o que querem
levar, e, como dizem hoje em dia: Partiu Monte Castelo Hotel- Ele se levanta e
sai.
Alexandra faz carranca: Marcus, volta
aqui, MARCUS- Ela sai da mesa atrás do marido.
Liana olha para Andressa: Parece que
ela não digeriu muito bem a derrota e o rondelli...E
eu continuo preferindo um bom peixe grelhado- Ela sai.
Andressa se levanta também: E eu vou
tentar acalmar os ânimos lá em cima.
No escritório...
Alexandra grita: Se você acha que eu
vou suportar uma desmoralização como acabou de acontecer ali embaixo, está
muito enganado! Eu não tô gostando do jeito que está me tratando, e já faz uns
dias...Minha paciência vai acabar, e eu vou devolver tudo o que me disse. Em
dobro.
Marcus, calmo: O que aconteceu ali
embaixo chama-se democracia. Se não
ficou satisfeita, melhor se mudar pra Inglaterra!
Alexandra o cerca: Isso, joga frio,
tenta me humilhar...Felizmente eu sei agir também. Tenho tanto sangue frio
correndo nas veias quanto você. A diferença é que você só assassinou uma pessoa
até agora, mas como foi marcante, não?
Marcus fica furioso.
Andressa entra no escritório: O quê?-
Ela surpreende ambos- O papai assassinou uma pessoa?
Alexandra e Marcus trocam olhares
nervosos.
TERMINA O CAPÍTULO 12.

Munique não desistiu mesmo. Agora tudo começa a tomar os rumos. Marcelina, consulte Alminha para saber se o Renato Russo está furioso com você. Ok? Alexandra e Marcus... Isso não me cheira nada bom. Os dois fizeram coisas demais e juntos, imagina quando a casa cair???! Acho bom eles manterem sempre uma fidelidade, ou vai virar um jogo de poder e aí... já era. Eita, Andressa descobrindo tudo. O que será que ela vai fazer com essa informação??! Aguardo o próximo capítulo.
ResponderExcluirSe ele desistir, a história desanda! Felizmente Munique é bem determinado haha'
ExcluirAcho que Renato perdoará Marcelina, já consultei Alminha.
O jogo entre Marcus e Alexandra pode ser perigoso para os dois, são crimes e crimes, entre outras coisas que eles abafaram. Um casal nada tradicional. Fidelidade realmente é a melhor opção, mas será que eles vão se suportar por muito tempo?
Obrigado por comentar, Gabriel!
Munique está mesmo afim da verdade e espero que não seja apenas por ambição. Parece que o bichinho da migração mordeu todos dessa cidade que nem merece ter uo nome pronunciado. Andressa sabendo de tudo :O
ResponderExcluirMunique porta uma ambição do bem, essa que quase todos portamos, mas ele quer conhecer a família por outros motivos.
ExcluirVocê não gostou do nome Feio Horizonte? Achei tão poético! Mas está certa, o bichinho da migração chegou por lá! Vamos ver quem vai e quem fica na cidade! E vamos ver quem vai conseguir CHEGAR até Recife!
Obrigado por comentar, Margot!
Munique vai mesmo até os pais... Espero que Gordênia, ou Sula, não vá junto. Acho que, mais uma vez, um enteado não será bem-vindo para Alexandra. E a última, acabou presa...
ResponderExcluirParece que mãe e filho estão em situações parecidas.
Andressa também devia tomar cuidado com o que ouve, do jeito que é, nem a filha Alexandra pouparia.
Sula não irá, ela e seu amado Wagner vão ficar em Feio Horizonte.
ExcluirTambém acho que Alê não vai querer um enteado, Munique que se cuide, mas ele foi alertado!
Andressa ouviu demais. Todos devem tomar cuidado com Alexandra...Inclusive VOCÊ.
Feche a porta e a janela antes de dormir, para não obter uma eventual visita noturna da maléfica...
Obrigado por comentar, João!