quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Elos- Capítulo 24.

Cena 01- Recife/ Profundidades do Mar/ Dia.

Marcus se toca sobre o que acabou de dizer.

Munique repete: O que você disse, pai? Ainda ama minha mãe?

Marcus se corrige: Não foi isso, você ouviu errado, Munique. Falar sobre sua mãe é muito complicado pra mim. Eu amava ela, mas aconteceu uma série de coisas que nos afastaram...Se eu pudesse voltar atrás...

Munique, radiante: As vezes a vida nos oferece uma segunda chance.

Marcus, abatido: Acho que não pra mim, Munique. Mas você não precisa saber do que houve. É melhor assim. Se quiser procurar sua mãe, dou meu aval, mas já lhe antecipo que ela vai falar muito mal de mim. Mas é um direito seu...

Munique: Estou bem aqui- Ele pega na mão do pai- Não querendo falar mal, mas dá pra notar que na sua família não existe muito diálogo. Vocês são meio distantes uns com os outros...Mas eu não sou assim! Eu gosto de falar- Ele ri- E se precisar falar abertamente comigo, eu vou te ouvir, pai.

Marcus: Me desculpe por esse momento de fraqueza na sua frente.

Munique, contente: Todos nós temos os nossos momentos de fraqueza. Se não a vida seria muito sem graça...

Andressa sai do banheiro: Mais algum animal apareceu?

Marcus desvia o olhar: Chega de aulas de biologia em família por hoje. Vamos para o Monte Castelo Hotel, tenho que monitorar a movimentação dos novos hóspedes... Mas precisamos de mais passeios como esses.

Andressa sorri: Eu quero aprender a comandar um troço desses. Você não me ensinou a andar de bicicleta, então tem que compensar...

Marcus: Nós vamos ter. Com toda certeza.

ELOS- CAPÍTULO 24.

Roteiro: Victor Morais.

Cena 02- Hospital Recife/ Quarto de Marcelina/ Dia.



Marcelina desperta. Ela tenta se lembrar do que tinha acontecido na noite anterior. A enfermeira nota que ela acordou e sai discretamente.

Enfermeira, para Jucy: Sua mãe acordou, eu vou chamar os doutores para dar a notícia da doença. Temos que ser muito cautelosos.

Peninha, exausto: Infelizmente, eu não tenho estômago pra isso. Ah, meu Deus, me perdoem pelo trocadilho, é só que...Eu vou pro meu Mundo Rurífico, se chegar acordado até lá. Depois venho visitar a comadre.

Ricardo: Pode ir, Peninha, e muito obrigado pela sua ajuda. Você já devia ter ido, aliás...

Peninha suspira: Tudo bem...Até mais.

Ricardo se senta: Eu vou ficar aqui. Talvez a dona Marcelina ainda esteja brava comigo. Mas ela vai resistir bravamente. Eu nem preciso ir pra saber disso.

Jucy assente e entra no quarto com Susana. De mãos dadas.

Marcelina se senta na cama: Finalmente alguém apareceu, eu já ia sair perambulando pelo hospital atrás das duas. Me lembro pouco do que aconteceu? Ricardo está bem? Pelo menos saímos vivas da Área do Corvo. É um bom indício...

Jucy: Aquilo não passou de um engano, mãe. Ricardo estava sendo pressionado, é uma coisa complicada...O fato é que você desmaiou e teve que fazer uns exames.

Marcelina sorri: Eu sempre dando trabalho pra vocês, mais até que o Ricardo! Agora me sinto ótima, então já podemos ir. A lavanderia está cheia de encomendas.

Susana informa: A gente deu a chave da lavanderia pra Suspiro comandar tudo por lá. Esquece a lavanderia. A prioridade é sua saúde, e como Jucy já disse, você foi submetida a alguns exames e os médicos acharam algo...

Marcelina a interrompe: Eu tô doente? Por favor, falem logo. Sem rodeios.

Susana: Está com...Câncer. Um tumor maligno no estômago que está avançando. Você precisa se operar urgente.

Marcelina pisca: Câncer?- Ela reflete um pouco e dá uma risada, de nervosismo- Eu nunca pensei que isso fosse acontecer comigo... Estava me sentindo tão bem. Ainda estou! É grave mesmo?

Susana: Você ainda não sentiu o peso das palavras porquê não está a par da dimensão do problema, mãe. É muito grave, está se espalhando. Não quero dizer que deve entrar em pânico, mas...

Marcelina: Eu não vou entrar em pânico, Susana- Os médicos chegam.

Médico: Prazer, eu sou o Dr. Ariano. Suas filhas já devem ter lhe contado sobre a sua doença. Eu vou te explicar minimamente os detalhes, vamos fazer uma longa entrevista antes da cirurgia. E mais um exame final. Mas com a operação, suas chances de sobreviver são altas.

Marcelina sorri: Estou toda ouvidos. Acordar com essa notícia é meio impactante, mas eu não tenho medo. Nem de cirurgia, nem de quimioterapia, se for preciso...- Ela olha para as duas filhas- Eu quero lutar até o fim. Pra não me separar da minha família...O meu único receio, doutor, é perder eles.

Jucy e Susana se compadecem.

Cena 03- Casa do finado Meton/ Int./ Dia.



Saskia se arruma: Vamos, Alencar, já estamos atrasados. E depois da bronca que levou ontem, melhor seguir todos os horários a risca...Se bem que não quer ficar em Recife, não é?

Alencar coloca a gravata: Já estou me afeiçoando a esse lugar horrendo. Quero saber cadê tio Arvô para resolvermos o problema da herança. Deve ter se perdido pelo caminho... E sobre a bronca de ontem: Vou provar para o Marcus que aquilo não se repetirá mais.

Saskia: E que roupas são essas? Você nunca gostou de gola polo. Tá tentando copiar o estilo de alguém?

Alencar se olha no espelho: Claro que não...

Rennê desce as escadas: Alencar, eu preciso conversar com você, e vai ter que ser agora, porquê é um assunto urgente!

Alencar pega sua mala: Urgente pra mim só a morte da rainha Elizabeth. Tô atrasado e não quero me arriscar a ser demitido...Ao contrário de ti, tenho uma ocupação. Vida cruel, não?

Rennê o pega pelo colarinho: Isso é mais urgente do que tudo, Alencar, você passou de todos os limites possíveis! PORQUÊ É TÃO PERVERSO? Não gosta de ver os outros serem felizes? Não gosta de presenciar o amor?

Alencar não entende: Tristeza não tem fim, Rennê, felicidade sim. Reflita sobre isso e me deixe ir para o trabalho! Ficou aloprado de ?

Rennê grita: PARA DE SER CÍNICO! A LETÍCIA DISSE QUE FOI EMPURRADA DA ESCADA POR ALGUÉM, E SÓ PODE TER SIDO VOCÊ, QUE SEMPRE DESPEJOU PALAVRAS DE ÓDIO CONTRA ELA! ISSO NÃO VAI FICAR EM VÃO!

Saskia, horrorizada: Empurrada? Alencar, eu não acredito...

Alencar nega: Você tá me confundindo com Nazaré Tedesco, Rennê. Ontem a noite quando sua dama vagabunda caiu da escada, eu estava dopado, tentando dormir depois de uma noite fervorosa! Mais fácil ela ter inventado a história pra nos intrigar! Típico de gentinha...

Rennê lhe dá um soco: CALA A BOCA!- Ele joga o irmão no chão- Antes eu achava sua amargura normal, na medida do possível, mas chegar a um ponto desses? Arriscando a vida dos outros? Você não é feliz e por isso quer estragar a alegria alheia, mas comigo isso não vai se prolongar, Alencar. É um aviso. Não se mete mais na minha vida, ou eu te denuncio! É odioso ter um irmão desse jeito...

Alencar se levanta: Acredita se quiser, mas eu já disse que não empurrei a Letícia! Tá achando mesmo que sou capaz disso? Quanta certeza, Rennê, é bom saber que tem essa visão de mim! Assim eu nunca mais te ajudo quando precisar. É odioso pra mim ter um irmão desconfiado também. E acima de tudo injusto. Pode ameaçar o quanto quiser, minha consciência tá bem limpinha! Aquela manipuladora conseguiu o que queria, dê meus parabéns a ela- Ele sai rumo ao carro, com um pouco de sangue na boca.

Saskia se senta: Rennê, você acha mesmo que... Bem, eu não consigo crer nessa possibilidade, me desculpe. Alencar pode ter muitos defeitos e ser daquele jeito, mas não teria capacidade pra isso. Ele é meu marido, seu irmão, e não um monstro. Melhor investigar mais a fundo o relato da Letícia. Se numa eventualidade ficar provado que Alencar a empurrou... Eu saio daqui na hora. Pra nunca mais voltar.

Rennê, desesperado: Se não foi ele, quem pode ter sido? Nenhum ladrão entrou aqui, Saskia!! Só sobra a pessoa que não gostava da Lê.

Saskia: Certeza? Você já cogitou a possibilidade de...A Lê estar mentindo?- Ela sai- Mais tarde conversamos, tenho que ir pro emprego.

Cena 04- Haras Campestrini Ferrari/ Int./ Dia.

Fábio coloca um curativo em Thayanne: Depois daquele protesto de ontem eu te proíbo de voltar no Monte Castelo Hotel, minha neta. Eles não te pegaram por pouco, se te virem de novo por lá, vão reconhecer seu rosto e sabe se lá o que farão contigo...

Thayanne: O protesto de ontem foi só o começo, vô! Um dos meus amigos conseguiu se hospedar por lá. Ele é um ambientalista. Disse que vai se infiltrando aos poucos no sistema até conseguir uma prova de que Marcus corrompeu os contratos para a construção do hotel. E eu vou ajuda-lo!

Fábio se apruma: Quando você se ferrar, falando na linguagem dos jovens, eu não vou conseguir te ajudar, Thayanne! Naquele hotel deve existir uma máfia muito grande...Contra o poder, não há luta.

Thayanne o ignora.

Na mesa dos Campestrini Ferrari...

Miguel come mamão: É só questão de tempo pra que Fernie se envolva com você de novo, Conde, eu garanto!

Gian limpa a boca: Espero que sim, senhor Miguel, porquê já não me aguento mais de sofrimento. Ontem na festa fui totalmente ignorado pela senhorita Fernanda. E nenhuma mulher me encanta mais do que ela!

Bárbara: Retirou isso de algum livro do romantismo? Desculpe, Conde, mas parece que está se fingindo de bobo. Sua permanência aqui é, popularmente falando, encheção de linguiça. Só traz aborrecimento pra Fernie.

Fernie chega, acompanhada de um rapaz.

Fernie sorri: Bom dia a todos!

Miguel: Quem é esse?

Fernie apresenta: O nome dele é Paulo. Conheci ele ontem na festa, por isso não voltei com vocês. Fomos num barzinho depois e...Ele dormiu comigo.

Gian: O QUÊ?

Luckas observa a cena pela janela. Fernie o vê.

Fernie reafirma: É isso que ouviram! Estou livre, desimpedida, sem nenhum, repito, sem nenhum tipo de envolvimento amoroso- Ela afronta Gian- Quer tomar café com a gente?

Paulo: Melhor não, eu já vou indo- Ele beija Fernie- A gente se fala. Bom dia pra todos...

Miguel: ISSO É INADMISSÍVEL, FERNIE! ESTÁ SE COMPORTANDO COMO UMA VAGABUNDA!

Fernie pega uma maçã: Como uma jovem, você quis dizer? Papai, não vou perder meu tempo discutindo, afinal foi só uma noitinha boba. Mas nem pense que não vou trazer outros garotos pra cá por conta do Conde. Nós não temos mais nada, né Gian?

Gian bate com tudo na mesa, tremulo: Maldita...

Fernie: Vou ali no estábulo rapidinho, depois estou pensando em visitar a Andressa e a Alê. Se ela estiver curada da ressaca de ontem- Ela se retira.

Miguel: Fernie, eu exijo que volte aqui e...- Ele perde o apetite- Não vai fazer nada, Bárbara? Nessas horas você se transforma em estátua!

Bárbara: Fazer o quê? Eu aprovo as atitudes da Fernie! Ela é livre.

Fernie vai até Luckas: Seu conselho deu certo, Luckas, eu consegui atingir o Conde bem no calo que dói mais...Daqui a alguns dias ele não vai aguentar tamanha humilhação e vai pra Europa!

Luckas sorri: Eu espero, dona Fernanda. Quero te ver feliz. E o Conde atrai negatividade, pelo que percebi...

Fernie comenta: Ele é um imã pra isso. Mas pare com o Dona Fernanda, por favor. Formalidade não é comigo! Quero que me chame só de Fernie. Somos parceiros, não?

Luckas confirma: É claro, Fernie. Somos parceiros.



Cena 05- Monte Castelo Hotel/ Int./ Quarto de Alexandra/ Dia.

Alexandra acessa a internet. Ela lê uma notícia sobre si própria: Mulher do Dono de hotel submarino paga mico e é pisoteada em inauguração- E joga o celular no chão- Maldita realidade...Depois dessa vou ter que ser filmada em três ONGs pra limpar minha imagem.

Liana entra: Solitária, Alê?

Alexandra: A pessoa que eu mandei você chamar já chegou?

Liana faz sinal para que alguém entre. Gaspar, com um disfarce meio exótico, surge no recinto.

Liana: Vou deixar os dois conversarem a sós. Bandidagem não é comigo. Fora que os hóspedes do hotel estão chegando. Um a cada minuto. E quero ver se tem alguém interessante ou só os novos ricos que nunca comeram um caviar na vida- Ela tranca a porta.

Gaspar repara nela: Te deram uma surra?

Alexandra: Gaspar, você tem muita sorte por ter uma patroa tão generosa como eu. Se fosse outra, depois do erro que cometeu na missão com Munique, teria te despachado pra sempre. Mas como eu prezo a chamada segunda chance, lhe darei uma nova oportunidade. Mesmo você já estando da terceira ou quarta chance...Tenho algo sério. Uma tarefa árdua.

Gaspar coça o nariz: Eu estava pensando em sair de Recife. Dependendo de como será essa tal tarefa, de quanto vou ganhar, e do nível de risco que vou correr, posso mudar meus rumos...

Alexandra: Tenho que me livrar de umas pessoas. Mais especificamente de duas. Susana e Munique. Mas não vai poder ser agora. Ela foi esperta e fez uma entrada durante a inauguração do hotel, se algo lhe acontecer, posso ficar como suspeita. A imprensa toda filmou. Munique também não posso matar. Está começando a se relacionar com o Marcus, seria perigoso tirá-lo de campo.

Gaspar: Então quer que eu faça o quê?

Alexandra instrui: Brinque de ator. Esqueça seu nome e invente um personagem do bem, frágil e acima de qualquer suspeita. Se instale na tal pensão onde tudo acontece, a Suspirela, e se aproxime da mãe de Susana. Conquista ela. Vamos ter a família toda nas nossas mãos...Não vai ser difícil, Gaspar. Vou te pagar bem. E não terá que fazer muito esforço, só agir como espião.

Gaspar analisa: Falando superficialmente parece bem fácil. Mas conquistar a mãe dessa mulher aí não vai acontecer da noite pro dia, se é que ela vai gostar de mim...É meio arriscado.

Alexandra ri: Óbvio que não vai ser difícil. A família da Susana é composta majoritariamente por babacas, sonsos, idiotas e sentimentais. Desses que se deixam dominar num piscar de olhos. Pega frase romântica na internet, vire um homem apaixonado...E pronto! Até eu faria isso se fosse varão.

Gaspar balbucia: Eu preciso te dar a resposta agora?

Alexandra: Não, Gasparzinho, pensa um pouco, fantasminha camarada, e me dê a resposta até o final de semana. Se você amarelar, eu contrato outro, mas você vai perder uma grande chance...Quero ter todos os que acham que me ameaçam em minhas mãos. Pra brincar com eles depois. E derrubar um por um!- Ela ri.

Gaspar: Cuidado para não perder o controle sobre a situação. Colecionar inimigos ao longo dos anos é bem sufocante. Uma hora eles te cercam e...Bem, falo com uma estrategista nata, então não quero subestimar suas táticas. Mais alguma coisa, madame?

Alexandra se acomoda: Por hora não, e Gaspar, querido, há 18 anos nos conhecemos e jamais perdi o controle sobre a situação. Ninguém tem força pra me derrubar. Só eu mesma. E Deus. Mas acho que ele prefere me dar uma forcinha..

Cena 06- Monte Castelo Hotel/ Int./ Salão Principal/ Dia.

Marcus observa os hóspedes chegarem. Alencar se achega ao chefe.

Alencar controla tudo pelo tablet: O Hotel é um sucesso, senhor Marcus, como meu faro de empreendedor já desconfiava. Hoje mesmo, até as dez da manhã, tínhamos exatamente...

Marcus mostra seu celular: Não precisa falar, eu tenho o aplicativo que mostra o número de hóspedes, Alencar. E pro seu bem, esse número só deve ir crescendo, a ponto que faltem quartos!- Ele percebe algo- O que é isso na sua boca? Brigou? Se acidentou? Deve ter sido castigo divino pelo desastre de ontem...

Munique e Andressa chegam.

Munique, surpreso: Eu não acredito que você não goste de Imagine Dragons, Andressa. Eles são demais!

Andressa: Eles são temporários, irmãos. Quando a ventania passar, leva a banda e os integrantes para o porão do esquecimento. Onde estão alguns outros artistas. Já alguns nunca souberam como é viver nesse porão...

Marcus se aproxima: Gostos musicais. Qual o próximo tópico? Programa de TV favorito?

Andressa: Eu espero que você responda Hell’s Kitchen, Munique.

Munique recebe uma ligação. Era Susana.

Marcus bebe algo: Aliás, Munique, esqueci de falar contigo sobre seus pais adotivos. Acho que trazer eles para cá pode ser uma boa opção. Sua mãe se chama-se Gordênia- Ele tem remotas lembranças.

Munique inventa: Sim, posso falar com eles. Inclusive é ela que está me ligando. Você foi ágil em colocar sinal de operadora aqui, pai. Já volto...

Marcus vai em sua frente: Munique, eu quero falar com a Gordênia, digo, com sua mãe. Você vai entender depois, me passa esse celular, por favor...

Munique gela: Melhor não, pai. Ela...Vai ficar muito assustada.

Marcus: Eu sei contornar a situação. Me dá o celular, Munique. O seu desaparecimento daquela cadeia ainda é um grande mistério e Gordênia pode ser a chave para a reposta que tanto procurei.

Munique desliga o celular: Opa... Caiu a ligação. Vamos deixar isso pra depois, pai. Foca nos seus hóspedes, cumprimente eles, seja receptivo. Se formos ter essa conversa com minha mãe, deixe que eu faço a introdução. A dona Gordênia, que agora se chama Sula, é bem volúvel e fácil de traumatizar. Ouvir sua voz, sendo que ela te conhecia, pode ser um baque.

Marcus, convencido: Você tem razão. Andressa, aprenda o significado de prudência com seu irmão. Eu vou cuidar da minha preciosidade submarina por uma horinha. Dedicar todo o tempo a meus filhos é bem injusto! Embora eu prefira.

Munique respira aliviado.

Andressa avalia: Sua chegada mudou ele um pouco... Algum problema? Percebi que não queria deixar o papai tocar no telefone. Meu senso observador, as vezes chamado de senso de intromissão, é bem elevado. Quer dividir teu dilema com a coruja gótica aqui?

Munique: Você soube bem definir...Dilema- Ele se levanta- Mas o dilema é secreto. Um dia você vai saber de tudo.

Andressa sorri: Eu guardo muito bem segredos, irmão. Inda hoje rio quando me lembro que fiz minha mãe brigar com uma atriz que foi nos visitar certa vez. Malu Mader. As duas se odeiam até hoje.

Munique sai andando: Você é única, Andressa! Obrigado por avisar. Meu dilema-segredo vai ficar guardado a sete chaves- Ele sai- Ah, o que minha mãe queria?



Cena 07- Monte Castelo Hotel/ Int./ Recepção/ Noite.

Dani recebe uma grande caixa: É pra dona Alexandra Amaral. De uma importante revista. O que faço com isso, Alencar?

Alencar entrega alguns recibos: Leve no quarto dela. Por enquanto todas as empregadas estão ocupadas. Tenho que corrigir esse defeito na organização...

Dani: Tudo bem- Ela se dirige ao quarto da mulher de Marcus.

Alexandra se enrola em uma toalha depois de um sofrido banho. A madame tem dificuldades para se locomover. Para facilitar a situação, pega uma espécie de bengala e se apoia nas paredes.

Alexandra: Eu merecia alguém inteiramente a minha disposição- Um peixe se aproxima da parede de vidro que separava o mar do hotel e bate no vidro- Na verdade eu merecia mais atenção, não aguento ficar sozinha aqui. ALGUÉM RESPONDE MINHAS LAMENTAÇÕES!- Ela brada- O único jeito de chamar atenção seria abrindo esse mar...Como Moisés fez! Porquê eu não conseguiria? Tenho meu cajado em versão moderna...Ah meu Deus a solidão está me deixando insana. E ainda esqueci da lixa de pé...QUE DROGA!- Ela volta para o banheiro.

Dani entra: Com licença, dona Alexandra?- Ninguém responde. A garota avança um passo- Dona Alexandra?

Alexandra espragueja: EU VOU MATAR QUEM ESQUECEU DE TRAZER MINHA LIXA DE PÉ NO CAMINHÃO DE MUDANÇAS- Ela vem lentamente- Ai, ai, ai...Eu vou morrer de dor.

Guga entra de súbito no quarto: Alexandra, preciso falar contigo.

Dani se esconde atrás da cortina sem ser vista.

Alexandra chega: Ah, é você. Achei ter ouvido uma voz feminina. O que quer?- Ela se senta na cama.

Guga tranca a porta: Falar sobre negócios. E antes que me questione, precisa sim ser agora. Voltei sem grana da Europa e preciso de um adiantamento. Como nós temos um dinheirinho guardado, creio que pode me ajudar no meu probleminha...

Alexandra: É melhor você falar mais baixo, porquê temos câmeras em todo o hotel, e não quero que Marcus saiba do acordo que fizemos as escuras.

Guga: Corrigindo, você não quer que Marcus saiba que nós roubamos ele há 18 anos. Nem precisa esquentar a cabeça, primeiro porquê estamos em um hotel submarino, e segundo porquê o nosso esquema é perfeito. Se for depender do Marcolino, podemos nos tranquilizar. Ele nem desconfia.

Alexandra avisa: Cuidado. O Marcus está mudando muito. Se bem que a chegada do tal Munique poderá ser benéfica para nós, pelo menos em um aspecto. Afinal, Marcus terá de se dedicar ao novo filho! Nem vai ter tempo para negócios, o coitado- Ela pega um cartão na bolsa- Aqui está o cartão da nossa conta secreta. Vê lá quanto vai tirar. Lembra que eu monitoro tudinho.

Guga: Você tá vendo esse Munique como uma ameaça, Alexandra? Relaxa. Ele não vai trazer problemas pra gente. É um menino bobão do interior.

Alexandra: De bobão ele não tem nada, Guga. Está se reunindo com a mãe pra tentar acabar com a gente. Mas isso eu não vou permitir! Há anos eu luto por essa posição que tenho hoje. Foram golpes e golpes. Ser malvada, se é que posso me encaixar nesse enquadramento, não é algo raso. Já muita rasteira no passado, e agora que tô consolidada, outra rasteira seria insuportável.

Guga suspira: Olha aqui, queen bee, esse garoto é da minha família e a Susana também. Ela ficou anos na cadeia por um crime que o Marcus e nós cometemos, portanto é bom deixa-la em paz. Minha irmã não vai se vingar coisa nenhuma, ela tem bom coração, aquela entrada na inauguração foi só pra ameaçar mesmo...E se eu perceber que algo está fora dos eixos, eu mesmo corrijo. Com os Porto e Pompa, me entendo.

Alexandra: Não faça o tipo familiar depois de tudo que aprontou, Guga. Você não conhece a nova Susana. Ela e o Munique podem ser perigosos e nem adianta me impedir: Se for necessário, líquido os dois! Você nunca se importou com os Porto e Pompa de fato, então deixe eles COMIGO.

Guga debocha: Acho que não preciso me preocupar, já que você mal consegue se mexer...Bom descanso, cunhadinha, eu devolvo o cartão depois.

Alexandra se irrita: Pode ir rindo. Saiba que com um telefonema eu consigo destruir todos, Guga...GUGA, VOLTA AQUI- Ele bate a porta- Quer saber, eu vou tomar outro banho, porquê o calor voltou...- E se apoia na bengala- E está aquecendo meu pobre corpo...

Dani fica chocada com a conversa. Ela sai rapidamente, aproveitando-se que Alexandra voltou para o banheiro.

Alencar a para: O que tá fazendo com a caixa em mãos? Não entregou para a dona Alexandra?

Dani nega: Ela estava tomando banho e eu não quis incomodar. Mais tarde eu entrego...- Ela sai correndo.

Alencar não entende.



Cena 08- Monte Castelo Hotel/ Int./ Dia.

Munique: Alô? Oi, mãe. Pode falar. Agora há pouco eu não podia falar...

Susana, desesperada: Sai desse hotel agora e vem aqui pra lavanderia. Daqui, vamos para o hospital. Sua vó está muito mal, e você tem que visitar ela. Se possível, não volte nunca mais praí.

Munique, tenso: O que aconteceu com ela, mãe?

Susana: Não é cabível falar por telefone. Estou te esperando aqui, Munique- Ela desliga.

Munique sai rumo a pista de submarinos.

Liana o vê, de longe: Hora de desvendar mais mistérios sobre esse Munique- Ela o segue- Se é que esse garoto se chama assim.

ELOSDIVÃ- Liana: Nossa estabilidade durou 18 anos. E espero que dure muito mais. Um garoto e sua mãe não podem nos ameaçar...Já disse pra Alexandra se livrar deles o mais rápido possível. Ou será que eu vou ter que mexer os pauzinhos?

Cena 09- Monte Castelo Hotel/ Int./ Quartos/ Dia.

Margot sai de um quarto. Dani se aproxima, já sem fôlego de tanto correr.

Dani se abana: Margot, cadê o Munique? Eu preciso falar com ele! É importante!

Margot: Com tanto trabalho pra fazer, eu nem tive tempo de olhar pra frente e conversar com alguém. Quer adiantar o assunto?- Ela está com um monte de lençóis nas mãos- Provavelmente, Munique deve estar com o pai.

Dani, aflita: É que ouvi uma conversa que pode interessar a ele. Uma coisa gravíssima. A dona Alexandra confessou que...

Alexandra aparece, em uma cadeira de rodas automática: Ouvi meu nome. Posso saber qual o assunto da vez?

Dani se apavora.

Alexandra exige: Fala, garota. TERMINA O QUE ESTAVA DIZENDO. O que eu confessei?


TERMINA O CAPÍTULO 24.
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