sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Elos- Capítulo 25 (O CARTÃO).

Cena 01- Monte Castelo/ Int./ Corredores/ Dia.

Alexandra, estressada: Responda logo, ou eu te demito agora mesmo! Impressionante como vocês amam meu nome! Já estavam debochando de mim, não é?

Dani se justifica: Não era nada disso, dona Alexandra...É que...Nós estávamos comentando sobre seu casamento com o senhor Marcus.

Dani coloca a mão no coração: Foi por muito pouco, Margot. Eu descobri coisas horríveis sobre essa mulher. Ela é muito perigosa e calculista...

Margot: Então eu te aconselho a não se meter com ela. Deixe isso com Munique. Ele não quer se arriscar? Pois bem. Prefiro continuar quietinha aqui no meu emprego, ganhando meu salário, e não me meter com os superiores. Guarda o que ouviu para ti.

Dani: Você tem razão...Eu vou voltar pra minha recepção, pros meus habituais em que posso ajuda-lo? e bem-vindo ao Monte Castelo Hotel. Até mais tarde- Ela sai.

Na recepção, Guga também está chegando.

Guga se dirige as recepcionistas: Escutem, eu estou procurando a dona Alexandra por todo o hotel e não consegui achar ela. Estou indo para a mansão de um colega e só volto amanhã, portanto quero que entreguem esse cartão a ela. E SOMENTE A ELA- Ele entrega- Vou confiar em vocês, meninas.

Dani arregala os olhos ao ver o objeto, principalmente por saber da sua história e do seu valor. Uma das recepcionistas responde Guga e guarda o cartão. O homem sai rumo a um submarino.

Dani fixa o olhar no cartão, que é guardado em uma gaveta: Ô Magali, onde estão aquelas fichinhas que a gente tem que usar com os hóspedes tipo B? De que cor são mesmo?

Magali: Já disse mil vezes, Dani, que são rosas e estão naquela gaveta. A mesma onde eu acabei de guardar o bendito cartão- Ela atende um telefone.

Dani abre a gaveta e pega as fichas, juntamente com o cartão. Ela o guarda no bolso da calça, sem que ninguém veja, e continua as atividades rotineiras.

ELOS- CAPÍTULO 25- O CARTÃO.

Roteiro: Victor Morais.

Cena 02- Lavanderia Porto e Pompa/ Int./ Dia.

Peninha come um prato de salada: Hoje eu nem fui para o Mundo Rurífico. A doença da comadre me deixou muito triste...E ninguém consegue vender nada com uma nuvem de tristeza ao seu redor.

Susana, inquieta: O Munique já devia ter chegado. Eu só espero que não tenham feito nada com ele naquele hotel... Mas logo vou estar lá pra acobertá-lo.

Suspiro repara: Peninha, porquê só tem folhas no seu almoço? Cadê o arroz, a carne?

Peninha se empanturra de alface: Porquê, comadre, depois disso que aconteceu com a Marcelina, eu não quero me arriscar. Ouvi dizer que comer muita coisa embutida e carne vermelha contribui para o surgimento do maldito tumor. A partir de agora, serei totalmente vegetariano. Carne nunca mais. Adeus picanhas suculentas e deliciosas e tão assadinhas- Ele baba.

Suspiro: Não dou dois dias para te ver com uma coxa de frango nas mãos.

Munique entra: Mãe!- Eles se abraçam- Eu não consegui parar de pensar no que me disse. Como está a vovó? Ela tá muito mal?

Susana revela: Está sim, filho. Sua vó descobriu um câncer no estomago. E provavelmente amanhã já vai se operar. A situação não está nada boa, e como ela anda muito preocupada contigo, quis que viesse para que nós fossemos até lá dar um conforto pra dona Marcelina. É bom que ela receba carinho. Mamãe está se mantendo forte...Só não sei até quando.

Munique, devastado: Câncer, mãe?- Ele fica sem reação.

Na mesma rua, Liana sai de um carro a serviço do Monte Castelo e vê o filho de Marcus junto com Susana.

Liana pega o celular: Bingo! Marcus vai ficar um tanto quanto desapontado ao descobrir que seu novo filho mentiu...- Ela dá zoom e tira várias fotos, naturalmente- Depois dessa, espero que o garoto com nome de cidade alemã seja escorraçado do hotel! E que de preferência volte para Feio Horizonte- E retorna para o carro.

Munique: Eu quero ir vê-la agora, mãe. Não posso imaginar como minha vó está se sentindo por dentro, mas o mínimo que está a meu alcance é ir conversar com ela. Se ela quiser, claro, porquê depois da minha saída tão rápida para ir morar com meu pai, não sei se...

Susana afirma: Ela não guarda nenhum ressentimento, pode ter certeza. Sua vó tem uma alma limpa. Peninha falou que vai nos levar...Ela vai ficar muito feliz em te ver, filho. Mamãe precisa do máximo apoio possível.

Peninha engole tudo: Podemos ir- Diz, de boca cheia- Já acabei a minha rica salada. De sobremesa, beberei um copo de água.

Suspiro: Eu ficarei aqui na lavanderia cuidando de tudo, mas diga a comadre que ainda vou visitar ela! Até porquê somos amigas há décadas...Ela é como uma irmã pra mim. Nos conhecemos mais que ninguém...

Susana sorri: Não tarde a ir visita-la, Suspirinho. Ela te considera muito- A mulher sai, indo rumo ao carro de Peninha.

Liana pega um monóculo e observa tudo.

Susana atravessa a rua, quando de repente um carro surge e por pouco não bate nela. O freio é brusco.

Rennê sai do carro: Perdão. Eu estou um pouco atordoado e nem vi que tinha alguém atravessando a rua- Ele se senta sobre o capô e respira fundo- Preciso me acalmar...

Susana, já recuperada: Não foi nada, só tenha mais cuidado, ou um acidente grave pode acontecer...Está tudo bem? Ah, que pergunta idiota.

Rennê a tranquiliza: Só preciso me acalmar mesmo. Tive um dia difícil e muito cruel...

Peninha aparece: O sobrinho de Meton Grana! Como vai, Rennê? Pelo visto já conheceu a Susaninha. Filha da Marcelina.

Rennê: Ah, você é a tão falada Susana? Prazer, Rennê. Na Suspirela você é o tópico mais quente...Tem uma história e tanto, não?

Susana o cumprimenta: Espero que estejam falando bem de mim por lá- Brinca- Bem, tenho que ir agora. Até mais, Rennê. E cuidado!

Rennê entra no carro: Até...- Ele acelera.

Peninha comenta: É impressão minha ou rolou uma troca de olhares calientes entre você e o sobrinho do finado Meton Grana? Ele é da classe dos herdeiros, Susana, pode ser uma ótima opção pra você...

Susana entra no carro: Foi só impressão sua mesmo. Ele quase me atropelou. O único olhar que trocamos foi o de pânico. MUNIQUE, ANDA LOGO!

Liana vê o carro de Peninha partir e se abaixa um pouco: Siga esse carango velho. E não perca eles de vista! Quero ver pra qual chiqueiro os porcos vão.



Cena 03- Hospital Recife/ Int./ Quarto de Marcelina/ Dia.

Munique entra: Vó...

Marcelina desperta lentamente: Oi, Munique. Entra. Você não sabe o quanto eu estava aguardando essa sua visita...

Munique: A gente precisa conversar. Eu sai sem me despedir direito, mas você sabe que fiz isso por um bem maior, e até agora está correndo tudo bem no hotel...O fato é que não me despedi, e quero te pedir perdão. Você me acolheu, me deu muito carinho. Preciso retribuir.

Marcelina sorri: Chega aqui perto, Munique. Eu não estou brava com você, apesar de já conhecer minhas posições sobre esse assunto da vingança. Só quero que você e toda minha família fiquem perto de mim. Antes não reagi a notícia da doença, mas agora comecei a pensar melhor, e se alguma coisa der errado na cirurgia...

Munique: Não fala isso nem de brincadeira. A cirurgia vai dar certo.

Marcelina: Nessas horas eu tenho que pensar em todas as possibilidades. E se a operação não funcionar e eu tiver que ir...Quero que cuide bem da sua mãe. Ela precisa muito de você, Munique. Você é o pilar da Susana. Se eu me for, já sabe o que fazer...Saiba que te amo muito, te amei até quando não conhecia seu rosto, agora mais ainda.

Munique, chorando: Nós vamos cuidar dela, e um do outro, porquê a cirurgia vai dar certo. Vou te visitar e você vai sorrir pra mim, como fez desde que descobriu que sou seu neto...Deus não vai te levar, vó. Ele não vai dar essa tristeza para mim e para os Porto e Pompa. Você manteve a família. É uma guerreira.

Marcelina sorri: Se for minha hora, não vou poder evitar...Me dá um abraço, Munique. Eu quero te sentir de novo- Eles trocam longos carinhos- Te amo.

No corredor...

Munique bate a porta do quarto e faz sinal para que Peninha entre.

Susana: A Jucy foi tomar um banho, coitada...Ficou aqui por horas. Depois vai trazer o Caio pra ver a vó...- Ela pigarreia- E a mamãe? Conseguiu te convencer a sair do hotel?

Munique se senta ao lado dela: Bom você falar nesse assunto. Hoje eu presenciei algo curioso por lá. Meu pai disse, num surto de sinceridade, que se arrependeu de tudo que fez, e que ainda te amava.

Susana quase cai pra trás.

Munique pega no rosto da mãe: Tudo que ele precisa é de um incentivo para abandonar aquilo tudo e voltar a ter a vida de antes. Marcus quer ser uma pessoa simples...

Susana: É impressionante como você cai no teatro desse monstro. Se a Alexandra disser o mesmo, você vai acreditar! Lhe falta compreender a maldade dos outros. Sua inocência é até...

Munique afirma: Eu sei diferenciar o Marcus da Alexandra. São duas pessoas bem diferentes, com ideais nada semelhantes.

Susana: Não importa que ele esteja arrependido ou não. Marcus não me ama e o que fez comigo foi...Eu não preciso mais falar sobre isso. Ele merece o que há de pior. Aquele CD que me entregou já está bem guardado. E vou reunir mais e mais provas de que ele é um assassino, e ainda construiu ilegalmente o hotel...Quando tiver o suficiente, darei a tacada de mestre. Claro, tem outra parte do plano que é mais complicada, mas essa não te contarei.

Munique: E se eu conseguir te provar que ele tá arrependido? Vai desistir disso tudo?

Susana se levanta: Não, porquê ele não é o culpado, e também porquê pouco me importam seus sentimentos. Marcus por acaso se importou comigo quando me acusou diante de um tribunal? A resposta é explicita.

Munique suspira: Já vi que nunca vamos concordar, mas respeito seu ponto de vista acima de tudo. Tenho que voltar pro Monte Castelo agora. Mas depois eu volto...Pra ficar perto da minha vó. Eles ainda não sabem que conheço a sua família, e nem precisam saber- Ele beija a mãe no rosto.

Susana o olha por um momento, sem dizer nenhuma palavra, mas ao mesmo tempo expressando tudo o que sentia. Munique sai lentamente.



Cena 04- Suspirela/ Int./ Sala/ Início de Noite.

Dani pinta as unhas. Ela e os outros empregados do Monte Castelo Hotel já tinham chegado fazia algum tempo.

Ingrid mexe no celular. A garota repara em Mateus, que assiste a televisão quieto: Sabe que eu nem conheço sua voz, garoto? Temos um mudo na pensão?

Dani ri: Ele só não tagarela muito, como você, Indi. Mas tem um jeito meio misterioso... Você é sempre assim ou isso ainda é timidez inicial?

Mateus desliga a televisão: Esse é meu jeito. Eu não me entroso muito com ninguém...Porquê não vale a pena. Mistérios? Todos temos os nossos- Ele sobe as escadas.

Ingrid se benze: Haja negatividade! Esse Mateus deve ser insatisfeito com a vida, ou depressivo.

Margot e João chegam, sendo ligados por um fone de ouvido.

Margot, com um copo de água na mão: Essa é ótima! Eu amo essa música! Da sua playlist eu não posso reclamar de nenhuma...Só tem sons legais. Inclusive, sua lista de músicas deve ser parecida com a minha antiga.

João ri: Acho que o único fator que nos diferencia é...O gênero!- Eles se aproximam- Minhas melhores horas do dia são quando estou aqui perto de você.

Margot, vermelha: Eu...Também estou gostando muito da Suspirela. Estranhei no começo, mas agora é como se fosse minha casa. Maior, claro.

Suspiro, com os pratos em mãos: Essa frase devia estar na bandeira nacional, Margot- Ela arruma a mesa- Também gosto de hóspedes como você. Educada, prudente...Diferente de certos Peninhas.

Dani sopra as unhas: Eu preciso falar com vocês duas no quarto. Antes do jantar, de preferência. Não é nada sobre estética...

Suspiro anda: Então vamos para o escritório da Suspirela, que não serve para nada já que ninguém aqui é realmente um executivo- As três adentram no cubículo- Pronto, Dani, pode falar.

Dani tira o cartão de Guga do bolso: Estão vendo isso? Pode parecer um simples cartão de banco, mas é bem mais importante. É da Alexandra. O objeto que ela e o tal do Guga usam para roubar o dinheiro do Marcus. Consegui captura-lo e pretendo entregar para Munique. Pode ajudar ele, como me contaram sobre seu objetivo, logo liguei os pontos.

Margot, assustada: Você não devia ter feito uma coisa dessas! Alexandra pode descobrir e tentar algo contra você. Já disse pra deixar Munique atravessar a maré sozinho! Amanhã você vai devolver esse cartão, Dani!

Dani ri: Bobagem sua, Margot. Guardem esse cartão. Se soubessem o que ouvi aquela megera falar...Confessou o assassinato que tinha cometido no passado, falou com tanta naturalidade, que parecia não se importar.

Suspiro: Acontece que não lhe cabe derrubar a Alexandra e tentar incriminá-la. Não seja enxerida, Dani! Devolve esse cartão antes que uma coisa pior aconteça contigo. Jamais iria te perdoar! Você é minha única parente, portanto o excesso extremo de proteção nunca vai ser suficiente.

Dani abre o cofre: Eu sei o que estou fazendo. Entreguem esse cartão para o Munique quando virem ele. Vou guardar ele aqui, é mais seguro.

Suspiro, furiosa: DANI, EU EXIJO QUE DEVOLVA ESSE CARTÃO!

Margot alerta: A Alexandra não poupa ninguém, como você mesma já sabe, então ser contra ela é um grande perigo para qualquer um. Você ouviu muita coisa de valor, nessas horas deve se fingir de surda.

Dani fecha o cofre e coloca a senha: Ainda não vou fazer nada a respeito das barbaridades que ouvi, relaxem! Por enquanto, só estou entregando o cartão mesmo. Cuidem dele! Vai ser um trunfo pro Munique.

Margot e Suspiro se entreolham, balançando a cabeça em tom de reprovação.

Dani, alegre: VAMOS JANTAR!

Cena 05- Monte Castelo Hotel/ Int./ Restaurante/ Noite.



Guga passa pelos hóspedes, que jantam, animados. O falatório é grande. Alexandra está em uma mesa escondida, apreciando um vinho.

Guga se senta: Há anos não ia na fazenda do meu amigo Rosé. Ia ficar até amanha, mas não deu. Quanta fartura tem por lá, ainda se lembra dele?

Alexandra, sem ânimo algum: Caipiras ricos não me interessam. Cadê o cartão? Espero que não tenha sugado muito dinheiro- Ela faz barulho de sucção.

Guga dá de ombros: Mandei as recepcionistas te entregarem. Se são lerdas, a culpa já não é minha- Ele faz um telefonema- Alô? Passa pra recepção, por favor...Aqui quem fala é Gustavo Porto e Pompa. Deixei um cartão muito importante com as recepcionistas do turno matutino e queria saber que fim ele levou...

Alexandra, furiosa: Você é otário a ponto de deixar algo daquela importância nas mãos de umas recepcionistas? O cartão comprometia a gente, se alguma coisa acontecer...Olha, é burrice demais pra um dia só! SINCERAMENTE!

Guga tapa sua boca, ele segue no telefone: Como assim não tem cartão nenhum? Um objeto plastificado, amarelinho, menor que a palma da sua mão! NÃO PODE TER SE PERDIDO! Olha, eu vou achar os responsáveis, porquê o dito cujo era de extremo valor, e alguém terá de ser punido! NÃO QUERO SABER! UMA FALHA DESSAS É INADMISSÍVEL.

Alexandra, a ponto de derrubar a mesa: Eu não acredito que isso tá acontecendo. Alguém rogou praga forte pra mim. Tanta má notícia num dia só deve ser obra de alguém muito horrendo!

Guga desliga o celular. Eles se encaram: Calma, Alê...

Alexandra joga o vinho em sua cara: CALMA?- Ela olha para os hóspedes e diminui o tom- Como você quer que eu tenha calma com uma catástrofe dessas sendo anunciada na minha frente?! Nosso dinheiro...Ah, você é uma anta realmente! Um esquema que demorou anos pra se concretizar, sendo derrubado em um ato por culpa da sua falta de inteligência! E SE ALGUÉM ROUBOU, HEIN? Eu vou acabar com você aqui na frente de todos...A minha imagem não está boa, nada que não se possa piorar!

Guga pensa um pouco: No nosso dinheiro ninguém mexeu, mas eu sei como descobrir quem surrupiou o cartão. A recepção não o achou, então nós faremos isso. Senta aí na sua cadeira de rodas e me segue...

Na sala de câmeras...

Guga avança um pouco as filmagens: Aqui. Exatamente a hora em que entreguei o cartão para as recepcionistas. Vamos ampliar a imagem, e seguir em frente até que...Olha, uma delas guardou o cartão na gaveta.

Alexandra, estressada: Avança mais essa chatice.

Guga chega em um ponto crucial: Alguém abriu a gaveta. Vou congelar para tentar uma identificação...

Alexandra fica sem palavras: Eu conheço essa garota!! Ela...Tava falando sobre mim hoje mais cedo e...Guga, temos uma inimiga secreta infiltrada no hotel! Ela roubou o nosso cartão!

Guga queima os miolos: Mas como ela poderia saber a origem do nosso cartão? Pra quê o roubaria? Tem alguma peça faltando!

Alexandra circula com a cadeira de rodas: Tenta achar a parte em que a gente conversou hoje mais cedo. Anda logo e não me cobra explicação.

Guga procura um pouco: Se a mestra mandou, como já dizia a brincadeira- Ele consegue a parte em questão- Aqui está...Você saindo do banheiro e falando sozinha com uma bengala. Que calamidade, Alexandra...Agora voltou para o quarto e...

Alexandra fica horrorizada com o que vê: A loira entrou no quarto, Guga. E AINDA SE ESCONDEU ATRÁS DAS CORTINAS! Como a gente não percebeu? Olha os pés da bandida bem debaixo dos nossos narizes! E ela ouviu tudo. Absolutamente tudo que nós conversamos. Inclusive do assassinato.

Guga, desespera: A gente precisa dar um jeito nessa moça. Aliás, descobrimos quem ela é, quais suas intenções, e depois tomamos as providências mais drásticas.

Alexandra: Você vai fazer tudo isso, lhe dou uma hora pra levantar a ficha completa da oxigenada. Já pensou se ela for uma jornalista? E se tiver gravado nossa conversa? O QUE ESSA INFELIZ VAI FAZER COM AS INFORMAÇÕES E O CARTÃO? Não temos tempo a perder, Guga. Um minuto pode ser suficiente pra bomba explodir.

Cena 06- Monte Castelo Hotel/ Sala 012/ Int./ Noite.

A sala era enorme, e o lugar ideal para a família fazer o que quiser. Na enorme televisão, Andressa programava o karaokê.

Andressa pega o microfone: Como sou uma cantora nata, já posso me anunciar a vencedora dessa competição musical.

Bárbara: Diz isso porquê ainda não viu a Fernie cantando! Ah, e também não sabemos do Munique. Vai que ele tem uma voz potente!

Marcus sorri: Se ele cantar como eu, garanto que será um desastre. É por isso que não vou participar do karaokê hoje. Não quero pagar mico na frente das visitas- Ele se acomoda- Aliás, é muito bom ter vocês por aqui! Miguel não quis vir?

Fernie: Meu pai não dá sossego para os cavalos nem de noite. Mas viemos aqui meio que fugidas dele...O senhor Ferrari resolveu me provocar e hospedou o Conde Gian no haras depois que terminei o noivado com ele.

Marcus mexe no celular: Miguel sempre possessivo...Vou resolver teu problema, Fernie, e oferecer hospedagem pra esse Conde inconveniente. Na Itália não tem nenhum hotel submarino para que ele se gabe.

Andressa programa a televisão: Esse karaokê não está querendo funcionar. De duas, uma: Ou se assustou com minha aparência gótica, ou estou sendo sabotada para não cantar. Justo hoje que minha voz estava ótima...Melhor irmos para a pista de boliche.

Bárbara: Até eu me assustei com sua aparência, Andy! Você foi bem radical.

Andressa ri: Essa medida foi temporária. Só queria irritar minha mãe um pouquinho. Ela ignora a minha existência, então eu tenho que pegar no pé dela...

Alexandra surge, ainda na cadeira de rodas. Está no ápice da tensão: É uma pena que sua tática seja falha, Andressa, porquê mesmo assim eu continuo não me importando com você. A única coisa que conseguiu foi ficar mais feia e ridícula do que já era...Achei que não era possível!

Marcus, impressionado: ALEXANDRA!

Alexandra: Eu estou falando alguma mentira, querido? Digo o que penso. Andressa, a cada mudança, você se afunda mais e mais. Não tem jeito! Quando uma pessoa vem pro mundo pra ser um poço de desgosto, nem Deus consegue mudar! Infelizmente sou mãe de um ser assim.

Andressa rebate: Ao menos eu sou feliz e não devo nada pra ninguém. Não escondo nenhum segredo, nem sujeiras embaixo do tapete...Resumindo: Livre de alma. Já sua alma deve estar podre...

Andressa começa a rir: Você é tão ridícula tentando me atingir que dá até pena. Eu vou ignorar e ir pro meu quarto. Tenho coisa mais importante pra fazer! INFELIZMENTE NÃO HÁ TEMPO PRA DIVERSÃO!

Bárbara se levanta: Alê, o que está acontecendo com você?

Andressa responde: Ela está fracassada, ameaçada, derrotada nessa cadeira de rodas! Simples assim! Tá pagando pelo que fez no passado! Pelos crimes que cometeu!

Alexandra avança pra cima dela: CALA ESSA SUA BOCA OU EU TE COLOCO PRA FORA DO MEU HOTEL! VAI PRO INFERNO!

Andressa não para: Pena que você não está podendo curtir sua lua de mel depois de obrigar meu pai a renovar os votos do casamento...Você ia obrigar ele a transar contigo também?

Alexandra se levanta, dá um murro em Andressa e a derruba no chão: VOCÊ É A PIOR COISA QUE ME ACONTECEU! EU TE ODEIO!

Todos ficam horrorizados com as palavras. Andressa permanece caída.



Cena 07- Monte Castelo Hotel/ Ext./ Estacionamento.



Saskia entra no carro: Todos voltaram andando pra Suspirela hoje...E fizeram bem, se tivessem esperado a gente...

Alencar, estressado como sempre: Melhor. Não aguento mais aqueles jovens perturbando o meu sossego no carro. Tive um dia péssimo, aconteceu uma confusão por conta de um mero cartão sumido e a responsabilidade caiu sobre mim de novo...SEMPRE EU!

Saskia coloca o cinto: Não incite o stress em si próprio. Vamos relaxar quando chegarmos em casa! Podemos ver um filminho, tomar sorvete...

Alencar ri: Não. Isso não vai ser possível porquê dentro da casa do meu tio tem uma pessoa que idealiza em mim o perfil de um assassino, uma pessoa que me acusa de empurrar outra da escada! Como posso relaxar?

Saskia: Queria chegar nesse assunto mesmo...Naquela noite você estava mais irritado do que usualmente está, por conta daquela confusão com os manifestantes...Com essa raiva toda, você pode ter cometido...

Alencar grita: NÃO TERMINA ESSA FRASE, SASKIA! Até minha própria esposa desconfiando de mim? Eu me sinto horrível, e acima de tudo, injustiçado! VISTO COMO UM ASSASSINO POR TODOS! Quer saber? Eu vou a pé pra casa. Não suporto desconfiança...E se duvida mesmo da palavra do seu esposo, peça o divórcio antes que role escada a baixo também!- Ele sai.

Saskia: Alencar, volta aqui, nós estamos tendo uma conversa normal. Eu não te acusei, é só que...

Alencar atravessa a rua, sem ouvi-la e logo desaparece na escuridão da rua.

Saskia coloca uma música relaxante para tocar, tira um chiclete da bolsa e começa a masca-lo. Acelera o carro. Ela se lembra das acusações que Rennê fez ao irmão e reflete um pouco. De súbito, algo se fixa no pneu, furando-o. Saskia freia. Era a única na rua.

Saskia grita: AH, NÃO ACREDITO! Isso vai acontecer justo quando tô sozinha?- Ela sai e verifica o pneu traseiro furado- Rennê vai poder me ajudar, não estou tão longe assim de casa...- Ela pega o celular.

De um matagal próximo, alguém vê a cena e se aproxima lentamente de Saskia, que faz a ligação. Nenhum carro passava pelo local. A pessoa dá passos largos até chegar por trás da mulher.

Saskia: Caixa postal de nov...- Ela percebe uma sombra atrás de seu corpo e se vira lentamente.

O grito de Saskia é alto.

Cena final- Hospital Recife/ Int./ Quarto de Marcelina/ Noite.

Marcelina repousa, contudo o descanso é interrompido quando alguém chega para visita-la na importuna hora. No quarto, só se encontrava a matriarca dos Porto e Pompa. Susana jantava no restaurante do hospital, enquanto Jucy e a família já tinham ido para casa.

Liana sacode o cobertor dela: Ei, acorda! Nem pense em dormir! Fiquei o dia todo aqui, esperando uma oportunidade pra te visitar na surdina!

Marcelina desperta: Susana...É você?

Liana ri: Eu tenho cara de criminosa? Quer dizer que Celeste Reis está com câncer, que notícia lastimável! Pior ainda foi saber que a assassina de Tião do Povão estava solta de novo...

Marcelina levanta-se na hora: O que significa isso, Liana? O que quer de mim?

Liana: Queria ver seu estado de saúde, minha amiga. Acima disso, quero garantir que não vai contar nada para Susana. E quando digo “ nada”, é sobre aquela história...

Marcelina: Já disse que nunca vou contar pra Susana sobre a história da paternidade dela, te assegurei isso e não vou reafirmar toda vez que se sentir insegura, Liana! Me deixa em paz, e pode ficar em paz também, agora só quero a companhia da minha família...E do meu neto. Espero que não faça nada a ele, ou...

Liana pega a bolsa: Essa parte já não é comigo, e sim com a Alê. Cá entre nós, ela tá querendo se livrar do Munique, se quiser te passo o contato da Senhora Vilalobos pra tentar convencê-la do contrário... Agora que já ouvi da sua boca seca que nunca vai contar pra Susana sobre o causo, posso dormir em paz. Do contrário eu teria de agir...E aí seria penoso!

Marcelina, indignada: LIANA, VOLTA AQUI! EU QUERO QUE PROTEJA O MEU NETO, OU ENTÃO EU VOU TER QUE CONTAR...

Liana protesta: Você não disse agora mesmo que jamais ia contar? Está com câncer ou transtorno bipolar, Celestinha?

Marcelina: Acabei de mudar de opinião depois de comprovar sua deslealdade. Ou protege o Munique, ou eu conto pra Susana que ela é filha do Tião, e portanto é herdeira dele!

Susana termina de abrir a porta: O que você disse, mãe?

Liana se vira. Marcelina esconde o rosto, tamanha a vergonha.

Susana não consegue acreditar no que ouvira.



TERMINA O CAPÍTULO 25.
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