Cena 1. Fachada da casa de Olívia e Maurício - Começo de Tarde
Elis entra, ainda comovida.
Olívia, que estava na poltrona, se levanta: Filha... Eu te vi lá na
frente com um rapaz, mas...
Elis: Será que a gente não pode ter essa conversa depois, mãe? Eu só
queria trocar de roupa, fazer qualquer coisa pra ver se me distraio um pouco.
Olívia: Olha, no seu lugar eu não iria até seu quarto. Sua irmãzinha
acabou de chegar, chorando! Com cara de quem não quer ver gente, enfim... Você
conhece o tipo.
Elis, impaciente: Ai, mãe... Eu não tô mais podendo me desgastar com
essa sua luta contra minha irmã, então, por favor, me poupa disso.
Olívia fica perplexa: Que isso, Elis? Já me basta o seu pai, mas eu não
vou tolerar que você siga o exemplo desse comportamento grosseiro dele. Me
ouviu?
Elis tenta se explicar: Desculpa, mãe, eu só quero me trancar no quarto.
Tentar me aliviar um pouco, como todo mundo tem direito.
Olívia: Tá bom, filha. Desisto! Eu só tenho que te dar um recado, senão
esqueço depois. O Guilherme veio te procurar.
Elis, surpresa: O Guilherme?
Cena 2. Casa de Olívia e Maurício - Quarto de Elis e Lana - Começo de
Tarde
Lana entra chorando. Ela joga sua bolsa em um canto qualquer, depois,
seu corpo, sobre a cama.
Ela tem uma sequência de flashbacks.
Lana se irrita: Eu teria o mundo, não é? Mas como eu tô doente, como
você insiste em não deixar que eu esqueça por um segundo dessa maldita doença,
eu não posso nada. Aliás, posso. Posso ser obrigada a ir pra Tasmânia, se você
decidir trabalhar por lá.
Marina: O verdadeiro motivo dessa nossa ida ao Brasil, é a sua doença,
filha. Nós estamos indo atrás de um transplante pra você, porque nem isso eu
pude te dar... Nós estamos indo atrás do seu pai.
Maurício limpa ou olhos da filha: Esse refúgio, essa harmonia toda, a
gente chama de família, Lana. Uma família de verdade. Uma família que se ama. E
eu tenho certeza de que já te amo, filha.
O médico: Você não vai poder realizar essa cirurgia, Maurício, porque o
resultado é negativo. O seu sangue não é compatível com o da Lana.
Elena se estressa: Meu Deus, Lana! Você percebe que tá fazendo comigo o
mesmo que fez com a sua mãe? A diferença é que agora, o Ethan é o Maurício.
Agora eu vou desligar, tá ok, porque eu não sou masoquista a ponto de ficar
aqui esperando os seus insultos.
Ethan: Nenhum cara aqui ou do Brasil vai querer ficar com você. Nenhum
cara vai querer namorar uma menina meia boca, que agora tá praticamente morta.
Sem chances.
Lana chora. Chora muito. Lágrimas sofridas, desesperançosas. Como se sua
última chama dos seus sonhos tivesse sido apagada por uma realidade cruel. Como
se ela tivesse cultivado essa
realidade, e sua culpa só não fosse maior que falta de esperança que
pairava a vida da garota.
Elis interrompe o momento, entrando logo que bate na porta: Lana...
Minha mãe me contou que você tinha vindo pra cá chorando...
Lana abraça forte a irmã, ainda em lágrimas: Me ajuda, Elis... Me ajuda
- suplica.
Elis não sabe como ajudá-la, apenas corresponde ao abraço,
sensibilizada.
Cena 3. Casa de Olívia e Maurício - Sala de Jantar - Tarde
Apenas Olívia e Maurício estão sentados à mesa do almoço.
Olívia nota: Você demorou pra chegar, Maurício. Pensei que tivesse saído
com a Lana - ela não é respondida, e se irrita. - Será que eu vou ter gritar
pra ser ouvida?
Maurício: Não, eu estou um pouco desorientado... Mas eu saí com ela sim.
Mas eu deixei ela aqui, porque precisa espairecer um pouco, refletir sobre tudo
o que tem acontecido. Infelizmente, Olívia, eu saí dessa casa hoje.
Olívia: Você sabe que o problema não foi esse. Você sabe que o problema
começou bem antes. Quando decidiu acreditar nessa história maluca, quem sabe.
Maurício, não entende, mas permanece calmo. Depois do que acontecera,
não tinha forças pra iniciar uma discussão: Não tinha história pra acreditar,
Olívia. Tinha a minha filha que precisava de mim... - mas é interrompido.
Olívia insinua: Bom, isso é o que a mãe dela diz, não é? Agora, que
prova você tem de que a Lana é realmente a sua filha, Maurício? Porque se esse
exame não correspondeu suas expectativas, meu amor... Quem sabe nem a tal
Marina sabe quem é o pai da garota.
Maurício: Eu tô desolado, Olívia. Tenta respeitar esse meu momento.
Cena 4. Casa de Teodora - Tarde
Teodora arruma as malas, enquanto conversa com a amiga: Quer dizer que o
Guilherme foi mesmo atrás de você?
Elis: Parece que sim... Mas sabe que eu tá me sinto egoísta me
martirizando com isso? Porque parece pouca coisa, perto do que a minha irmão tá
passando. Ela tá completamente sem rumo. Como se tivesse presa, dentro de um
aprisco, e o último pastor tivesse desistido dela. Como se a vida dissesse pra
ela que não vale mais a pena... - Elis lacrimeja - É tão deprimente ver ela
nesse estado. Sem ter a quem recorrer. E eu que nunca fui acostumada a dar
conselhos, só pude ouvir.
Teodora: Que isso, Elis? Claro que tá difícil pra ela, mas a vida não é uma
balança em que a gente pesa os problemas, como se o seus fossem mais leves que
os dela. Não, Elis! Tudo é muito relativo.
Elis: Além de relativas, as coisas contrastam demais. Porque enquanto
existe o Guilherme, que foi procurar, pouco tempo antes, eu estava totalmente
envolvida no que o Zeca me falou. Foi lindo, Teodora.
Teodora: Mas não podia ser diferente. Tá mais que claro que ele gosta de
você e... Vice versa, não é? Uma hora vocês iam ter que assumir esse sentimento
que se formou aos poucos.
Elis, suave: Não sei... Eu só sei que vou sentir muita da minha
amiga que decide viajar assim, de última hora.
Teodora: Ah, você sabe que por mim eu não iria, mas com toda essa
pressão do meu pai...
Fabíola aparece: Desculpa atrapalhar a conversa de vocês. Mas eu acabei
ouvindo e tive uma ideia, um convite, na verdade, pra te fazer, Elis. E esse
você não pode recusar! Por que você não vai com a gente pra praia?
Elis sorri, simpática: Não sei, quer dizer, não tenho certeza.
Teodora gosta da ideia: Pois você vai sim! Nada contra você, Fabíola.
Mas não me abandona numa hora dessas, Elis.
Fabíola: Eu te entendo, Teodora, eu também já fui adolescente. Mas eu
não vou te entender caso você recuse, Elis.
Elis ri: Depois da intimação... Eu juro que vou pensar - ela se levanta
- Mas agora eu tenho um treino... Eu posso dar a resposta depois?
Fabíola: Mas é óbvio que não! Você pode aceitar depois, Elis. É a sua
única alternativa - brinca.
Mais tarde...
Cena 5. Clube - Fim de Tarde
Guilherme está na espreita, esperando por Elis. Ele se lembra do que o
irmão falou:
Ricky: Então você vai procurar ela de novo, Guilherme. E vai continuar
insistindo, até que vocês finalmente resolvam esse história.
Elis, que já saia do clube, o vê. Ela espera que o garoto saia até
voltar para dentro, onde vai até Beto.
Elis o cutuca: Beto! Eu preciso falar contigo.
Beto: Elis... Nós acabamos o treino agora. Aconteceu alguma coisa? Você
quer uma carona?
Elis: Não, não tem a nada a ver com isso, é só que eu queria trocar os
horários dos treinos.
Beto não entende: E por quê, Elis? Tem algum problema com o nosso
horário atual?
Elis se lembra da vinda de Guilherme: Não... Os horários só não estava,
batendo com os lá de casa.
Beto: Bom, não vai me custar nada... Então eu não vejo problema que você
troque. Você me liga e acertamos isso mais tarde, pode ser? Eu tô sem tempo
agora, tenho uma outra aula...
Elis: Pode, claro. Mas eu tenho urgência, viu? O quanto antes esse
horário for trocado... Melhor.
Cena 6. Apart Hotel - Flat de Marina - Fim de Tarde
Marina ouve batidas na porta. Ela vai abrir.
Lana aparece: Eu que pedi pro porteiro não me anunciar, mãe, ele já me
conhecia, e...
Marina não se interessa pelas explicações: Lana, por que é que você tá
chorando, minha filha?
Lana tenta conter as lágrimas: Porque só hoje eu me dei conta de que
preciso de você mais do que de qualquer outra pessoa nesse mundo. Eu preciso do
teu colo, do teu amor, mãe - ela desaba, caindo de joelhos e abraçando as
pernas de Marina - Me perdoa, mãe. Me perdoa por tudo.
Fim do nono capítulo.


Elis fugindo de Guilherme. Será que isso fará bem a ela?
ResponderExcluirFiquem com mais um capítulo! Amanhã, temos a continuação da cena de Lana e Marina.
Que bonitinha a cena da Elis e da Lana. Olívia quer tirar a qualquer custo Lana da sua vida ou é impressão minha??! Lana só vem com cenas fortes, está explorando bastante a personagem, o que por um lado é bom, está ótimo. Parabéns pelo capítulo, João.
ResponderExcluirOs próximos capítulos podem te responder!
ExcluirA Lana ainda terá muitas cenas do tipo, com a família, principalmente.
Agradeço!
Eu não sei, mas acho que a Olívia pode se tornar uma pessoa perigosa com essa rejeição a Lana. Guilherme e Elis precisam se resolver logo, ou ele vai acabar doido. Se bem que esse merece tudo que está tendo. Achei tocante a cena de Lana e Marina.
ResponderExcluirOlívia, perigosa? :o
ExcluirGuilherme e Elis devem sim resolver sua situação, mas parece que não é essa a vontade da garota...
Hoje teremos a continuação dela. Obrigado por deixar seu comentário!
Quase que choro junto com a Lana. Muito comovente as cenas dela nesse capítulo. :(
ResponderExcluirAinda bem que ela pediu perdão à mãe, pois Marina merece.
E Olivia tá bem chatinha...
Quero que sejam comoventes, sim! Mas ela logo sai da depressão. Quanto a Marina, ela não há de recusar o pedido.
ExcluirMuitos contra a Olívia... Tadinha.
Obrigado por comentar!
Que tensão nessa família, mas é bom ver a relação das duas irmãs por enquanto... Até quando vai durar isso? Eu não sei. Se depender de NeurOlívia então...
ResponderExcluirÉ bom saber que Lana vai se reconciliar com a mãe. A pobre que na verdade não é pobre está sofrendo um bocado com tantas mudanças. Quem não? É como uma montanha-russa.
Elis fugindo de Guilherme, mas quando a gente tenta fazer isso, normalmente as pessoas indesejadas aparecem mais e mais.
É sina.
As duas serão amigas por um bom tempo, sim. Felizmente, não é da NeurOlívia que depende, haha;
ExcluirTanta coisa nova acaba chocando, mesmo. Mas que seja definitiva a reconciliação.
Será que Guilherme continua mesmo a aparecer? Quem sabe ele conhece uma nova pessoa...
Obrigado por comentar, Victor!