quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Somos Tão Jovens/ Viva Teu Momento - Capítulo 10


Somos Tão Jovens, capítulo dez:

Cena 1. Apart Hotel - Apartamento de Marina - Fim de Tarde

Marina não se interessa pelas explicações: Lana, por que é que você tá chorando, minha filha?

Lana tenta conter as lágrimas: Porque só hoje eu me dei conta de que preciso de você mais do que de qualquer outra pessoa nesse mundo. Eu preciso do teu colo, do teu amor, mãe - ela desaba, caindo de joelhos e abraçando as pernas de Marina - Me perdoa, mãe. Me perdoa por tudo.

Marina que também chora, tenta levantar a filha: Não precisa se ajoelhar, filha... Não precisa me pedir desculpas, por nada. Eu é que não devia ter te deixado ir com o seu pai. Ele desistiu de você, é isso, não é?

Lana se levanta: Não tem nada a ver com meu pai, mãe. Tem a ver comigo. Comigo, que não sei viver sem a minha mãe. Sem você.

Marina se senta no sofá: Vem aqui, Lana. Senta do meu lado - Lana o faz - Me conta, o que foi que aconteceu?

Lana é sincera: Só lendo meu diário que nem existe você entenderia, mãe. Sinceramente, tanta coisa aconteceu em tão pouco tempo. Mas além de me desculpar, mãe... Eu queria te pedir pra voltar a morar com você.

Marina: É claro que você pode vir, filha, que pedido absurdo. Mas por quê? Você tá querendo me esconder alguma coisa?

Lana ainda chora: A única coisa que eu tô querendo, mãe, é ficar aqui, com você - ela abraça Marina - A gente sempre uma relação um pouco complicada, mas a verdade é que o seu abraço me conforta. Aqui eu me sinto blindada, me sinto livre pra respirar, esquecer do mundo lá de fora. Pena que antes eu abusava dessa liberdade, te abusava... Mas eu juro que me arrependi. Juro, mãe!

Marina corresponde ao abraço: Eu também juro, filha, que vou te proteger. Te protejo desse monstro misterioso que você não quer revelar a identidade. E de qualquer outra coisa. Ouviu?

Lana se aconchega nos braços da mãe. Marina ainda está pensativa.

Cena 2. Casa de Olívia e Maurício - Quarto de Elis e Lana - Fim de Tarde

Elis está no quarto.

Olívia aparece: Elis, filha. A Teodora tá aí, disse que veio se despedir. E eu nem sabia da viagem, acredita?

Elis: Foi de última hora. Mas você pede pra ela vir aqui, por favor?

Olívia acata. Pouco depois, entra Teodora.

Teodora: Eu fiquei esperando uma ligação sua, mas como nem a isso você se dignou... - ela diz, brincando - Sério que você não vai comigo?

Elis abre seu armário, de onde tira uma mala: Você acha que eu te chamei aqui pra quê? Eu detesto arrumar bagagem, por isso, você vai ajudar - ela estende a mala sobre a cama.

Teodora se amina, indo até a amiga: Olha que vir aqui me rendeu bons frutos, hein? Mas por que você decidiu ir de repente?

Elis: Não foi de repente, eu já cogitava...

Teodora impede que ela termina: Conta outra, Elis. Quem é que gostaria de passar o fim de semana com a madrasta da amiga que mal conhece e a filha chata dela?

Elis: Não dá pra mentir pra você... Então, eu admito que foi uma coisa muito chata que aconteceu lá no clube que me fez tomar essa decisão repentina. Você não sabe quem foi me procurar - conta.

Teodora: E sou péssima em adivinhação. Então, me conta logo!

Elis confessa: Foi o Guilherme que apareceu. De novo. E eu sei que parece péssimo, mas eu não quero mais conversar com ele, não quero mais ver ele... Eu tenho medo de que...

Teodora: De que você ainda goste dele. De que essa história tenha sido mal contada. Mas fugir dela, Elis... Será que é esse o caminho pra ajustar esses detalhes?

Elis: Sendo ou não, Teodora, o único caminho que eu vou rumar, agora, é o do litoral, com você, com a madrasta que você tanto reclama.

Teodora cessa: Tá bem, você me convenceu. Mas olha, não pensa que eu apoio essa fuga, hein? Eu só te deixo ir porque, senão, eu ia aproveitar essa deixa de dia contra a prevenção do suicídio... E você já sabe o resto.

Elis joga uma almofada na amiga: Vamos logo terminar de arrumar essa mala. Eu sou aluna do seu pai, sei o quanto ele detesta atraso.

Cena 3. Apart Hotel - Apartamento de Marina - Noite

Marina anseia por uma visita. Até que, finalmente, a campainha toca. Lana já estava no quarto, deixando a mulher sozinha na sala.

Maria atende à porta: Maurício. Que bom que você veio.

Maurício entra, empurrando sua cadeira: Vim, mas antes eu queria saber o motivo tão importante que você não podia me contar por telefone.

Marina: Na verdade, Maurício, o único a me dever explicações aqui, é você. Eu quero que você me diga sem poupar nenhuma sílaba. O que é que você fez com a minha filha?

Maurício não entende: Como assim, com a sua filha, Marina? Pensei que a Lana fosse nossa filha...

Marina: Não complica as coisas, Maurício. Você entendeu. Agora me responde.

Maurício: Acho que eu também tenho direito a fazer perguntas, Marina. Então começa você me respondendo... Por que o resultado do exame de compatibilidade deu negativo?

Marina se choca: O exame de compatibilidade deu... O QUÊ?

Maurício: É ISSO MESMO, MARINA! NEGATIVO! Eu só não entendo porque você fez isso comigo, fez isso com a sua filha... Será que foi tudo pra me perturbar?

Marina: Eu acabei de descobrir que você não vai poder realizar o transplante da Lana, e... Se você puder me deixar pensar um pouco.

Maurício: É claro, pra você seria muito conveniente pensar numa desculpa. Eu só não entendo como você não pensou nela ainda, do jeito que você planejou tão bem as coisas, as datas...

Marina: Eu não tô te entendendo, Maurício. Aonde você quer chegar com isso?

Maurício revela: Eu não quero chegar a lugar nenhum, Marina. Mas também não vou permitir que você chegue. Ou você realmente achou que fosse esconder a farsa por muito tempo?

Marina: Farsa? Só se isso for uma brincadeira de péssimo gosto sua, por que...

Maurício, irado: CHEGA, MARINA! CHEGA DE FINGIR, ESSE SEU CINISMO ME IRRITA! Nós dois sabemos por que foi esse o resultado... NÓS DOIS SABEMOS QUE A LANA NÃO É MINHA FILHA!

Do corredor, Lana ouve a gritaria.

Marina se aproxima do ex-namorado, indignada: OLHA AQUI, MAURÍCIO! EU NÃO VOU TOLERAR QUE VOCÊ ENTRE NA MINHA CASA, QUE ME OFENDA DESSE JEITO, TUDO POR CONTA DE UMA INVENÇÃO DA SUA CABEÇA! Se você ficou descontente em não poder ajudar a Lana, eu também fiquei, mas apontar um culpado, não vai adiantar!

Maurício grita: MAS É CLARO QUE NÃO! Quando se é você, culpar, punir, não adianta, não é mesmo? Porque eu já sei de tudo, e mesmo assim você insiste nessa mentira!

Marina: Mentira... Mentira foi tudo isso que a Lana viveu com você! Eu por um momento, Maurício, POR UM MOMENTO, cheguei a acreditar que você tivesse deixado de ser o Maurício de 20 anos atrás. O Maurício que não preocupava com nada nem ninguém, o Maurício que não se importava nem com os próprios sentimentos! Mas eu não! Eu mudei! Eu cresci! Eu me tornei MÃE! E felizmente, Maurício, eu felizmente não sou a mesma Marina de antes. Porque a nova Marina não vai tolerar que você se aproxime mais uma vez da filha dela. Não vai tolerar que você machuque a filha dela mais uma vez... A filha que era nossa. A filha que foi nossa, mesmo que por uma semana. Porque agora, as coisas vão voltar a ser como há dias atrás: eu e a Lana. Sem você pra desgraçar as nossas vidas.

Maurício continua exaltado: VOCÊ É QUE ESTRAGOU A MINHA! Você e a sua filha! Estragaram meu casamento, minhas pernas... Vocês destruíram a minha vida!

Marina tapeia o marido de Olívia: Você é que estragou a sua própria vida! Mas eu não vou permitir que você o faça com a vida da MINHA filha! Então vai embora, vai embora da minha casa, da minha vi…

Mas antes que ela termine, Maurício revida o tapa. Lana, pasma, aparece, chorando.

Todos trocam olhares. Maurício treme.



Cena 4. Casa de Olívia e Maurício - Sala Principal - Noite

Fabíola e Olívia estão sentadas nas poltronas, tomando café.

Olívia: Tem certeza que o Erasmo não quer descer?

Fabíola leva a xícara até a boca: Tenho sim, nós estamos até atrasadas. Daqui a pouco começam as buzinas no carro.

Olívia: Mas vocês não iam de manhã?

Fabíola explica: Na verdade, vamos sim. Mas o Erasmo já dorme cedo naturalmente, amanhã que vamos acordar logo de madrugada, então… Mas que bom que a Elis decidiu ir.

Olívia: Eu também soube ainda há pouco, mas acho que vai fazer bem pra ela espairecer um pouco. Acabou de terminar o namoro… Sabe como é.

Fabíola: Então essa viagem vai fazer bem pra todo mundo! Eu até insisti que ela viesse… Longe de mim querer parecer chata, mas a Teodora e minha filha, embora tenham a mesma idade, não têm absolutamente nada em comum… Então, como minha filha é tenista também, pensei que a Elis pudesse fazer ponte entre as duas.

Olívia sorri: Acho que foi uma boa ideia essa sua - elas ouvem buzinas vindas do carro de Erasmo – Bom, me deixa ir apressar as meninas.

Cena 5. Apart Hotel - Apartamento de Marina - Noite

Maurício: Lana, você tava aí? Pensei que você tivesse ficado em casa...

Lana chora: Eu tava aqui, Maurício, esse tempo todo… E ouvi tudo - ela diz, com nojo - E se por algum motivo você desconfia da minha mãe - Maurício começa a falar, mas a garota o corta, falando mais alto - SE POR ALGUM MOTIVO VOCÊ NÃO QUER SER MEU PAI, eu sinto muito em te dizer que, a recíproca, é verdadeira. Eu é que não quero ser sua filha… Filha de uma pessoa assim como você, covarde, fraca. Porque desiste no primeiro obstáculo. Agora, por favor, SAI DAQUI!

Maurício: Lana, você não precisa ser tão dura...

Lana o interrompe mais uma vez: Você é que não precisa continuar aqui! Você é que não precisa ser assim, tão sonso. Agora eu tenho mais que certeza de que eu sou a maior premiada em não ter você como pai.

Maurício: Meu Deus, Lana... Eu nem prestei atenção no que estava falando, a Olívia que me chegou com essa questão hoje... Lana, Marina... Eu não queria ter dito uma coisa dessas, feito isso... Mas...

Lana: Mas disse! Mas fez! E só de saber que essa dúvida passou pela sua cabeça, eu já sei que você não é quem eu pensei que fosse. Agora, por favor, eu peço com a educação que a minha mãe soube me dar - ela abre a porta - Vai embora.

Maurício o faz. Marina encara a filha. Ambas choram.

Mais tarde...

Cena 6. Apartamento de Zeca e Beto - Quarto do garoto - Madrugada

Todos dormem. Mas Zeca acorda, depois de se incomodar com um barulho que vem da varanda. Ele caminha até lá, e abre as janelas, quando se surpreende: uma garota atirava pedras no vidro.

Zeca: Elis?





Fim do décimo capítulo.
← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

8 comentários:

  1. A-M-E-I o K.O duplo que Maurício levou de Marina e Lana, minha vontade era de estourar uma champanhe. Elis querendo fugir dos problemas? Essa receita não funciona bem, ao voltar os problemas vão estar a espera dela e piores. Elis vidaloka arremessando pedras na janela de Zeca? :O

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Estourar champanhe no momento de tanto sofrimento? Coitado do Maurício!
      Sim, os problemas nunca desistem da gente, embora queiramos que sim.
      Elis seguindo os caminhos da vidalokagem! O que esperar?
      Agradeço o comentário, Go!

      Excluir
  2. Que bom que a Lana e Marina se entenderam. Gosto delas. Maurício é um covarde! Acreditou na história da esposa e ainda por cima agrediu a pobre Marina, que horror! O que faz Elis atirando pedras na janela do rapaz? Coitado, nem dormir mais pode! Capítulo excelente, como de costume.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Será que o entendimento perdura por muito tempo?
      Maurício acreditou mesmo no que Olívia disse. Mas acredito que seja ele o culpado.
      Obrigado, Gabriel. Pelo comentário, também!

      Excluir
  3. Ainda bem que a Lana se reconciliou com a mãe. Maurício errou feio. A discussão deles foi muito bem escrita.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Vejo que bastante gente torce pelas duas. Já pelo Maurício...
      E agradeço! Obrigado por deixar seu comentário!

      Excluir
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir