quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Elos- Capítulo 14.

Cena 01- Praia da Boa Viagem/ Tarde.

Ricardo termina de fechar a conta de uma mesa no quiosque em que faz bico. Após isso, ele retorna para o local de trabalho. Exausto.

Ricardo bebe água: Ô Lino, cê que tá por dentro da área trabalhista de Recife, falando eticamente, não tem nenhum bico pra mim? Um que renda muito, de preferência. Tô precisando de dinheiro extra esse mês, pra pagar umas contas novas que surgiram.

Lino limpa o balcão: Nesses tempos, Ricardo, não tem bico nenhum que valha a pena! Tinha um restaurante chinês precisando de garçom, mas quer saber quanto eles pagam? Uma merreca. Acham que tão na China.

Ricardo, desapontado: Que coisa, eu preciso de um bico urgente! E topo tudo!! Ou vou ter que depender da ajuda da sogrona...Eu gosto da dona Marcelina, mas sou muito orgulhoso pra aceitar dinheiro dela.

Lino: Pera aí, tu topa tudo mesmo? É porquê acabei de me lembrar de um serviço, mas...É com uma galera pesada. É arriscado- Ele abaixa o tom de voz- Mas você vai ganhar muito.

Ricardo: Arriscado? Já disse que estou disposto a fazer tudo. Me conta mais sobre esse bico, Lino, o meu desespero é grande!

Lino comenta: Ele envolve um pessoal perigoso. Traficantes.

Letícia, uma das funcionárias do quiosque, chega: Seu Lino, eu posso fechar a conta da mesa quatro? O casal quer ir embora...

Lino: Pode fechar- Ele se dirige a Ricardo- Eu vou te contar mais sobre o negócio. Um dos meus primos disse que precisava de um homem que...- Eles continuam a conversa.

Em uma das mesas, Saskia e Rennê se preparam para ir embora.

Saskia coloca os óculos de sol: Eu amei essa praia, Rennê! O povo daqui é muito alegre, receptivo, e é tudo muito bonito! Não quero mais voltar para o Rio, não desmerecendo aquela maravilha de cidade.

Rennê: Pena que Alencar não quis vir! Ele não sabe o que está perdendo... Me desculpe se vou ser indelicado mas...Disse que ele teve problemas no Rio. Algo muito grave?

Saskia suspira: Alencar tem um problema, Rennê. Diferente de mim e de você, que vivemos sem muitas preocupações, ele tem uma espécie de neura. Não é nem ambição, é neura mesmo. Neura de querer subir sempre mais e mais na vida...Ele nunca está contente com seu patamar, e isso lhe prejudica, faz com que queira se meter com gente ruim. Não sei mais como lidar com isso. Eu o amo mas...

Rennê: Vou falar com ele sobre isso, Saskia. Agora que essa morte de titio nos aproximou, vou ter tempo de ter conversas boas com Alencar. Mas voltando a falar desse lugar, eu também amei. Estou pensando seriamente em ficar aqui, abrir o escritório de advocacia que sempre sonhei...Vou ver minhas condições pra poder falar isso mais firmemente.

Saskia: Tenta convencer o Alencar a ficar também. Não podemos voltar pro Rio, e soube que tem um hotel contratando cozinheiras. Quero me candidatar, meu currículo é bom- Ela se levanta- Mas melhor ainda é dar um mergulho nessa água límpida. Vou dar o último para irmos, enquanto ninguém vem cobrar nossa conta. Já volto- E sai.

Minutos depois, Letícia chega com a conta da mesa de Rennê e Saskia.

Letícia mostra o papel: Aqui está, senhor.

Rennê a olha: Eu diria que o senhor está no céu, mas sou ateu- Letícia ri- Aqui está o pagamento, e uma gorjeta, porquê estou de muito bom humor nesse paraíso tropical.

Letícia fica grata: Seria tão bom se todos os clientes fossem como você, ou como o senhor... Muito obrigado e volte sempre!

Rennê sorri: Eu vou, pode ter certeza. Talvez pra beber uns drinks noturnos aqui. Acompanhado de uma bela jovem...- Eles se encaram.

Letícia: Isso é um convite?

Rennê pega suas coisas: Uma intimação- Ele sai, deixando a jovem feliz da vida.

Saskia dá um último mergulho, quando começa a ter lembranças do Rio de Janeiro. Ela tem a atordoante visão de uma arma e de uma criança. Os tiros parecem próximos, fazendo a mulher ficar gélida. Quando se dá conta, Saskia está bem mais longe do que imagina. A corrente havia empurrado ela. Não sabia nadar direito, também nenhuma pessoa estava próxima. Ela tenta gritar, o pânico dominava seus olhos.

Saskia se afogava.

ELOS- CAPÍTULO 14.

Roteiro: Victor Morais.

Cena 02- Estradas do Brasil/ Int. do ônibus/ Tarde.

Munique se senta no mesmo instante. Ele relata o que viu para Margot, que fica apavorada. Os passageiros se agonizam tamanho é o terror, os bandidos eram perigosos e muito violentos.

Ao se dar conta da situação, Bruno lembra-se de algo dito pela mãe: Coloca o nosso celular e o dinheiro nas meias- Ele tira o aparelho e um bolo de notas, entregando-os para Luckas, que imediatamente coloca tudo em suas meias antes que os ladrões cheguem.

Partindo do mesmo ensinamento, Margot coloca o que lhe é de importante nas meias. Sabia que eles não revistariam essa parte. Contudo, esquece do que lhe é de mais valor financeiro: O colar que não tirava do pescoço, presente do aniversário de 15 anos. Os vários ladrões avançam, são de poucas palavras. Eles chegam em Margot e Munique, este último pálido, traumatizado. A garota ainda tem tempo de trocar um olhar de desespero com Bruno, que estava na poltrona de trás.

O ladrão é incisivo: PASSA, PASSA TUDO DE VALOR- Ele aperta o pescoço de Munique, que retira algumas notas, o resto também estava nas meias- SÓ ISSO? ESSE ÔNIBUS TÁ POBRE DEMAIS! DEIXA EU REVISTAR! ANDA! OU EU METO BALA EM VOCÊ E NA SUA NAMORADINHA!

Munique se levanta, no ímpeto: Não machuca ela, por favor...- Ele soa frio. O rosto do bandido não estava coberto, aparentava 25, tinha olhos cruéis e uma expressão terrível. Munique nunca tinha sentido tanto medo. Ele é minuciosamente revistado, bolsos, mochila, carteira...O criminoso não chega a checar a parte debaixo, mas se irrita.

Ele: TU É UM FRACASSADO MESMO. OTÁRIO- Ele chuta Munique várias vezes, até fazê-lo sangrar. Margot fica trêmula, e tenta fazer algo pra ajuda-lo.

Margot se levanta: Pelo amor de Deus, não faz nada com ele...

O ladrão tem a direta visão do colar em seu pescoço: O COLAR, PASSA O COLAR LOGO, PARA DE ENROLAÇÃO- Ele tenta puxar e a machuca.

Bruno se levanta: LARGA MINHA IRMÃ, ELA NÃO TEM NADA- Mas nem conclui a frase e leva um soco.

Margot tem dificuldades de tirar o colar. Ela olha para Munique, chorando. O bandido arranca o objeto do pescoço dela, arrancando também um grito da jovem. Ele ainda estapeia ela. Sem dó, nem piedade.

Bruno fica perplexo. A terrível cena de sua irmã mais nova sendo espancada faz ele querer agir. O rapaz parte pra cima do ladrão. Gritos no ônibus. A violência era extrema.

A força de Bruno faz o bandido recuar um passo e acabar deixando a arma cair no chão. Eis a chance. Bruno tenta recuperar o colar. Ele mesmo havia dado para Margot. Porém um trunfo ao ladrão: Ele portava outra arma. Margot grita. Bruno luta, até que é surpreendido com o revólver apontado para sua cabeça.

E leva um tiro que assombra todos os passageiros.

Margot não contém o grito: BRUNOOOOOOOOOOOOOO!

Cena 03- Mansão Vilalobos/ Int./ Sala/ Tarde.

A sala estava lotada de caixotes. Hoje mesmo a família se mudaria para o Monte Castelo Hotel.

Liana desce as escadas: Quase ia esquecendo o essencial...Meu cartão de crédito.

Alexandra indica a alguns serviçais o que eles devem fazer. Ela olha para Liana: O cartão de crédito que é nosso, na verdade. Algumas pessoas ficariam incomodadas em serem sustentadas por outras, mas você não tem esse problema pelo que noto nesses anos de convivência.

Liana: Você não tinha com o Tião também. Que Deus o tenha- Ela se benze, na frente dos empregados- Vocês são da época de Tião do Povão?

Um deles responde: Era pequeno quando ele morreu, mas todos em Recife sabem da história. Disseram que a assassina está perto de ser solta.

Alexandra se toca: Eu tinha me esquecido disso...- Ela olha para Liana.

Marcus aparece, com ar de fúria: COMO VOCÊ PODE FAZER ISSO COMIGO, ALEXANDRA?

Alexandra não o encara: Do que você está falando, querido esposo?

Marcus a arrasta até o escritório, fazendo-a gritar. Liana ignora o fato.

Marcus bate a porta: VOCÊ É UMA SUJA, NOJENTA MESMO, ALEXANDRA- Ele a segura com força- O que você fez foi um golpe baixo, e burro de sua parte, fazendo propaganda negativa do próprio hotel! DESISTO, se o Monte Castelo fracassar, a culpa vai ser sua.

Alexandra ri: Acabou com a gritaria, gralha? Pois bem, eu só fiz isso pra você ver que não tenho nada a perder, você é um nada e não deve me ameaçar, nem me contrariar como no caso da mudança para o Hotel... Pode até ser famoso, mas isso é tudo coisa rasa, um deslize e você é jogado na fogueira moderna da sociedade, ou no esquecimento, enquanto eu vou me manter, afinal, tenho dinheiro. Money! Falando em inglês soa melhor...

Marcus, furioso: Eu nunca gostei de você de verdade- Ele dispara.

Alexandra desaba por dentro, mas se mantém firme por fora: Mas precisa de mim, precisa de tudo que lhe ofereci ao longo dos anos...EU COMANDO VOCÊ. Então fica quieto e nunca mais me contraria, ou a vingança é maior. Agora se quiser voltar pra sua vida pobre de Marcolino, é só procurar o velho Peninha, se é que aquele porco ainda tá vivo.

Marcus aponta o dedo em sua cara: NÃO FALA DELE NEM DE NINGUÉM DOS VELHOS TEMPOS!

Alexandra: Se enxerga, Marcus. Eu falo de quem eu quiser, quando eu quiser e como eu quiser...Vou pra esse hotel a contragosto, mas é a última vez que atendo um pedido seu. Quanto a entrevista, eu vou desmentir o que disse e tudo será esquecido. Agora me dá um beijo...

Marcus: Não...NÃO E NÃO!

Alexandra ri: SIM, SIM!- Ela o beija a força- Muito bem, meu escravinho... Você nunca será alforriado. Tenho outras armas contra você, felizmente bem guardadas- Ela sai.

Marcus limpa a boca.

Cena 04- Estradas do Brasil/ Int. do ônibus/ Tarde.

Margot se ajoelha diante do corpo de Bruno, horrorizada, ele ainda tinha um resto de consciência. Os ladrões terminam o assalto, ou não. Um deles trata de gritar:

- TODO MUNDO PRA FORA DO ÔNIBUS? O BUSÃO É NOSSO AGORA...

Os passageiros correm para a saída. Alguns tropeçam, bêbados de medo. Margot se recusa a deixar o irmão, agora já morto.

Munique, dolorido: Vamos, Margot...É preciso- Eles choram- Por favor, vamos!- Ele puxa a garota, que solta um grito agudo.

Margot, traumatizada: BRUNOOOOOOO! BRUNO- Luckas também a puxa, andando com dificuldade por conta dos objetos em sua meia. Ele não demonstra reação, só um choque escondido.

Todos saem do ônibus, que logo parte. Cerca de 30 pessoas, todas desoladas, olhando com piedade para seus semelhantes. Margot cai no chão, não se sustenta em pé. Munique tenta consolar ela.

O motorista do ônibus se vira para todos: Só tem uma solução. Irmos a pé pra rodoviária de Recife!- Ele toma fôlego- Não tá muito longe, menos de uma hora de caminhada! Essa parte da estrada é deserta, mas, se não me falha a memória, tem um posto policial à meia-hora daqui. AGUENTAM?

Burburinho. Alguns alegam trauma extremo, não conseguem andar, mas a maioria vota por sim. Iriam andar até lá.

Margot anda inconsciente, não consegue parar de ver a imagem de Bruno morto para defende-la.

Luckas: Belo início de jornada- Ele comenta amargamente.

Ninguém mais se pronuncia.

Cena 05- Rodoviária de Recife/ Int./ Início de Noite.

Bárbara olha no relógio: Esse atraso é normal, Fábio, logo o ônibus com a Thayanne chega.

Fábio decide: Então vou me sentar, dona Bárbara, porquê na minha idade é inviável esperar em pé por mais de cinco minutos- Ele respira fundo- E o seu novo livro? Já tá pra sair?

Bárbara, ainda de pé: Na verdade não, apesar de já estar pronto, eu prefiro esperar um momento mais favorável para mandar pras editoras.

Fábio: Eu amo os seus livros, dona Bárbara. Eles sempre contam histórias muito bonitas...Esse próximo falará sobre o quê?

Bárbara conta: Sobre diversos tipos de reencontros. Exatamente o que vai acontecer daqui a pouco contigo- Ela sorri.

Não muito distante estão Peninha e Suspiro, aguardando Ingrid, a sobrinha do último.

Peninha, sem parar de bater o pé: Cadê o ônibus? Cadê, comadre?

Suspiro lê uma pequeno folheto: Mas que impaciência, compadre, não tarda e ela está aqui, em nossa frente. Ainda nem anoiteceu.

Mais algumas pessoas esperam o tal ônibus. Poucos minutos depois, duas caminhonetes estacionam no lugar onde o veículo devia estacionar. Eram de propriedade da polícia. Um amontoado se forma. Algumas pessoas, ou, falando melhor, os passageiros do ônibus que vinham de Feio Horizonte, saem das caminhonetes, com aparência de exaustão, e sem nenhuma mala ou coisa do tipo.

Os seus parentes/ amigos não compreendiam o que havia acontecido.

Peninha força a vista: Parece Ingrid ali...Mas o que aconteceu?

Suspiro amassa o folheto que lia: Vamos descobrir agora- Eles vão até lá.

Luckas, sem forças, caminha lentamente: Eu...Preciso ir no banheiro. Podem me esperar aqui?

Margot confirma: Claro, irmão...Claro- Ela ainda está apoiada em Munique.

Um dos policiais pega um alto-falante e começa a discursar. Ele informa a todos sobre o assalto, e como os passageiros tinham conseguido ajuda. Imediatamente, um rebuliço começa. Os recém-assaltados procuram por familiares que lhe esperavam. Munique e Margot porém, se sentam em um banco de pedra na rodoviária. Não havia ninguém esperando eles, obviamente.

Munique não sabe o que dizer.

Luckas lava o rosto no banheiro. Está com uma grande raiva interna: QUE DROGA, DROGA! EU NÃO SEI ONDE TAVA COM A CABEÇA QUANDO CONCORDEI VIR PRA CÁ- Ele se enxuga- Onde eu vou morar? Como eu vou sobreviver? Devia ter pensado nisso...MALDIÇÃO! Não vim à Recife pra virar mendigo, não mesmo...- E sai do banheiro.

Luckas se senta em outro banco, perto da lanchonete da rodoviária, e ao lado de uma jovem. Estava bem distante de Margot e Munique, e não podia ver eles. Se senta ao lado de uma jovem.

Thayanne se vira: Oi, você estava no ônibus também, não é?

Luckas funga: Pra minha infelicidade, sim. Grande trauma, imagino como deve estar se sentindo...

Thayanne: Estou apavorada até agora, por sorte eu não carregava muito dinheiro, e meus documentos não foram roubados. Mas ainda tenho certo medo...Procurei meu vô e não o achei.

Luckas tira o celular e o dinheiro que carregava na meia: Fui mais ágil que aqueles idiotas e coloquei tudo de valor nas meias...- Thayanne se impressiona- Em compensação, é tudo que tenho. Vim aqui tentar a vida, não conheço ninguém nesse lugar, não tenho parentes por aqui...

Thayanne: Que triste, eu sinto muito- Ela suspira- Procurei meu avô por todo lugar e não achei, vou dar mais uma circulada para ver se o acho. Prazer, meu nome é Thayanne- Ela estende a mão.

Luckas a cumprimenta: Prazer, Luckas. Boa sorte então...

Mas antes que a garota possa partir, Fábio e Bárbara chegam correndo.

Fábio a abraça: Graças a Deus você está bem, minha neta- Ele a olha- Soubemos do que aconteceu e fiquei apavorado só de pensar, imagine você, que presenciou o terrível ato. Estávamos na plataforma errada, por isso o desencontro!

Thayanne o conforta: Tudo bem, vô, estou bem agora.

Luckas repara nas roupas de Bárbara, que apesar de não ligar para luxo, era pressionada por Miguel a se vestir apenas com trajes de grife. O rapaz logo imagina que Thayanne está indo para uma casa deveras nobre, ou com boas condições.

Bárbara, preocupada: Essa violência me deixa horrorizada, mas que bom que você se recuperou...Vamos para casa? Sou a patroa de seu avô. Me chamo Bárbara, muito prazer.

Thayanne: Prazer é todo meu, mas a senhora não devia ter se incomodado em vir me buscar. Uma pessoa do seu nível deve ter muito mais coisa pra fazer...

Bárbara: Eu não tenho nível, Thayanne. Sou como você- Ela se abraça a moça- Agora vamos, você deve estar precisando descansar...

Thayanne olha para Luckas: Tchau, Luckas. Boa sorte mais uma vez.

Fábio avalia o garoto: Ele é seu amigo?

Thayanne conta: Estava no ônibus comigo, o coitado não tem parentes e perdeu quase tudo no assalto.

Bárbara se vira: E onde você vai viver então? Estava sozinho nessa viagem?

Luckas mente: Sim. Sinceramente, dona, não sei pra onde vou- Seus olhos se enchem de água- Eu só queria um emprego, uma vida melhor aqui...Mas nem isso vou ter. Eu prefiro morrer do que perambular por essa cidade...

Bárbara, compadecida: Não fala assim, garoto...

Fábio reflete: É uma pena que não possamos fazer nada.

Bárbara decide: Claro que podemos!- Todos a olham, surpresos.

Cena 06- Casa do finado Meton/ Int./ Quarto de Alencar e Saskia/Noite.

Alencar debocha: Pelo visto as águas de Recife não são tão boas assim...No Rio você não se afogava.

Rennê: Para de brincadeira, Alencar. Sorte que alguém te resgatou antes que o pior acontecesse, cunhada, ou eu não me perdoaria. Afinal, a ideia da praia foi minha.

Saskia, de cama: Apesar disso, eu tive um excelente dia, muito divertido, solar, há anos não me divertia tanto como hoje...Obrigado, Rennê, e desculpe pela preocupação que te causei. Agora estou bem de novo.

Alencar: O bom é que vamos poder usar o afogamento como pretexto para não ir no jantar da pensão nojenta ali do lado. Eu não pretendia ir mesmo, mas vocês agora têm o gancho para se livrarem desse compromisso...

Saskia nega: Já disse que me recuperei, não é um pouco de água indesejada que vai me fazer cancelar o jantar. E achei o pessoal da pensão muito simpático, não tenho motivos pra querer me livrar deles...

Rennê: Eu também vou no jantar, acho o Peninha uma figura, e eles são nossos vizinhos, se formos ficar aqui, temos de criar elos com a vizinhança. Fora que não tem nada para comer na geladeira... E hoje quero jantar uma boa comida caseira- Ele sai do quarto.

Alencar fecha a porta: Esse iludido acha que vamos realmente ficar nessa casa. É só tio Arvô chegar que contato o advogado, recebo o que é meu, e podemos voltar para nossa velha cuna de lobos.

Saskia o olha: Alencar, toma consciência! Nós não podemos voltar para o Rio, eu vou ter que soletrar isso?- Ela se levanta- Hoje quando eu fui nadar, me lembrei de tudo o que aconteceu... É inviável nosso retorno, melhor você parar de ser iludido e começar a pensar numa possibilidade de ficar aqui. Deixa de marra. Coloca uma roupa decente e se arruma pra esse jantar. Tudo que Rennê disse é verdade.

Alencar: Me surpreenderia se você dissesse que não era. Você e Rennê são mancomunados...Tudo bem, eu vou no jantar dos pobretões, mas ficar em Recife é algo fora de cogitação.

Saskia grita: Então você volta sozinho pro Rio! E seja preso por lá! Eu só penso no melhor pra nós dois, se for preciso, nos separamos, e cada qual volta para seu canto. Vou para Porto Alegre, morar com mamãe, e você vai pra cidade maravilhosa, arcar com as consequências do que fez por lá no seu passado não tão distante...- Ela sai do quarto.

Alencar fica pensativo, com uma expressão dúbia.



Cena 07- Rodoviária de Recife/ Int./ Noite.

Bárbara tem uma ideia: O Miguel vive falando que você precisa de um ajudante, Fábio, que está velho demais para fazer aquele serviço todo do haras sozinho, e ele tem razão! Então por que não contratar Luckas para o emprego? Não sou fria a tal ponto de deixar um desamparado nesse estado...

Fábio: É uma boa ideia- Ele olha bem para Luckas- Mas o senhor Miguel pode reprova-la. Não conhecemos muito bem o rapaz...

Luckas se ajoelha no chão: Eu tenho bom caráter, juro, só quero ganhar dinheiro honestamente! E NÃO SEI MAIS O QUE FAZER DA MINHA VIDA- Ele chora copiosamente, compadecendo a todos.

Bárbara lhe dá a mão: Levanta. Já disse que vamos te conseguir um emprego, o nosso haras é grande- Um brilho surge dos olhos de Luckas- Tarefas não faltam por lá!! Se está mesmo querendo ganhar dinheiro honestamente, nós lhe ajudaremos! Não é fácil essa sua situação. Mas ela vai mudar- Ela sorri- Eu acredito em destino.

Luckas se levanta: Eu também- Ele solta um pequeno sorriso- Muito, muito obrigado, não sei como agradecer a bondade da senhora, de todos vocês, prometo que vou trabalhar muito...EU PROMETO- E abraça a mulher.

Thayanne fica contente.

Luckas escorre as lágrimas: Eu só preciso ir no banheiro, de novo. Me dão um minuto? Serei rápido, sei da pressa de vocês.

Bárbara concede: Claro, vamos te esperar naquele banco- Ela aponta, e no mesmo momento, o garoto sai correndo- Coitado dele...

Fábio completa: Ainda bem que a senhora é uma anja. Nem todos tem a mesma sorte de achar uma em horas como essas!

Luckas passa reto pelo banheiro, ele vai até um centro de informações e pede papel e caneta. Escreve algumas palavras, devolve a caneta, e vê Munique e Margot, sentados no mesmo lugar.

Luckas sorri: Não vou perder a chance de trabalhar num haras de gente milionária. Enquanto isso, Munique vai tentar procurar o pai...Até que ele ache, vou estar numa condição melhor- Ele vai até uma garçonete- Infelizmente, Margot, não poderei te levar comigo- Diz a si mesmo- Afinal, eu não tenho irmãs...

Luckas se aproxima da garçonete e pede que ela entregue o bilhete à Margot. A jovem assente. Ele então sai correndo no mesmo instante. Margot logo recebe o papel, com muito estranhamento.

Munique força a vista: Quem escreveu isso?

Margot reconhece a letra: É do Luckas, mas cadê ele?- Ela começa a andar, procurando-o, e sendo seguida pelo amigo.

No mesmo andar, Peninha e Suspiro vão rumo a saída com Ingrid, que ainda estava abalada por conta do assalto. Ela havia perdido muitas coisas.

Peninha procura algo nos bolsos: Comadre, você lembra onde deixamos o carr...- Ele tromba em Munique- AI, CUIDADO COM O IDOSO AQUI!

Munique ergue a cabeça: Perdão...

Peninha o olha fixamente, abismado com o que vê. Era igual a Marcus no passado. Suspiro tem a mesma impressão. Os dois arregalam os olhos para o rapaz.

Peninha coloca as mãos sobre o rosto: Não é possível...




TERMINA O CAPÍTULO 14.
← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

7 comentários:

  1. Será que Peninha ajuda na promoção do encontro de Marcus e Munique? Bom, espero que sim, mas só pra que se conheçam e logo se afastem... Marcus é muito fraco.
    E que trauma esse do ônibus. Margot e Luckas perdendo o irmão... Pena que esse último logo superou o luto. Breve luto.
    Mas torço pela Margot, que ela comece logo a trabalhar no hotel e conheça o gentleman João.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Acho que não, João, Peninha não quer mais saber de Marcolixo como ele se refere agora...Munique vai se aproximar do pai de outra maneira.
      Muito triste :( Luckas não é muito sentimental. Seu luto foi questão de minutos.
      Calma, Margot logo vai conhecer seu xará...E a relação será construída aos poucos.
      Obrigado por comentar, gentleman!

      Excluir
  2. Ai gente, que horror tudo isso no ônibus :(
    Coitados, que dor. Mas estou boba com Luckas, abandonou Margot e Munique :O
    Soberba nesses recém chegados do Rio, hein?!
    Já torço por uma amizade do Peninha com Munique e Margot.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Uma cruel violência. Infelizmente, isso acontece mais do que imaginamos.
      Luckas deu no pé, e deixou Munigot sozinhos...Ainda bem que eles cruzaram o caminho do Peninha!
      Será que vem uma amizade por aí? Vamos acompanhar!
      Obrigado por comentar, Margot!!

      Excluir
  3. Coitado do Bruno. :O
    Como acreditar que a Alexandra é realmente apaixonada pelo Marcus e faz tudo isso para manter seu casamento. Luckas não ficou tão abalado assim com a morte do Bruno, como disse o João, breve luto. Eita que o Peninha se encontrando com o Munique. Será que ele vai descobrir que o Munique é o filho de Marcus???! Ganchão. Ótimo capítulo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bruno se foi. Lamentavelmente nem chegou à Recife.
      Alexandra é obsessiva e muito cruel. Eu não desejaria ser esposo dela. Muito menos por dinheiro!
      Breve luto mesmo. Luckas desapegou muito fácil. É mais frio do que parece.
      Será?? No próximo capítulo você descobre!
      Obrigado por comentar, Gabriel!

      Excluir
  4. RIP Bruno. Que trágico esse acontecimento.
    E Luckas ainda conseguiu se dar bem. Esqueceu a morte do outro rapidinho.
    Alencar é difícil, hein?!
    Peninha frente a frente com o filho perdido de Marcolino, sem saber. Eita

    ResponderExcluir