quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Três Jogadas: Capítulo 16


CAPÍTULO 16

Cena 1. Rio de Janeiro – Lagoa / Apt. da Alice / Dia
Continuação imediata da cena anterior.

Alice nervosa: A polícia pedindo que eu vá até o saguão?!

Simone e Barros se aproximam calmamente.

Simone sorrindo: Não será preciso. A gente pode dá a notícia por aqui mesmo. Alice você está presa! – ela entrega o mandato. – Pode algemar Barros!

Alice se desespera e fica sem reação. Evaldo não sabe o que fazer. Sérgio e Alice se entreolham.

Alice ri de nervosismo: Deve estar havendo algum engano. Eu sou uma pessoa pura, santa, calma e sensata. Sou uma mulher que deve honra ao nome. Nunca fui parar numa delegacia.

Simone sorrindo: Pra tudo tem uma primeira vez. Pode algemar Barros. E se reclamar a coisa pode piorar.

Sérgio pega o mandato: Isso é um absurdo. Vocês não podem prendê-la. Qual é o motivo disso?

Barros termina de algemar Alice: Não é da sua conta.

Sérgio alterado: COMO ASSIM NÃO É DA MINHA CONTA?! – ele diz desmunhecando, mas logo se situa.

Simone: Eu não sei se você sabe, mas, desacato autoridade é crime! Barros pode algemar também.

Sérgio desesperado: Oh god!  – ele é algemado.

Na delegacia...

Alice e Sérgio estão sentados de frente para Simone, que mexe no computador.

Simone vira a tela do computador para Alice: Tem certeza que não fez nada?

Alice e Sérgio se entreolham.

Alice nervosa: Eu só falo na presença do meu advogado!

Barros traz um telefone para Alice: Pode ligar até para o papa. Mas manda vir preparado. Você só sai daqui com uma reza boa.

Alice pega o telefone furiosa e faz uma ligação. Sérgio e Simone se encaram.

Cena 2. Rio de Janeiro – Leme / Apt. da Clarice / Dia
Luigi e Júlia tomam café juntos.

Luigi bebe suco: Eu não sei como vai ficar minha situação. A investigação ainda está em aberto. Eu confesso que fiquei surpreso com a minha saída repentina, mas agradeci. 

Júlia: E você sabe o que aconteceu para eles te liberarem? Até dias atrás você era acusado por ter atirado no mordomo.

Luigi: Não faço ideia. O horário de visita já estava acabando, aliás, foi exceção. Mas do nada a delegada, a Simone, chamou eu e o Stênio e disse que novas provas tinham surgido e que eu estava liberado.

Júlia sorri: Pelo menos você conseguiu sair. Eu fiquei muito preocupada com tudo o que estava acontecendo. Você foi acusado por algo que não cometeu.

Luigi: E eu. Eu fiquei atordoado quando a tal delegada chegou e me prendeu. Só que eu não posso comemorar muito. Esse silêncio das investigações é o que mais me deixa apreensivo.

Júlia confusa: Mas eu não consigo entender a necessidade de continuar com essa investigação. O próprio mordomo já disse que foi assalto. Não foi?

Luigi: O problema é que a arma foi encontrada dentro de casa. Eles fizeram um levantamento e aquela arma está cadastrada no nome de NELSON ETÔ TEIXEIRA DE OLIVEIRAE eles procuraram esse tal homem e não encontraram ninguém com esse nome que tenha porte legal de arma.

Júlia ainda mais confusa: Mas se ela está cadastrada no nome de alguém é por que essa pessoa tem o porte legal da mesma. Não?

Luigi: Não funciona assim. A pessoa para ter porte legal de arma procura uma delegacia próxima e leva um requerimento, esse dado pela polícia. Ele leva os documentos e então tem seu nome cadastrado, e ganha então o porte legal de arma. Depois ele cadastra a arma. O problema é que a arma que foi encontrada está cadastrada no nome de Nelson.

Júlia: Então a pessoa que registrou a arma utilizou documentos falsos? Eu sei que para cadastrar uma arma a pessoa precisa levar o papel que comprove que ela tem porte legal de armas.

Luigi: Exatamente. Talvez o policial que fez o registro da arma nem tenha olhado o nome da aquisição de arma. O fato é que essa pessoa usou documento falso lá para conseguir registro do porte legal e usou o documento verdadeiro para registrar a arma.

Júlia chocada: Meu Deus! Essa pessoa é uma criminosa.

Luigi: Eu espero mesmo que a polícia vá atrás desse bandido e que realmente lhe encontre. – ele se levanta. – Mas agora eu tenho que ir. Marquei de falar com o Stênio sobre a minha situação. – ele dá um beijo em Júlia. – Até mais!

Ele sai. Júlia continua tomando café, preocupada.

Cena 3. Rio de Janeiro - Recreio/ Rua / Dia
Igor e alguns amigos se encontram e começam a beber. Ele entra em um bar largado e troca de roupa. Ao sair, ele está de máscara e usando um macacão que lhe deixa irreconhecível. Esses amigos deixam Igor bem doido. Em doses rápidas, Igor ingere cinco garrafas de cerveja e começa a ficar alucinado.  Sua visão começa a rodar as cores vão ficando desbotada e ele começa a vê as coisas além da conta. De longe, Stênio e Luigi conversam. Igor esfrega os olhos e de longe vê Luigi. Ao seu lado tem uma barra de ferro. Ele pega a barra de ferro e corre em direção a Luigi.

Diógenes assustado: MEU DEUS O QUE O IGOR VAI FAZER?!

Igor parte para cima de Luigi. O jovem que ainda conversava com Stênio, corre e Stênio faz o mesmo. Os amigos de Igor vão atrás. Igor alucinado corre desesperadamente atrás de Luigi. Ritmo acelerado. Luigi e Stênio percebem a pessoa correndo com uma barra de ferro e logo se desesperam. Tensão. Os dois trocam olhares apavorados e correm, para locais diferentes. Ao perder Luigi de vista, Igor tenta se acalmar e cai no chão. Os amigos o pegam, mas um pedaço do macacão acaba rasgando e cai. Sendo esse macacão preto com algumas listras vermelhas. Igor é levado pelos amigos. Após a confusão passar, Luigi volta e encontra o pedaço do macacão, ele guarda no bolso e sai correndo.


Cena 4. Rio de Janeiro – Urca / Apt. da Eliane / Dia
Luíza, Vanessa e Eliane tomam café juntas.

Luíza sorri: Minha história também é bem complicada. Meu pai também traía minha mãe. – mente. – E a falsidade da amante era tão nojenta que ela se fazia de amiga da minha mãe. Acreditam?

Vanessa cospe o suco: Meu Deus! – Luíza sorri e ela não entende. – Como é que pode uma pessoa ser assim. Acho que casamento tem que ser pra sempre. Uma aliança. Essas mulheres que destroem casamento não passam de vagabundas!

Eliane serve mais suco: Nem me diga. É esse tipo de mulher que envergonha nossa sociedade que tenta buscar a igualdade. Somos tachadas como vulgares, prostitutas, vagabundas, cachorras e fora os outros apelidos.

Luíza ri: Ih que papo feminista. Mulher tem que se valorizar. Não existe só um homem no mundo. Pra que roubar os homens dos outros. Não é, Vanessa?

Vanessa se assusta: É. Isso mesmo. – ela se levanta. – Eu preciso ir. Eu disse que não iria demorar, pois tinha médico. Quase perdi a hora!

Eliane sorri: Eu te levo até a porta. – ela se levanta. – Vamos para a sala, Luíza. Deve estar mais agradável. Corte descontínuo.

Eliane fecha a porta. Luíza já está sentada no sofá. Eliane se senta ao lado da mulher.

Eliane sorri: Vanessa é uma ótima pessoa. Ela é secretária do Tiago. Trabalhadora!

Luíza: Eliane. Você esses dias me disse que desconfiava que o Tiago te traísse. Você seria capaz de suportar uma traição?

Eliane: Jamais! Eu seria incapaz de perdoar ou de suportar uma traição. Eu acredito que quem ama não trai.

Luíza segura às mãos de Eliane: Então eu estou disposta a te ajudar. Você é minha amiga. Eu não posso deixar você ser enganada. Eu vou te ajudar a descobrir se o Tiago tem uma amante. – ela sorri. – Pode contar comigo. A-M-I-G-A!

As duas se encaram, sorrindo. 

Cena 5. Rio de Janeiro – Delegacia / Dia
Adriana chega apressada. Alice está a sua espera.

Alice perambulando: Finalmente. Você sabe que eu detesto esperar!

Adriana larga a bolsa: Peguei um trânsito infernal. – ela se senta. – Senta e se acalma. – Alice se senta. – Começa contando tudo. Lá do começo.

Alice: O meu mordomo. Ele foi vítima de um assalto dentro da minha casa. Ele ficou bem atormentado e acabou reagindo. O bandido acabou lhe dando um tiro. Só que na pressa, o trombadinha deixou a arma ao lado do Sérgio. No desespero, eu acabei pegando na arma. E a Clarice, invejosa qualquer, acabou tirando as fotos e enviando para a polícia. E eu... Bom, eu vim parar aqui.

Adriana coloca a mão no rosto: Alice! Você tocou na arma? Será que você não sabe que não se toca em arma sem estar usando uma luva?

Alice trêmula: É claro que eu sabia. Mas ali no calor do momento eu acabei tocando na arma. – ela começa a sussurrar. – Eu estava desesperada com o corpo do Sérgio caído diante de mim. Minha reação foi segurá-lo e jogar a arma longe.

Adriana mexe no cabelo: Alice eu preciso de toda a verdade. Eu preciso saber realmente de tudo. Qualquer coisa que você me esconder poderá te prejudicar. Se você deixar de me contar algo e eu ter que usar dos meus artifícios e depois a policiar descobrir além do que você me contou na investigação pode fazer sua pena subir. Me diz a verdade. O que aconteceu lá na sua casa... Você confirma essa história de assalto até a morte?

Alice firme: Sempre. Confia em mim. O Sérgio foi mais uma vítima da violência desse país. Agora eu preciso ir pra sala de depoimentos. A delegada dos infernos me espera. Não sai daqui. Eu vou precisar de você se tudo der errado.

Alice sai.

Adriana sem entender: Se tudo der errado? Alice que história é essa? ALICE?!


Adriana fica sem resposta.


Cena 6. Rio de Janeiro – Copacabana / Copacabana Palace / Dia
Petrônio janta sozinho. Célia chega.

Célia se senta: Acho que a gente está precisando conversar. Depois do ataque que eu dei eu realmente parei pra pensar sobre o que você disse.

Petrônio: Desistir da vingança? – ele ergue a cabeça. – Eu já disse que eu não quero continuar com essa vingança.

Célia sorri: Sim. E cheguei à conclusão que esse seu papinho mole não vai me convencer a desistir do que eu quero. Eu quero o que está além da vingança: JUSTIÇA! E você não vai me fazer desistir do que eu quero.

Petrônio: O que você quer é banal. Não funciona. Você não vai conseguir nada com essa história de vingança, justiça ou qualquer que seja a palavra que você acha que convém. Eu estou fora!

Célia se levanta: É difícil ter uma conversa decente com você. Você sempre com essa mania de querer ultrapassar os limites. Eu desisto, Petrônio. Se você não quiser me ajudar, eu continuo sozinha.

Petrônio larga a comida e se levanta: Você acha mesmo que essa sua história de justiça convence? Você nem se alto convence. Nem parece a mulher doce que eu conheci no passado. Essa sua obsessão por vingança tomou conta de você.

Célia furiosa: NÃO É VINGANÇA! É JUSTIÇA! SERÁ QUE VOCÊ NÃO CONSEGUE NEM DIFERENCIAR UMA PALAVRA DA OUTRA?

Petrônio furioso: QUEM PRECISA DIFERENCIAR ALGUMA COISA AQUI É VOCÊ. VOCÊ SE TORNOU EM UM SER NOJENTO. IMPOSSÍVEL DE ENTENDER. DIFÍCIL DE CAPTAR OS DESEJOS E AS AMBIÇÕES. VOCÊ ESTÁ DESTRUÍDA. ESSA HISTÓRIA DE VINGANÇA, JUSTIÇA OU O SEI LÁ O QUE, TE CORROEU! FRACA! IGNORANTE! BURRA! IDIOTA!

Célia furiosa: HIPÓCRITA! – ela lhe dá um tapa.

Petrônio se recupera do tapa: VAGABA! – e rebate o tapa – Essa nossa relação está desgastada e eu estou farto de viver nessa cadeia que você mesmo criou. Eu estou fora Célia. Eu vou contar tudo o que sei. Acabou! Fim de linha mulher. Agora você comprou guerra foi comigo!

Célia se recupera do tapa. Os dois se encaram furiosos.

Cena 7. Rio de Janeiro – Vidigal / Sobrado da Gisele / Dia

Gisele se afasta e gargalha: Se aproximar? Você não me reconhece homem. Você nem imagina do que eu sou capaz.

Ferraz sorri: Você é capaz de deixar qualquer homem louco por você. Rastejando aos seus pés.

Gisele vai até a estante: Você realmente não me conhece. O que eu te contei no café não chega aos pés do que eu já fiz. Eu pareço indefesa, mas também sei atacar.

Ferraz fogoso: Mas eu gosto de mulheres assim. Decididas. A gente tem tudo formar uma bela parceria. Cúmplices!

Gisele abre a gaveta calmamente e vira-se: Cúmplices? Você não tem cacife de homem pra me encarar. Você é fraco, mas tenta se mostrar forte. Conheço seu tipo.

Ferraz ri: Se me conhecesse não diria que eu não tenho cacife de homem pra te encarar. Eu adoro jogos. Os perigosos são os melhores.

Gisele gargalha: Coitado! – ela se recupera. – Você não aguentaria um minuto da minha loucura. Da minha obsessão. Da minha ganância. Da minha sede.

Ferraz se aproxima aos poucos: Quem não garante que eu sou o único que pode saciar sua sede? Eu tenho a fonte!

Gisele vira-se e pega uma arma: Então vem saciar!

Ferraz se assusta: O que é isso?! – ele recua. – Não brinca com isso. Isso é perigoso e pode matar.

Gisele com o dedo no gatilho: Não era você que adorava jogos perigosos?

Ferraz fica assustado. Gisele sorri ainda com o dedo no gatilho.

Cena 8. Rio de Janeiro – Delegacia / Dia
Clarice e Kiara chegam até a delegacia. No instante, Alice sai da sala de depoimentos.

Alice furiosa: Olha, olha. Se não é a mulher que não sabe ser decente e utiliza fotos pra incriminar a mulher que ela mais tem inveja.

Clarice se aproxima: Inveja de você? O único sentimento que você arranca de mim é ódio. Ah e pena também.

Kiara puxa Clarice: Vem Clarice. Não vale a pena ficar discutindo com essa mulher.

Alice sorri: O que essa coadjuvante está falando? Kiara. Quanto tempo!

Kiara furiosa: Não dirige a palavra a mim. E nem fala meu nome. Ele é muito sagrado!

Alice gargalha: Sagrado?! Não me faça rir querida. Você sempre se mostrando essa mulher que adora ficar na aba das confusões alheias. Quer que eu relembre a história de 30 anos atrás?

Kiara larga Clarice e fica frente a frente com Alice: Relembra. Seja mulher o suficiente pra relembrar tudo o que você fez. Ao contrário de você, eu não cometi crime.

Alice rindo: Mas acobertou um! Mas fica tranquila. – ela começa a sussurrar. – Eu não vou contar nada no meu segundo depoimento. Sou uma pessoa que só quer paz.

Clarice furiosa: Chega dessa confusão. Kiara a delegada está te esperando para falar sobre o homem que tentou te atacar. Vamos.

Kiara e Clarice vão se retirando.

Alice rindo: Fugindo desde sempre das suas responsabilidades. Que coisa feia. Só conhecia seu lado VADIA, esse seu outro lado eu não conhecia.

Kiara volta: Você me chamou de quê?

Alice sorri: Ah você não entendeu? Sem problemas. Eu repito. Te chamei de VADIA!

Kiara surta: ORDINÁRIA! – e dá um tapa na cara de Alice.

Simone sai da sala e vê toda a cena. Clarice se desespera. Alice se recupera do tapa. Alice e Kiara se encaram. Foca nas duas, frente a frente se encarando.

Fim do Capítulo 16!

CENAS DO PRÓXIMO CAPÍTULO...

Amanda sorri: Mas por um lado você está poupando o sofrimento dele. Não acha?

Gustavo: Não. Sofrer por dentro só vai corroer ele ainda mais. Ele tem que colocar esse sofrimento pra fora. Guardar dor não faz bem pra ninguém.

Amanda segura nas mãos de Gustavo: Independente da intensidade do sofrimento seu ou do seu irmão, ele é capaz de ser suportável. Todo sofrimento é passageiro.

Gustavo a olha apaixonado: O que seria de mim sem você. – ele a puxa e lhe abraça. – Você é a melhor coisa que me aconteceu.

•••

Kiara se levanta em seguida: O problema é que ela é perigosa. A gente brincou com fogo sem ter cama limpa pra mijar.

Leandro desce a escada.

Leandro olha para Clarice seriamente: A gente precisa terminar a nossa conversa.

Kiara pega sua bolsa: Acho que vou ficar sobrando aqui. Dá licença.

Leandro e Clarice se encaram. A mulher está nervosa.

•••

Simone assustada: Mas com qual intuito ela faria isso?

Alice se fazendo de vítima: Essa mulher é louca. Ela tem inveja de mim. Tem ódio de mim porque eu me dei bem na vida. Ela me acusa de ter destruído a família dela quando comecei a namorar com o Enrico, primo dela. Essa mulher é uma psicopata. Ela é a verdadeira assassina da história. Foi ela delegada. Foi ela que atirou no meu mordomo!

Simone parece acreditar na história. Fim 

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