Cena 01- Monte Castelo Hotel/ Int./ Salão principal/
Dia.
Alexandra, em tom frio:
O que você tá fazendo aqui? Sabe que não é bem- vinda... Não recebemos assassinos, nem assassinas.
Susana, com deboche:
Sério? São os mais ricos! Inclusive os donos desse hotel. Embora eu tenha todo
direito de estar aqui, prefiro fazer apenas visitas casuais.
Alexandra se angustia: O
que você quer dizer com isso, Susana? Acha que alguém aqui liga pras suas
ameaças?
Susana ri: Deviam
ligar...Mas basta de insinuações! Não precisa ficar toda assustada com minha
presença. Eu vim falar com meu filho, Munique. Conhecer ele.
Alexandra: Conhecer? Mas
você já conhece ele há mais tempo que nós! Pra mim você não mente, Susana, sei
que você e aquele Munique estão planejando alguma coisa. Tenho até fotos. O
Marcus tá iludido com esse menino, mas logo eu faço questão de desencanta-lo.
Susana, totalmente
segura: Você devia cuidar melhor do seu marido, Alê, ou vai perder ele...Pro
Munique você já perdeu! Mas vai que...
Alexandra, colérica:
COMPLETA O QUE IA DIZER! VAMOS!
Susana: Cuidado ou a
pressão sobe, Alê! Vamos parar com essa conversa ou seu estado de saúde piora,
capaz de nascerem mais bolhas no seu rosto. Mas, como sua boa amiga de anos, eu
estava te alertando pra cuidar do seu marido, e disso aqui tudo...
Alexandra avança pra
cima dela: Tá achando que vai conseguir alguma coisa pra saciar essa sua sede
de vingança? Melhor desistir. Mais uma entrada sua aqui e eu abro os portões do
inferno pra jogar seu filho lá.
Susana a ronda: Se você
pensar em derrubar o meu filho, vai cair junto. Se o capeta te quiser por lá,
claro- Ela põe seus óculos- No entanto, ainda acho melhor que você seja presa,
e sofra, sofra muito. Na escuridão, e no jogo de roda que a cadeia proporciona
diariamente. Um passo errado...E você perde. AGORA TENHO QUE IR, AMIGA, DEPOIS
CONVERSAMOS- Grita- ELA É MINHA AMIGA HÁ MUITO TEMPO- Diz aos hóspedes que
estavam presentes- SOMOS COMO UNHA E CARNE.
Susana sai após o
pronunciado, satisfeita com o embate, enquanto Alexandra se dirige a seu
quarto, ainda reflexiva.
Mas muito atingida com
as palavras de Susana.
ELOS- CAPÍTULO 28.
Roteiro:
Victor Morais.
Cena 02- Suspirela/ Ext./ Dia.
As lágrimas de Suspiro
molhavam o rosto frio de Dani, que já não tinha mais vida. O grupo de bandidos
entra no carro, e fogem sem dificuldades. No asfalto, a dona da Suspirela
estava ajoelhada sobre o corpo da sobrinha, ao mesmo tempo em que os outros
voltavam para testemunhar a tragédia. Ninguém sabia o que falar, apenas
choravam. Vizinhos, uma viatura, e curiosos vinham tomar consciência do que
havia ocorrido. Munique, Rennê e Alencar também se apresentam. Choque geral. A
cena era terrível e fazia a alma de Suspiro ser estapeada a cada segundo. Seu
corpo não se movimentava. Os conhecidos tentavam puxá-la. E a mulher começava a
gritar, de desespero.
Cena 03- Delegacia/ Int./ Fim de Tarde.
- Ela era uma boa moça.
- Não entendo como fizeram isso com ela.
- Os bandidos trataram de deixar claro: Queriam
matar a Dani.
- Vieram especificamente pra isso! Ela devia estar
metida com alguma coisa.
- Será que ela se envolveu com bandido?
O escrivão do delegado
anotava todos os depoimentos. O último era o de Suspiro. Os outros jovens ainda
estavam muito abalados, principalmente Margot, que tinha certeza de quem era a
mandante do crime. Em seus punhos e bocas, a marca da corda e das mordaças.
Peninha não falava nada.
Saskia se aproxima: Eu
liguei pro hotel e contei o que aconteceu...
Ninguém responde. A
recente imagem de Dani mexia com todos.
Suspiro, de frente para
o delegado: Foi ela. A mandante. Alexandra Amaral. Dani descobriu um segredo
dela, e a maldita mandou assassinarem minha sobrinha... Eu não parei pra pensar
nisso a princípio, mas agora fica claro. Dani era uma menina boa, não se metia
com gente ruim, era prudente, mas muito teimosa, e insistiu no tal segredo da
Alexandra...Nisso que deu. Perdi a pessoa mais importante da minha vida. E só
queria que ela voltasse...
Delegado: Mas você tem
alguma prova contra a dona Alexandra?? Ou que ela mandou matarem a sua
sobrinha? Algo concreto...
Suspiro, com raciocínio
lento: Não... Quer dizer, tínhamos o cartão provando que a Alexandra roubava o
marido, mas os bandidos por certo levaram, então...
Delegado: Isso é tudo,
dona Suspiro. Vamos te recomendar uma psicóloga para lhe ajudar a tentar uma
superação diante de todo esse terror...Vamos investigar a possibilidade de
Alexandra ter algo a ver com o crime, mas creio que, se não tem provas, de nada
vai adiantar. Até mais ver.
Suspiro se levanta: Só
quero justiça pela minha sobrinha. TENHO CERTEZA QUE ALEXANDRA FEZ ISSO!! ELA
NÃO PODE FICAR IMPUNE. DE NOVO NÃO!
Delegado: Ildo, dá um
copo de água pra dona Suspiro. Ela precisa se acalmar...
Suspiro sai, guiada, e
atordoada.
Cena 04- Hospital Recife/ Int./ Quarto de Marcelina/
Início de noite.
Jucy, colada à mãe: Eu
não entendo por que a Susana ainda não chegou...
Marcelina, desolado: Eu
entendo...Ela não veio por que não quis. E porque não conseguiu me perdoar.
Dr. Ariano aparece: Hora
da cirurgia, dona Marcelina. Vamos te levar até a sala específica para
começarmos o procedimento. Jucy, preciso que assine alguns termos pra autorizar
a operação...Venha...
Jucy sai e Marcelina
fica sozinha no quarto, deitada, encarando o teto.
Susana vê o ônibus
passar na frente do hospital onde está a mãe. Ela pensa em puxar a corda para
descer, mas desiste após se lembrar da discussão que teve com Marcelina. A mulher
se vira e fecha os olhos.
Agora a matriarca dos Porto e Pompa está na
sala de cirurgia, um pouco fraca. Com a aplicação da anestesia, ela vai
perdendo a consciência aos poucos.
Corta para o cemitério.
Dani também está estirada, coberta com flores, um terço nas mãos, algodão nas
narinas e em outras partes. Tinha vindo diretamente do IML. As primeiras
pessoas chegam. No bairro e arredores, a notícia tinha se espalhado.
Telejornais locais contavam sobre o caso, como mais um dos outros episódios de
violência no país, tão banais, a ponto de serem ignorados.
Enquanto isso, a
cirurgia de Marcelina começa. Jucy dá voltas pelo corredor. Tentava ligar para
Susana, que, ainda dentro do transporte coletivo, não fazia questão de atender.
Ricardo e Caio também estavam no hospital, embora a presença do último não
fosse recomendada.
Na Suspirela, uma marcha
rumo ao carro de Saskia, em silêncio. Luto inquestionável. Suspiro não tinha
forças para andar, e era sustentada por Peninha.
Sangue, velas, bisturis, coroas de
flores, tesouras, lenços... A tristeza pairava sobre a pesada atmosfera daquela
noite nebulosa.
Cena 05- Monte Castelo Hotel/
Int./ Escritório de Marcus/ Noite.
Marcus está centrado no computador,
realizando algumas tarefas. O telefone toca com frequência. De súbito Munique
entra, sem bater.
Munique, com evidente exaustão na
aparência: Pai, me perdoa te interromper, mas precisamos conversar sobre uma
coisa muito séria.
Marcus assina alguns papéis: Tem
mesmo que ser agora, Munique? Por que não me encontra em meia-hora no
restaurante para conversarmos? Assim vou poder te dar mais atenção...Estou
muito atarefado, principalmente por conta que uma das funcionárias morreu,
ainda não sei ao certo quem, e os que estavam com ela faltaram no
trabalho...Quase que esse hotel vira um caos. Tô tentando controlar a situação
até agora. Percalços rotineiros...
Munique, incisivo: É exatamente sobre
isso que eu quero falar, pai. Eu estava com essa moça que morreu, não me
pergunte como, e testemunhei o terrível episódio...Lamento ter que te dizer
isso, e pode até não acreditar em mim, mas...Eu sei quem matou, ou melhor, quem
mandou matar a sua funcionária. E essa pessoa se chama Alexandra Amaral.
Marcus o encara: Do que você tá
falando? Alexandra mandou matar uma funcionária? Mas porquê? Que história é
essa?
Munique suspira: Desculpa despejar
isso de forma fria pra você, mas é que ainda tem revolta no meu sangue.
Acontece que a Dani, sobrinha da Suspiro que trabalhava como recepcionista,
descobriu um segredo da Alexandra. Sua esposa não poupou ela. Mandou que
bandidos matassem a Dani...
Marcus confessa: Eu não duvido de
você, Munique, conheço bem o caráter da Alexandra. Estamos há anos juntos, é
impossível não conhecer, mas ainda não entendi que segredo é esse, e como a tal
Dani o descobriu! Explica melhor, Munique. Estou ouvindo.
Munique joga o cartão na mesa: A
Alexandra e o Guga mantém uma conta secreta que administram com esse cartão. A
conta é sustentada com seu dinheiro...Eles te roubam, pai, há muito tempo. A
Dani descobriu isso e resolveu me entregar, porquê sabe da nossa relação...E
ACABOU PAGANDO COM A PRÓPRIA VIDA!
Marcus fica perplexo.
Munique, descontrolado: Eu sei que
ela é sua esposa e tudo mais, pai, só que tenho absoluta certeza de sua
participação na morte da Dani, que a essa hora está sendo velada! Foi uma das
coisas mais terríveis que eu e muitas pessoas presenciamos. Violência crua,
bandidos frios...E acho meu dever te alertar sobre o que tão fazendo contigo,
pra que possa fazer justiça pela Dani. Ela não merecia pai...
Marcus, ofegante: Não se preocupa,
Munique...Eu te garanto que vou resolver esse caso. Promessa de pai- Ele escorre
uma lágrima- Mas não demonstra pra Alexandra que sabe de bandidagem relacionada
à ela. Obrigado pelo cartão, vou investigar tudo a fundo e...Fazer justiça.
Esses criminosos e a mandante não vão ficar impunes, Munique.
Munique: Eu ainda tenho que ir no velório,
me despedir da Dani...Ela era batalhadora, corajosa, determinada- Ele abaixa a
cabeça- A culpa é minha.
Marcus: Não fala isso, Munique, já te
disse que vou punir os criminosos!! PALAVRA DE HONRA, FILHO- Ele abraça o
filho- TÔ FALANDO!
Munique pede: Se separa dela... Da
Alexandra.
Guga entra: Boa noite, família!- Ele
fecha a porta- Não queria atrapalhar a bonita conversa entre pai e filho, mas é
que o golfe aquático tá dando problema, e tão te chamando com urgência, Marcus.
Marcus, tentando se manter firme:
Fecha esse golfe aquático. Amanhã o problema vai ser resolvido, já passou das
20h...
Munique corta o assunto: Tio Guga, eu
preciso te falar uma coisa que acho ser do seu interesse...Sei que tem suas
diferenças com o resto da família Porto e Pompa, bem, eu mal os conheço- Mente-
Mas acho que devo te falar que sua mãe, minha avó, Marcelina, está doente.
Guga: Doente?
Munique pigarreia: Na verdade eu
fiquei sabendo por alto que ela está com câncer no estômago...E neste momento
deve estar sendo operada.
Guga se segura na parede: CÂNCER?-
Ele fica abalado, mas não demonstra.
Cena 06- Haras Campestrini
Ferrari/ Int./ Estábulos/ Noite.
Luckas termina de realizar um
serviço, o último da noite. O Conde Gian aparece, “ sem pretensões”. O nobre
acende um cigarro.
Gian, sorrindo: Atrapalho?
Luckas, sem encará-lo: Não, já vou
terminar aqui para poder jantar- Ele repara no cheiro diferente- Não sabia que
o senhor fumava...
Gian: Tem muitas coisas sobre mim que
nem você, nem o pessoal daquela casa sequer desconfiam...Segredos. Todos temos
os nossos. Alguns faço questão de revelar- Eles ficam em silêncio- E o
digníssimo Fábio?
Luckas, pouco interessado em
continuar a conversa: Cuidando da irmã desse puro-sangue aqui. Ela não se
adaptou ao haras e está doente...Miguel e ele estão afincados na recuperação
dela.
Gian apaga o cigarro: Interessante
você tocar nesse assunto. Irmãs. Você tem alguma, rapaz? É filho único? Eu sou,
e lamento profundamente.
Luckas mente: Sou sim. Minha mãe
adoeceu antes de poder sequer pensar em outro filho. Mas me acostumei com isso.
Nunca fiz questão de ninguém.
Gian, fingindo que acredita: Rapaz
independente... Já eu sempre quis uma companhia. Ser solitário significa não
ter ninguém pra brincar, pra dividir seus medos...E se minha irmã adoecesse,
como é o caso desse cavalo, eu ficaria muito abalado- Ele suspira- Mas não
quero te alugar com meus dilemas bobos, sei que não gosta muito de mim.
Luckas fica encabulado: Quê isso,
Conde...
Gian: Não precisa fingir que gosta de
mim, Luckas. Enfim, como ia dizendo, se eu tivesse uma irmã, gostaria que ela
se chamasse Margot. E você? Tem um nome predileto?
Luckas deixa o balde cair: O QUE
SIGNIFICA ISSO?
Gian se faz de desentendido: Isso o quê, meu caro? Estamos apenas
conversando- Ele se satisfaz por dentro. Iná o chama, anunciando o jantar- De
qualquer modo tenho que ir...Boa noite, rapaz. Sonhe com sua fictícia irmã. Eu
sonharei com Margot- E sai.
Luckas treme por dentro: Não é
possível...Esse maldito não pode...- Ele sai correndo rumo ao quarto, abandonando
o estábulo. Lá, procura pelo celular escondido na última gaveta. Acha o
aparelho, liga ele, e checa as últimas ligações.
E descobre que Gian havia ligado para
Ellen.
Luckas fica tão nervoso que joga a
mobília pelo ar, num acesso de loucura.
Cena 07- Bar Recife Rocks/
Int./ Noite.
Susana observa o próprio reflexo, um
pouco sujo, no aquário meio abandonado do bar, onde a água era mais lodo do que
água em si.
Susana pensa em tudo o que fez no
dia, e, sem pestanejar, bebe um copo inteiro de cachaça. Ela contorce a boca e
expressa uma careta. Era uma bebida forte: Ô CAMPEÃO...MAIS UMA DOSE AQUI! MAIS
UMA ATÉ EU ESQUECER MEU PRÓPRIO NOME. MINHA VIDA É UMA DESGRAÇA, E SÓ O PODER
DESSE LIQUIDO- Ela ergue o copo- VAI PODER ME AJUDAR! GLORIA!
Era a terceira dose da mulher, que já
perdera o domínio sobre as palavras.
Rennê, ao telefone, entra no recinto:
Já já eu chego no cemitério, Saskia, vou comprar uma quentinha ou alguma coisa
pra vocês comerem...Tudo bem, até logo- Ele desliga, no mesmo instante que
reconhece Susana na mesa- Não é a filha da dona Marcelina ali?- E vai até lá.
Susana bate na mesa: EU QUERO MINHA
BEBIDA! EU QUERO ESQUECER ESSE MUNDO! BRIGUEI COM A MINHA MÃE, TÁ ENTENDENDO? E
AINDA TEM A TAL...VINGANÇA! QUE ME CONSOME! É MUITA EMOÇÃO, TRÁS MINHA CACHAÇA!!
ANDA!
Rennê pega em seu ombro: Susana?
Lembra de mim?- Ele se assusta com o estado da mulher- Tá...Tudo bem? Agora é
minha vez de perguntar.
Susana se levanta: AH, O TAL DO
RENNÊ! OI, COMO VAI?- Ela beija duas vezes o rosto do homem- VAMOS BEBER!
GARÇOM SURDO, DÁ PRA TRAZER MAIS UM COPO?- E se vira para Rennê- AGUENTA FORTES
EMOÇÕES? PORQUÊ EU NÃO...EU NÃO CONSIGO ACREDITAR NO QUE TÁ ACONTECENDO COM A
MINHA VIDA! ABANDONEI MINHA MÃE- Ela inicia um choro nada sóbrio- SOU UMA
PÉSSIMA FILHA, PÉSSIMA PESSOA E...
Susana vai caindo no chão antes de
concluir a frase. Rennê a pega.
Rennê, sem fôlego: Calma, Susana,
você não tá bem, preciso te levar pra casa- Ele a senta- Ô companheiro, a conta
da moça aqui!!- E abre a carteira- Na sua casa vamos poder conversar melhor
e...Quem sabe eu possa te ajudar.
Susana boceja: MOÇA
NÃO...INFELIZMENTE PERDI A MINHA JUVENTUDE, ALIÁS, ME FIZERAM PERDER! MAS EU
VOU DAR O TROCO. COM JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA!
Rennê paga a conta de Susana, que a
esse ponto já cantarola músicas inexistentes. Ele pega a bêbada pelo ombro e
até esquece o que tinha ido fazer no bar.
Cena 08- Monte Castelo Hotel/
Int./ Escritório de Marcus/ Dia.
Marcus maquina sobre o que Munique
lhe disse.
Munique joga o cartão na mesa: A
Alexandra e o Guga mantém uma conta secreta que administram com esse cartão. A
conta é sustentada com seu dinheiro...Eles te roubam, pai, há muito tempo. A
Dani descobriu isso e resolveu me entregar, porquê sabe da nossa relação...E
ACABOU PAGANDO COM A PRÓPRIA VIDA!
FLASHBACK/ MUITOS ANOS ATRÁS:
Liana range os dentes: Não querendo
duvidar da sua capacidade, Marcus, mas você não suspeita mesmo de ninguém que
tenha interesse em raptar o seu filho? Falo isso porquê essa história toda da
prisão da Susana não passou de um jogo de interesses...
Marcus: Tá querendo dizer que a
Alexandra roubou o meu filho, Liana? Eu não tenho dúvida nenhuma quanto a sua
capacidade de envenenar uns contra os outros, acontece que me casei faz pouco
tempo com a Alê, e não admito insinuações pra cima dela! Ainda vou descobrir
quem raptou ele!
Liana: Veja bem, eu não insinuei
nada, apenas perguntei. São verbos bem diferentes, Marcolino. Outro verbo que
adoro é recomendar, e recomendo que fique de olho bem aberto com a Alexandra. E
nem pense em duvidar de mim, olha só, outro verbinho. Afinal, eu convivi anos
com ela. Sinto dizer, mas sua esposa é tão amigável quanto uma planta
carnívora.
VOLTA A CENA.
Marcus faz uma rápida pesquisa na
internet e consegue o telefone da prefeitura de Feio Horizonte. Pouco depois,
liga para o gabinete do prefeito e ao falar seu nome, consegue acesso para
conversar com o major.
Marcus, amistoso: Sr. Corrupicildo?
Boa noite, desculpe se interrompo alguma coisa, é que preciso de uma ajuda sua.
Aqui quem fala é o dono do Monte Castelo Hotel, Marcus Vilalobos.
Corrupicildo se ajeita na cadeira, e
tira a maçã da boca: Ô seu Vilalobos, é uma honra falar com o senhor, eu tô
sabendo do seu hotel debaixo d’água, do seu filhinho que apareceu...Ele era de
Feio Horizonte, não é? Vi no jornal.
Marcus: Era sim, chama-se Munique e,
no momento, é meu maior orgulho. Minha ligação tem certa relação com ele,
senhor Corrupicildo, porquê preciso do telefone da mãe adotiva de
Munique...Imagine que ele perdeu!- Inventa- Se chama Sula a dita cuja, então queria
que pedisse pra sua secretária pesquisar o telefone e endereço dela. É de
extrema urgência, mas já deixo previamente avisado que se conseguir me arranjar
o contato, lhe dou uma semana de estadia no Monte Castelo Hotel. De graça! Vai
amar aqui, garanto.
Corrupicildo quase salta da cadeia:
Claro que posso te conseguir isso, seu Vilalobos, um favorzinho desse nem
precisa de recompensa, mas já que insiste, eu aceito o convite pra hospedagem.
Só um minutinho- Ele pega um microfone- Ô JOSELAIDE! JOSELAIDE VEM AQUI, SUA
LERDA- E volta para a ligação- Eu vou pedir pra minha secretária Joselaide
conseguir o endereço da Sula pro senhor, é rapidex, me dá o seu imeiu pra ela te enviar tudo.
Pouco depois, Marcus consegue o
número de Sula e liga para a mesma.
Sula abaixa o volume da TV: Essa
hora? Vem Wagner, talvez seja o Munique, ele disse que ia ligar pra gente
qualquer dia desses...
Wagner: Eu tô estranhando a Alexandra
não ter feito nada com a gente. Já estava pronto pra fugir caso algum atentado
ocorresse...Não é pacificidade demais pra aquela demônia que me descreveu?
Sula: Eu também estranhei, mas depois
a gente discute isso- Ela atende- Alô?
Marcus respira fundo: Falo com Sula?
Sula confirma: Em carne, osso, e
principalmente gordura. E eu falo com quem?
Marcus: Com Marcus Vilalobos- Ela
arregala os olhos- Não se lembra mais da minha voz, Gordênia?
Sula fica trêmula.
Cena 09- Hospital Recife/
Int./ Corredores/ Noite.
Ricardo, com Caio no colo: Eu vou
levar o pequeno pra Suspirela, sabia que ele não conseguiria ficar acordado...
Vai aguentar ficar aqui só, amor?
Jucy, meio sonolenta: Claro que sim,
enquanto nenhum médico aparecer com notícias sobre minha mãe, eu não saio
daqui. Aliás, vou pegar um café na lanchonete, mas depois me sento aqui e fico
imóvel, Ricardo- Ela se levanta- Espero que esteja tudo bem...Achei estranho
que a Suspiro e o Peninha não vieram. Será que aconteceu alguma coisa?
Ricardo pega o celular: Vou ligar pro
cabaço do Peninha. Se a Suspiro não veio, foi por algum problema no carro dele-
O homem coloca Caio numa cadeira e liga- Alô? Peninha, onde tu tá? Esqueceu da
cirurgia da dona Marcelina? Ela tá sendo operada, e foi pra mesa de cirurgia
sem ver vocês!
Peninha sai do lugar onde acontecia o
velório: Poxa, Rick, eu acabei me esquecendo da operação da comadre- Ele
suspira- Aconteceu uma tragédia, que até agora não consegui achar
explicação...Tô de coração partido, sem saber o que fazer.
Ricardo se preocupa: Tragédia? Que
tragédia, Peninha?
Jucy se volta para ele: O que
aconteceu?
Peninha conta: A Dani foi
assassinada, Rick. Me encontro no cemitério, no velório da coitada!
Ricardo fica chocado: O QUÊ?
Guga entra no corredor. Ele avista
Jucy e vai até ela.
Jucy, ainda sem ver o irmão: Fala,
Ricardo! Que tragédia foi essa?
Ricardo, sem norte: Eu vou dar uma
passada aí, Peninha, e você me explica melhor como isso foi acontecer! Que
horror- Ele demora para falar- Não se preocupa, a dona Marcelina vai ficar
bem...Já tô indo, Peninha!- E desliga- Jucy, a Dani foi assassinada.
Jucy: O QUÊ? COMO ISSO ACONTECEU,
RICARDO? MEU DEUS...
Ricardo: Eu vou descobrir
agora...Deixa o Caio dormindo aqui mesmo- Ele sai andando- Mantenho contato,
amor. Qualquer coisa é só me ligar.
Jucy, tensa: Tudo bem, mas liga
mesmo!- Ela se vira e vê Guga sentado numa cadeira.
Guga sorri: Oi, irmã, há quanto
tempo! A cirurgia da nossa mãe já acabou?
Jucy fica sem reação.
Cena final- Feio Horizonte/ Casa
de Sula/ Int./ Noite.
Sula tenta mudar a voz: Olha moço,
acho que é engano...Eu não me chamo Sula, nem muito menos Gordênia. Que nome
insinuativo!
Marcus, seguro: Não adianta mentir,
Sula/ Gordênia, eu sei muito bem com quem estou falando, e não ouse desligar
esse telefone, ou as coisas vão piorar pra ti! Liguei pra esclarecer de vez
essa história do rapto do meu filho, sei que está envolvida nisso, então é
melhor que fale.
Sula: Marcus, por favor, não me
envolve mais nisso! Já encontrou o Munique, ele está bem aí. Vê como o criei
bem? Esquece a história do rapto, me envergonho de estar envolvida nesse
caso...Até poderia contar, mas tenho medo. Muito medo.
Marcus: Medo da pessoa que raptou o
Munique e te entregou? Sula, eu quero que fale o nome dela, isso não vai te
custar nada, garanto. Venha aqui pra Recife, posso te proteger dessa pessoa
e...
Sula o corta: Acontece que essa
pessoa é sua esposa, Marcus. Alexandra roubou o Munique e me entregou ele. Foi
ninguém mais, ninguém menos, que ela! A ALEXANDRA!
Marcus fica barbarizado, mesmo com as
suspeitas. Ele olha para um retrato que tem na mesinha, com uma foto dele e de
Alê. E o atira contra a parede.
TERMINA O CAPÍTULO 28.

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