quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Elos- Capítulo 28.

Cena 01- Monte Castelo Hotel/ Int./ Salão principal/ Dia.

Alexandra, em tom frio: O que você tá fazendo aqui? Sabe que não é bem- vinda... Não recebemos assassinos, nem assassinas.

Susana, com deboche: Sério? São os mais ricos! Inclusive os donos desse hotel. Embora eu tenha todo direito de estar aqui, prefiro fazer apenas visitas casuais.

Alexandra se angustia: O que você quer dizer com isso, Susana? Acha que alguém aqui liga pras suas ameaças?

Susana ri: Deviam ligar...Mas basta de insinuações! Não precisa ficar toda assustada com minha presença. Eu vim falar com meu filho, Munique. Conhecer ele.

Alexandra: Conhecer? Mas você já conhece ele há mais tempo que nós! Pra mim você não mente, Susana, sei que você e aquele Munique estão planejando alguma coisa. Tenho até fotos. O Marcus tá iludido com esse menino, mas logo eu faço questão de desencanta-lo.

Susana, totalmente segura: Você devia cuidar melhor do seu marido, Alê, ou vai perder ele...Pro Munique você já perdeu! Mas vai que...

Alexandra, colérica: COMPLETA O QUE IA DIZER! VAMOS!

Susana: Cuidado ou a pressão sobe, Alê! Vamos parar com essa conversa ou seu estado de saúde piora, capaz de nascerem mais bolhas no seu rosto. Mas, como sua boa amiga de anos, eu estava te alertando pra cuidar do seu marido, e disso aqui tudo...

Alexandra avança pra cima dela: Tá achando que vai conseguir alguma coisa pra saciar essa sua sede de vingança? Melhor desistir. Mais uma entrada sua aqui e eu abro os portões do inferno pra jogar seu filho lá.

Susana a ronda: Se você pensar em derrubar o meu filho, vai cair junto. Se o capeta te quiser por lá, claro- Ela põe seus óculos- No entanto, ainda acho melhor que você seja presa, e sofra, sofra muito. Na escuridão, e no jogo de roda que a cadeia proporciona diariamente. Um passo errado...E você perde. AGORA TENHO QUE IR, AMIGA, DEPOIS CONVERSAMOS- Grita- ELA É MINHA AMIGA HÁ MUITO TEMPO- Diz aos hóspedes que estavam presentes- SOMOS COMO UNHA E CARNE.

Susana sai após o pronunciado, satisfeita com o embate, enquanto Alexandra se dirige a seu quarto, ainda reflexiva.

Mas muito atingida com as palavras de Susana.

ELOS- CAPÍTULO 28.

Roteiro: Victor Morais.

Cena 02- Suspirela/ Ext./ Dia.

As lágrimas de Suspiro molhavam o rosto frio de Dani, que já não tinha mais vida. O grupo de bandidos entra no carro, e fogem sem dificuldades. No asfalto, a dona da Suspirela estava ajoelhada sobre o corpo da sobrinha, ao mesmo tempo em que os outros voltavam para testemunhar a tragédia. Ninguém sabia o que falar, apenas choravam. Vizinhos, uma viatura, e curiosos vinham tomar consciência do que havia ocorrido. Munique, Rennê e Alencar também se apresentam. Choque geral. A cena era terrível e fazia a alma de Suspiro ser estapeada a cada segundo. Seu corpo não se movimentava. Os conhecidos tentavam puxá-la. E a mulher começava a gritar, de desespero.



Cena 03- Delegacia/ Int./ Fim de Tarde.

- Ela era uma boa moça.           
- Não entendo como fizeram isso com ela.
- Os bandidos trataram de deixar claro: Queriam matar a Dani.
- Vieram especificamente pra isso! Ela devia estar metida com alguma coisa.
- Será que ela se envolveu com bandido?

O escrivão do delegado anotava todos os depoimentos. O último era o de Suspiro. Os outros jovens ainda estavam muito abalados, principalmente Margot, que tinha certeza de quem era a mandante do crime. Em seus punhos e bocas, a marca da corda e das mordaças. Peninha não falava nada.

Saskia se aproxima: Eu liguei pro hotel e contei o que aconteceu...

Ninguém responde. A recente imagem de Dani mexia com todos.

Suspiro, de frente para o delegado: Foi ela. A mandante. Alexandra Amaral. Dani descobriu um segredo dela, e a maldita mandou assassinarem minha sobrinha... Eu não parei pra pensar nisso a princípio, mas agora fica claro. Dani era uma menina boa, não se metia com gente ruim, era prudente, mas muito teimosa, e insistiu no tal segredo da Alexandra...Nisso que deu. Perdi a pessoa mais importante da minha vida. E só queria que ela voltasse...

Delegado: Mas você tem alguma prova contra a dona Alexandra?? Ou que ela mandou matarem a sua sobrinha? Algo concreto...

Suspiro, com raciocínio lento: Não... Quer dizer, tínhamos o cartão provando que a Alexandra roubava o marido, mas os bandidos por certo levaram, então...

Delegado: Isso é tudo, dona Suspiro. Vamos te recomendar uma psicóloga para lhe ajudar a tentar uma superação diante de todo esse terror...Vamos investigar a possibilidade de Alexandra ter algo a ver com o crime, mas creio que, se não tem provas, de nada vai adiantar. Até mais ver.

Suspiro se levanta: Só quero justiça pela minha sobrinha. TENHO CERTEZA QUE ALEXANDRA FEZ ISSO!! ELA NÃO PODE FICAR IMPUNE. DE NOVO NÃO!

Delegado: Ildo, dá um copo de água pra dona Suspiro. Ela precisa se acalmar...

Suspiro sai, guiada, e atordoada.

Cena 04- Hospital Recife/ Int./ Quarto de Marcelina/ Início de noite.

Jucy, colada à mãe: Eu não entendo por que a Susana ainda não chegou...

Marcelina, desolado: Eu entendo...Ela não veio por que não quis. E porque não conseguiu me perdoar.

Dr. Ariano aparece: Hora da cirurgia, dona Marcelina. Vamos te levar até a sala específica para começarmos o procedimento. Jucy, preciso que assine alguns termos pra autorizar a operação...Venha...

Jucy sai e Marcelina fica sozinha no quarto, deitada, encarando o teto.

Susana vê o ônibus passar na frente do hospital onde está a mãe. Ela pensa em puxar a corda para descer, mas desiste após se lembrar da discussão que teve com Marcelina. A mulher se vira e fecha os olhos.

Agora a matriarca dos Porto e Pompa está na sala de cirurgia, um pouco fraca. Com a aplicação da anestesia, ela vai perdendo a consciência aos poucos.

Corta para o cemitério. Dani também está estirada, coberta com flores, um terço nas mãos, algodão nas narinas e em outras partes. Tinha vindo diretamente do IML. As primeiras pessoas chegam. No bairro e arredores, a notícia tinha se espalhado. Telejornais locais contavam sobre o caso, como mais um dos outros episódios de violência no país, tão banais, a ponto de serem ignorados.

Enquanto isso, a cirurgia de Marcelina começa. Jucy dá voltas pelo corredor. Tentava ligar para Susana, que, ainda dentro do transporte coletivo, não fazia questão de atender. Ricardo e Caio também estavam no hospital, embora a presença do último não fosse recomendada.

Na Suspirela, uma marcha rumo ao carro de Saskia, em silêncio. Luto inquestionável. Suspiro não tinha forças para andar, e era sustentada por Peninha.

Sangue, velas, bisturis, coroas de flores, tesouras, lenços... A tristeza pairava sobre a pesada atmosfera daquela noite nebulosa.

Cena 05- Monte Castelo Hotel/ Int./ Escritório de Marcus/ Noite.

Marcus está centrado no computador, realizando algumas tarefas. O telefone toca com frequência. De súbito Munique entra, sem bater.

Munique, com evidente exaustão na aparência: Pai, me perdoa te interromper, mas precisamos conversar sobre uma coisa muito séria.

Marcus assina alguns papéis: Tem mesmo que ser agora, Munique? Por que não me encontra em meia-hora no restaurante para conversarmos? Assim vou poder te dar mais atenção...Estou muito atarefado, principalmente por conta que uma das funcionárias morreu, ainda não sei ao certo quem, e os que estavam com ela faltaram no trabalho...Quase que esse hotel vira um caos. Tô tentando controlar a situação até agora. Percalços rotineiros...

Munique, incisivo: É exatamente sobre isso que eu quero falar, pai. Eu estava com essa moça que morreu, não me pergunte como, e testemunhei o terrível episódio...Lamento ter que te dizer isso, e pode até não acreditar em mim, mas...Eu sei quem matou, ou melhor, quem mandou matar a sua funcionária. E essa pessoa se chama Alexandra Amaral.

Marcus o encara: Do que você tá falando? Alexandra mandou matar uma funcionária? Mas porquê? Que história é essa?

Munique suspira: Desculpa despejar isso de forma fria pra você, mas é que ainda tem revolta no meu sangue. Acontece que a Dani, sobrinha da Suspiro que trabalhava como recepcionista, descobriu um segredo da Alexandra. Sua esposa não poupou ela. Mandou que bandidos matassem a Dani...

Marcus confessa: Eu não duvido de você, Munique, conheço bem o caráter da Alexandra. Estamos há anos juntos, é impossível não conhecer, mas ainda não entendi que segredo é esse, e como a tal Dani o descobriu! Explica melhor, Munique. Estou ouvindo.

Munique joga o cartão na mesa: A Alexandra e o Guga mantém uma conta secreta que administram com esse cartão. A conta é sustentada com seu dinheiro...Eles te roubam, pai, há muito tempo. A Dani descobriu isso e resolveu me entregar, porquê sabe da nossa relação...E ACABOU PAGANDO COM A PRÓPRIA VIDA!

Marcus fica perplexo.

Munique, descontrolado: Eu sei que ela é sua esposa e tudo mais, pai, só que tenho absoluta certeza de sua participação na morte da Dani, que a essa hora está sendo velada! Foi uma das coisas mais terríveis que eu e muitas pessoas presenciamos. Violência crua, bandidos frios...E acho meu dever te alertar sobre o que tão fazendo contigo, pra que possa fazer justiça pela Dani. Ela não merecia pai...

Marcus, ofegante: Não se preocupa, Munique...Eu te garanto que vou resolver esse caso. Promessa de pai- Ele escorre uma lágrima- Mas não demonstra pra Alexandra que sabe de bandidagem relacionada à ela. Obrigado pelo cartão, vou investigar tudo a fundo e...Fazer justiça. Esses criminosos e a mandante não vão ficar impunes, Munique.

Munique: Eu ainda tenho que ir no velório, me despedir da Dani...Ela era batalhadora, corajosa, determinada- Ele abaixa a cabeça- A culpa é minha.

Marcus: Não fala isso, Munique, já te disse que vou punir os criminosos!! PALAVRA DE HONRA, FILHO- Ele abraça o filho- TÔ FALANDO!

Munique pede: Se separa dela... Da Alexandra.

Guga entra: Boa noite, família!- Ele fecha a porta- Não queria atrapalhar a bonita conversa entre pai e filho, mas é que o golfe aquático tá dando problema, e tão te chamando com urgência, Marcus.

Marcus, tentando se manter firme: Fecha esse golfe aquático. Amanhã o problema vai ser resolvido, já passou das 20h...

Munique corta o assunto: Tio Guga, eu preciso te falar uma coisa que acho ser do seu interesse...Sei que tem suas diferenças com o resto da família Porto e Pompa, bem, eu mal os conheço- Mente- Mas acho que devo te falar que sua mãe, minha avó, Marcelina, está doente.

Guga: Doente?

Munique pigarreia: Na verdade eu fiquei sabendo por alto que ela está com câncer no estômago...E neste momento deve estar sendo operada.

Guga se segura na parede: CÂNCER?- Ele fica abalado, mas não demonstra.



Cena 06- Haras Campestrini Ferrari/ Int./ Estábulos/ Noite.

Luckas termina de realizar um serviço, o último da noite. O Conde Gian aparece, “ sem pretensões”. O nobre acende um cigarro.

Gian, sorrindo: Atrapalho?

Luckas, sem encará-lo: Não, já vou terminar aqui para poder jantar- Ele repara no cheiro diferente- Não sabia que o senhor fumava...

Gian: Tem muitas coisas sobre mim que nem você, nem o pessoal daquela casa sequer desconfiam...Segredos. Todos temos os nossos. Alguns faço questão de revelar- Eles ficam em silêncio- E o digníssimo Fábio?

Luckas, pouco interessado em continuar a conversa: Cuidando da irmã desse puro-sangue aqui. Ela não se adaptou ao haras e está doente...Miguel e ele estão afincados na recuperação dela.

Gian apaga o cigarro: Interessante você tocar nesse assunto. Irmãs. Você tem alguma, rapaz? É filho único? Eu sou, e lamento profundamente.

Luckas mente: Sou sim. Minha mãe adoeceu antes de poder sequer pensar em outro filho. Mas me acostumei com isso. Nunca fiz questão de ninguém.

Gian, fingindo que acredita: Rapaz independente... Já eu sempre quis uma companhia. Ser solitário significa não ter ninguém pra brincar, pra dividir seus medos...E se minha irmã adoecesse, como é o caso desse cavalo, eu ficaria muito abalado- Ele suspira- Mas não quero te alugar com meus dilemas bobos, sei que não gosta muito de mim.

Luckas fica encabulado: Quê isso, Conde...

Gian: Não precisa fingir que gosta de mim, Luckas. Enfim, como ia dizendo, se eu tivesse uma irmã, gostaria que ela se chamasse Margot. E você? Tem um nome predileto?

Luckas deixa o balde cair: O QUE SIGNIFICA ISSO?

Gian se faz de desentendido: Isso o quê, meu caro? Estamos apenas conversando- Ele se satisfaz por dentro. Iná o chama, anunciando o jantar- De qualquer modo tenho que ir...Boa noite, rapaz. Sonhe com sua fictícia irmã. Eu sonharei com Margot- E sai.

Luckas treme por dentro: Não é possível...Esse maldito não pode...- Ele sai correndo rumo ao quarto, abandonando o estábulo. Lá, procura pelo celular escondido na última gaveta. Acha o aparelho, liga ele, e checa as últimas ligações.

E descobre que Gian havia ligado para Ellen.

Luckas fica tão nervoso que joga a mobília pelo ar, num acesso de loucura.



Cena 07- Bar Recife Rocks/ Int./ Noite.



Susana observa o próprio reflexo, um pouco sujo, no aquário meio abandonado do bar, onde a água era mais lodo do que água em si.

Susana pensa em tudo o que fez no dia, e, sem pestanejar, bebe um copo inteiro de cachaça. Ela contorce a boca e expressa uma careta. Era uma bebida forte: Ô CAMPEÃO...MAIS UMA DOSE AQUI! MAIS UMA ATÉ EU ESQUECER MEU PRÓPRIO NOME. MINHA VIDA É UMA DESGRAÇA, E SÓ O PODER DESSE LIQUIDO- Ela ergue o copo- VAI PODER ME AJUDAR! GLORIA!

Era a terceira dose da mulher, que já perdera o domínio sobre as palavras.

Rennê, ao telefone, entra no recinto: Já já eu chego no cemitério, Saskia, vou comprar uma quentinha ou alguma coisa pra vocês comerem...Tudo bem, até logo- Ele desliga, no mesmo instante que reconhece Susana na mesa- Não é a filha da dona Marcelina ali?- E vai até lá.

Susana bate na mesa: EU QUERO MINHA BEBIDA! EU QUERO ESQUECER ESSE MUNDO! BRIGUEI COM A MINHA MÃE, TÁ ENTENDENDO? E AINDA TEM A TAL...VINGANÇA! QUE ME CONSOME! É MUITA EMOÇÃO, TRÁS MINHA CACHAÇA!! ANDA!

Rennê pega em seu ombro: Susana? Lembra de mim?- Ele se assusta com o estado da mulher- Tá...Tudo bem? Agora é minha vez de perguntar.

Susana se levanta: AH, O TAL DO RENNÊ! OI, COMO VAI?- Ela beija duas vezes o rosto do homem- VAMOS BEBER! GARÇOM SURDO, DÁ PRA TRAZER MAIS UM COPO?- E se vira para Rennê- AGUENTA FORTES EMOÇÕES? PORQUÊ EU NÃO...EU NÃO CONSIGO ACREDITAR NO QUE TÁ ACONTECENDO COM A MINHA VIDA! ABANDONEI MINHA MÃE- Ela inicia um choro nada sóbrio- SOU UMA PÉSSIMA FILHA, PÉSSIMA PESSOA E...

Susana vai caindo no chão antes de concluir a frase. Rennê a pega.

Rennê, sem fôlego: Calma, Susana, você não tá bem, preciso te levar pra casa- Ele a senta- Ô companheiro, a conta da moça aqui!!- E abre a carteira- Na sua casa vamos poder conversar melhor e...Quem sabe eu possa te ajudar.

Susana boceja: MOÇA NÃO...INFELIZMENTE PERDI A MINHA JUVENTUDE, ALIÁS, ME FIZERAM PERDER! MAS EU VOU DAR O TROCO. COM JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA!

Rennê paga a conta de Susana, que a esse ponto já cantarola músicas inexistentes. Ele pega a bêbada pelo ombro e até esquece o que tinha ido fazer no bar.

Cena 08- Monte Castelo Hotel/ Int./ Escritório de Marcus/ Dia.



Marcus maquina sobre o que Munique lhe disse.

Munique joga o cartão na mesa: A Alexandra e o Guga mantém uma conta secreta que administram com esse cartão. A conta é sustentada com seu dinheiro...Eles te roubam, pai, há muito tempo. A Dani descobriu isso e resolveu me entregar, porquê sabe da nossa relação...E ACABOU PAGANDO COM A PRÓPRIA VIDA!

FLASHBACK/ MUITOS ANOS ATRÁS:

Liana range os dentes: Não querendo duvidar da sua capacidade, Marcus, mas você não suspeita mesmo de ninguém que tenha interesse em raptar o seu filho? Falo isso porquê essa história toda da prisão da Susana não passou de um jogo de interesses...

Marcus: Tá querendo dizer que a Alexandra roubou o meu filho, Liana? Eu não tenho dúvida nenhuma quanto a sua capacidade de envenenar uns contra os outros, acontece que me casei faz pouco tempo com a Alê, e não admito insinuações pra cima dela! Ainda vou descobrir quem raptou ele!

Liana: Veja bem, eu não insinuei nada, apenas perguntei. São verbos bem diferentes, Marcolino. Outro verbo que adoro é recomendar, e recomendo que fique de olho bem aberto com a Alexandra. E nem pense em duvidar de mim, olha só, outro verbinho. Afinal, eu convivi anos com ela. Sinto dizer, mas sua esposa é tão amigável quanto uma planta carnívora.
VOLTA A CENA.

Marcus faz uma rápida pesquisa na internet e consegue o telefone da prefeitura de Feio Horizonte. Pouco depois, liga para o gabinete do prefeito e ao falar seu nome, consegue acesso para conversar com o major.

Marcus, amistoso: Sr. Corrupicildo? Boa noite, desculpe se interrompo alguma coisa, é que preciso de uma ajuda sua. Aqui quem fala é o dono do Monte Castelo Hotel, Marcus Vilalobos.

Corrupicildo se ajeita na cadeira, e tira a maçã da boca: Ô seu Vilalobos, é uma honra falar com o senhor, eu tô sabendo do seu hotel debaixo d’água, do seu filhinho que apareceu...Ele era de Feio Horizonte, não é? Vi no jornal.

Marcus: Era sim, chama-se Munique e, no momento, é meu maior orgulho. Minha ligação tem certa relação com ele, senhor Corrupicildo, porquê preciso do telefone da mãe adotiva de Munique...Imagine que ele perdeu!- Inventa- Se chama Sula a dita cuja, então queria que pedisse pra sua secretária pesquisar o telefone e endereço dela. É de extrema urgência, mas já deixo previamente avisado que se conseguir me arranjar o contato, lhe dou uma semana de estadia no Monte Castelo Hotel. De graça! Vai amar aqui, garanto.

Corrupicildo quase salta da cadeia: Claro que posso te conseguir isso, seu Vilalobos, um favorzinho desse nem precisa de recompensa, mas já que insiste, eu aceito o convite pra hospedagem. Só um minutinho- Ele pega um microfone- Ô JOSELAIDE! JOSELAIDE VEM AQUI, SUA LERDA- E volta para a ligação- Eu vou pedir pra minha secretária Joselaide conseguir o endereço da Sula pro senhor, é rapidex, me dá o seu imeiu pra ela te enviar tudo.

Pouco depois, Marcus consegue o número de Sula e liga para a mesma.

Sula abaixa o volume da TV: Essa hora? Vem Wagner, talvez seja o Munique, ele disse que ia ligar pra gente qualquer dia desses...

Wagner: Eu tô estranhando a Alexandra não ter feito nada com a gente. Já estava pronto pra fugir caso algum atentado ocorresse...Não é pacificidade demais pra aquela demônia que me descreveu?

Sula: Eu também estranhei, mas depois a gente discute isso- Ela atende- Alô?

Marcus respira fundo: Falo com Sula?

Sula confirma: Em carne, osso, e principalmente gordura. E eu falo com quem?

Marcus: Com Marcus Vilalobos- Ela arregala os olhos- Não se lembra mais da minha voz, Gordênia?

Sula fica trêmula.

Cena 09- Hospital Recife/ Int./ Corredores/ Noite.

Ricardo, com Caio no colo: Eu vou levar o pequeno pra Suspirela, sabia que ele não conseguiria ficar acordado... Vai aguentar ficar aqui só, amor?

Jucy, meio sonolenta: Claro que sim, enquanto nenhum médico aparecer com notícias sobre minha mãe, eu não saio daqui. Aliás, vou pegar um café na lanchonete, mas depois me sento aqui e fico imóvel, Ricardo- Ela se levanta- Espero que esteja tudo bem...Achei estranho que a Suspiro e o Peninha não vieram. Será que aconteceu alguma coisa?

Ricardo pega o celular: Vou ligar pro cabaço do Peninha. Se a Suspiro não veio, foi por algum problema no carro dele- O homem coloca Caio numa cadeira e liga- Alô? Peninha, onde tu tá? Esqueceu da cirurgia da dona Marcelina? Ela tá sendo operada, e foi pra mesa de cirurgia sem ver vocês!

Peninha sai do lugar onde acontecia o velório: Poxa, Rick, eu acabei me esquecendo da operação da comadre- Ele suspira- Aconteceu uma tragédia, que até agora não consegui achar explicação...Tô de coração partido, sem saber o que fazer.

Ricardo se preocupa: Tragédia? Que tragédia, Peninha?

Jucy se volta para ele: O que aconteceu?

Peninha conta: A Dani foi assassinada, Rick. Me encontro no cemitério, no velório da coitada!

Ricardo fica chocado: O QUÊ?

Guga entra no corredor. Ele avista Jucy e vai até ela.

Jucy, ainda sem ver o irmão: Fala, Ricardo! Que tragédia foi essa?

Ricardo, sem norte: Eu vou dar uma passada aí, Peninha, e você me explica melhor como isso foi acontecer! Que horror- Ele demora para falar- Não se preocupa, a dona Marcelina vai ficar bem...Já tô indo, Peninha!- E desliga- Jucy, a Dani foi assassinada.

Jucy: O QUÊ? COMO ISSO ACONTECEU, RICARDO? MEU DEUS...

Ricardo: Eu vou descobrir agora...Deixa o Caio dormindo aqui mesmo- Ele sai andando- Mantenho contato, amor. Qualquer coisa é só me ligar.

Jucy, tensa: Tudo bem, mas liga mesmo!- Ela se vira e vê Guga sentado numa cadeira.

Guga sorri: Oi, irmã, há quanto tempo! A cirurgia da nossa mãe já acabou?

Jucy fica sem reação.



Cena final- Feio Horizonte/ Casa de Sula/ Int./ Noite.

Sula tenta mudar a voz: Olha moço, acho que é engano...Eu não me chamo Sula, nem muito menos Gordênia. Que nome insinuativo!

Marcus, seguro: Não adianta mentir, Sula/ Gordênia, eu sei muito bem com quem estou falando, e não ouse desligar esse telefone, ou as coisas vão piorar pra ti! Liguei pra esclarecer de vez essa história do rapto do meu filho, sei que está envolvida nisso, então é melhor que fale.

Sula: Marcus, por favor, não me envolve mais nisso! Já encontrou o Munique, ele está bem aí. Vê como o criei bem? Esquece a história do rapto, me envergonho de estar envolvida nesse caso...Até poderia contar, mas tenho medo. Muito medo.

Marcus: Medo da pessoa que raptou o Munique e te entregou? Sula, eu quero que fale o nome dela, isso não vai te custar nada, garanto. Venha aqui pra Recife, posso te proteger dessa pessoa e...

Sula o corta: Acontece que essa pessoa é sua esposa, Marcus. Alexandra roubou o Munique e me entregou ele. Foi ninguém mais, ninguém menos, que ela! A ALEXANDRA!

Marcus fica barbarizado, mesmo com as suspeitas. Ele olha para um retrato que tem na mesinha, com uma foto dele e de Alê. E o atira contra a parede.


TERMINA O CAPÍTULO 28.
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