Cena 01- Monte Castelo Hotel/
Int./ Escritório de Marcus/ Noite.
Sula, nervosa: Alô? Marcus? Ouviu o
que eu disse?
Marcus, trêmulo: Eu infelizmente ouvi
tudo, Sula...A Alexandra raptou meu filho. É até doloroso repetir, e o pior é
que eu já tinha suspeitas...Mas a dor maior é quando elas se confirmam- Ele
respira fundo- Não precisa ficar com medo porquê me contou isso, eu vou te
manter em segurança. Amanhã vou mandar alguém ir buscar você e quem mais que
more contigo. Volte para Recife, aqui você vai respirar de alívio, fora que
poderá rever Munique.
Sula: Eu agradeço muito, Marcus, de
coração, mas tenho medo de ficar perto da Alexandra. Quando ela descobrir que
eu abri a boca...Ela não vai ter dó de mim, entende? Quebrei o acordo que fiz
com ela pois senti que o Munique devia saber quem eram seus pais! Não tinha direito
de esconder isso dele. Mas esses direitos não são relevantes pra Alexandra.
Marcus, querendo chorar: Já falei que
você vem pra cá, Sula! A Alexandra não vai te fazer mal, ela não vai mais
atormentar ninguém, por que eu também me cansei de estar junto a uma pessoa tão
perversa! Tá na hora de eu me livrar dela... Bem, era tudo que eu queria saber,
obrigado por me contar, você fez a escolha certa. Garanto. Boa noite...
Sula: Boa noite, Marcus, obrigado
mais uma vez...Mal posso ver a hora de reencontrar o Munique, tô morrendo de
saudades dele! Você não faz ideia da alegria que me contagiou agora...
Marcus: Faço sim. Eu fiquei no mesmo
estado quando obtive a confirmação de que ele era meu filho. Sula, quando
chegar aqui, quero que me detalhe sobre a noite do rapto...Tudo com os mínimos
detalhes. Agora sim, boa noite- Ele desliga.
FLASHBACK.
Marcus está deitado na cama, extremamente deprimido. Alexandra sai do
banheiro, trajada apenas com o roupão pós-banho.
Alexandra passa creme em suas pernas: Ainda jururu por conta do sumiço do
seu filho? Já disse que logo a polícia acha esse menino!
Marcus: E você queria que eu estivesse como?! MEU FILHO FOI ROUBADO! E a
notícia veio como uma bomba no telefone...Posso imaginar como a família da
Susana e ela devem estar. Ele ia ser minha alegria.
Alexandra sorri: Eu não me importo com a Susana e sua família trapo, mas
posso te adiantar que logo teremos uma alegria pra compartilhar. E sabe do que
eu tô falando! O filho que estou esperando do Tião, que tenho certeza de que
será um lindo menino!
Marcus grita: UM NÃO SUPRE A FALTA DO OUTRO- Ele sufoca o rosto no
travesseiro- Me deixa em paz. Você não é mãe nem pai dessa criança, por isso
não está entendendo o grau do meu sofrimento...
Alexandra inventa: Mentira sua, se tem alguma coisa que eu compreendo é o
sentimento dos outros, meu bem, é uma dor que corta, acontece que resisto mais
a essas notícias tão trágicas. Tenha fé, Marcus, que seu filho vai ser achado-
Ela o acaricia, rindo, sem que o mesmo suspeite- TENHA FÉ!
VOLTA A CENA.
Marcus se levanta, ainda perseguido
pela cena de Alexandra o acariciando, ao mesmo tempo em que escuta a voz de
Sula afirmando que a mesma é a responsável pelo rapto de Munique. Furioso, pisa
no retrato dela sem dó nem piedade, e sai desenfreado.
Na sala 012...
Liana joga xadrez com Andressa.
Liana faz seu movimento: Sua
vez...Gostei de ver que se livrou daquele visual horrendo, Andressa. Parece até
mais jovial.
Andressa: Me desfiz do gotiscismo depois de conversar com o
Munique. Ele me fez enxergar que não vale a pena ficar tentando chamar a
atenção da minha mãe. Quero evitar mais brigas- Ela derruba um dos peões de
Liana.
Alexandra, na cadeira de rodas, aparece: Parabéns por ficar menos ridícula, Andressa, mas você só vai evitar
brigas quando sair daqui. De preferência se ultrapassar as barreiras nacionais.
Vá para Paris! Vire alguém por lá... Se bem que, do jeito que é, capaz de se
tornar mendiga no metrô.
Antes que Andressa possa responder,
Marcus surge por trás de Alexandra e a empurra da cadeira de rodas.
Alexandra vai de encontro ao chão:
AAAAAAAI! O QUE É ISSO?
Marcus se ajoelha e começa a
enforca-la: EU VOU TE MATAR, ALEXANDRA! VOCÊ VAI PAGAR POR TUDO O QUE FEZ!
Alexandra fica horrorizada.
ELOS-
CAPÍTULO 29.
Roteiro: Victor Morais.
Cena 02- Casa de Marcelina/
Int./ Quarto de Susana/ Noite.
Susana sai do banho, enrolada em uma
toalha, e mais calma. Rennê está sentado na cama.
Susana respira fundo: Mil perdões por
te dar esse trabalho todo, Rennê, durante essa ducha eu tomei consciência do
quão ridícula e bêbada eu estava...Nem consigo olhar na sua cara de tanta
vergonha!
Rennê sorri: Não precisa de tanta
formalidade, já passei por essa situação também. É quando enfiamos o pé na
lama. Mas o que importa é que você já melhorou, e cumpri minha missão! Pode se
trocar e...- Ele lhe dá um celular- Tem quase 100 ligações perdidas. Devem
estar desesperados.
Susana: Obrigado, Rennê, por tudo. Eu
deveria estar no hospital nessas horas, mas nem tive coragem pra isso, briguei
com minha mãe e...Enfim, foram muitos problemas que me levaram a recorrer pra
bebida. Mas não sou disso, antes que pense o contrário. Eu costumo guardar
minhas mágoas internamente, sem precisar de auxilio de álcool...Tenho muitas!
Rennê compreende: Eu também, todos
temos mágoas, Susana. Quando estava te trazendo pra cá, você meio que me contou
algumas delas. Falou sobre vingança, ódio...Isso não faz bem pra ninguém. Sei
que a gente não tem intimidade, mas te aconselho a se livrar disso. Ou vai
afundar mais.
Susana circula pelo quarto: Eu sou
forte o suficiente pra lidar com esses sentimentos, Rennê. Esse momento foi uma
exceção, e fiquei pior por ter brigado com minha mãe...- Ela balbucia- Fui
enganada, traída. Uma história que não vale a pena você saber...
Rennê: E quer devolver na mesma
moeda? Sei bem como isso vai acabar, Susana, sinto dizer mas...
Susana: EU TENHO QUE DEVOLVER. NÃO
PODE FICAR EM VÃO. Essa pessoa que me fez mal agora é rica e bem poderosa...Por
enquanto. Aliás, não foi uma pessoa só. O crime foi conjunto. Mas destruir um
por um é questão de tempo. Agora que estou começando.
Rennê: Bem, não vou me meter nessa
história, Susana, mas até seu tom de voz muda quando resolve falar na vingança.
Cada um faz suas escolhas... Só recomendo que vá visitar sua mãe no hospital. E
no enterro, não vai comparecer?
Susana arregala os olhos: Enterro de
quem?
Rennê: Da Dani. Sobrinha da Suspiro...Você
não soube? Ela foi brutalmente assassinada por uns bandidos. Tá todo mundo
horrorizado. Eu já devia estar lá, a Saskia tá me esperando...
Susana: Meu Deus, Rennê, que coisa
horrível, a Suspiro nunca vai conseguir se conformar de tamanha dor!- Ela
reflete um pouco- Quem fez uma coisa dessas? Porquê? A Dani não parecia alguém
do tipo que se metia em problemas...
Rennê: E não era. Bandidos fizeram
isso com ela. O motivo? Não sabemos. Enfim, eu preciso ir prestar meu apoio
para a Suspiro...Se quiser, lhe levo até lá também. Ela vai ficar mais
confortável quanto mais gente de bem comparecer.
Susana esfrega o rosto: Claro que
vou, Rennê, só me dá um minuto e...- Ela se olha no espelho- Obrigado pela
conversa. Eu precisava muito falar com alguém, na verdade sempre preciso, mas
não é sempre que consigo.
Rennê assente e sai. Susana vai até a
janela e observa a Recife noturna, e sem lua naquela noite, devido as várias
nuvens. A paisagem era depressiva, bem como a ocasião relatada por Rennê.
Cena 03- Hospital Recife/
Corredores/ Noite.
Jucy não consegue acreditar: Guga?
Isso só pode ser uma ilusão por conta do meu stress!!- Ela se vira, ainda
desacreditada- Cadê esse médico?
Guga se levanta: Você pode pensar o
que quiser de mim, e despejar um monte de palavras lembrando do que eu fiz com
a Susana e a mamãe no passado, mas eu mesmo só estou interessado no pacote presente dessa fatura. Vim saber como
está a cirurgia da nossa mãe, e se não quiser me contar, eu vou falar com o
médico.
Jucy, nervosa: É impressionante como
quem tem acha que pode tudo... Você não pode invadir aquela sala de operação só
por vontade própria, nem tinha direito de estar aqui, afinal, essa não é a
primeira vez que mamãe vem parar no hospital durante os seus 18 anos de férias
da família. Pra quê o interesse agora? Eu tenho direito de despejar as palavras
que eu quiser em cima de você! Canalha, bandido!
Guga ignora a fúria dela: O câncer
dela já estava alastrado? Será que essa operação não vai deixar sequela ou
coisa do gênero?
Jucy grita: PARA DE FINGIR QUE SE
IMPORTA COM ELA!! A sua crueldade em mentir contra a Susana e ferir a família
toda só não foi pior do que sua desumanidade em magoar a pessoa que deveria ser
a mais importante de sua vida! Mas eu tenho fé em Deus que você vai pagar por tudo!
Uma hora as contas tem que ser acertadas.
Guga olha no relógio: Será que esse
médico sai ou não pra dar notícia? Não tenho a noite toda.
Jucy: Ora, seu...- Ela lhe dá um tapa
na cara- INFELIZ!
Uma enfermeira se aproxima: Mas o que
é isso aqui? O corredor é um local de silêncio e espera...Melhor pararem com
ofensas e gritos, ou terei de expulsar os dois aqui!
Guga: Essa senhora desagradável ao
meu lado não sabe abaixar o volume. Só quero informações da minha mãe...
O Dr. Ariano chega: Jucy- Ele está
com expressão indesvendável- A cirurgia acabou...
Jucy esquece que o irmão está por lá:
DOUTOR, E MINHA MÃE? A CIRURGIA DEU CERTO?
O médico faz o mistério (necessário?).
Aflição.
Cena 04- Cemitério/ Int./
Velório de Dani/ Noite.
Suspiro recebe muitos abraços e
condolências. Não queria sair de perto de Dani, e ainda não tinha comido nada.
Peninha conversava com Ricardo:
Ninguém sabe por quê fizeram isso, Rick, mas a polícia vai descobrir! Eu
espero...Foi horrível, vandálico, monstruoso. Difícil de aceitar, ainda mais
por se tratar de uma jovem...
Ricardo bate nos ombros do amigo: Maldita
seja essa violência, Peninha. Eu vou falar com a Suspiro...
Peninha: E a comadre Marcelina? Como
foi a cirurgia?
Ricardo: Quando eu saí ainda não
tínhamos nenhuma notícia, mas vai dar tudo certo...- Ele sai.
Munique se senta ao lado de Margot
após ficar alguns minutos perto do corpo de Dani. Ele repara que a amiga e João
estão abraçados.
Munique suspira: Já está um pouco
mais aliviada? Digo, todos vocês que estavam lá...
João avisa: Ela dormiu- E acaricia a
jovem, encostada em seus ombros- Ficou muito marcada com tudo. Todos
nós...Esses dias Margot me confidenciou sobre seu medo de estar aqui, longe da
família, me falou de você, que tinha meio que abandonado ela...Imagino o que
ela deve estar pensando depois desse dia horroroso. O medo cresceu.
Munique o corrige: Eu não “ meio que abandonei ela”, expliquei meus
motivos, ela entendeu, e sempre nos falamos lá no Monte Castelo Hotel... João,
né? Então, Margot e eu somos muito amigos, a gente se conhece com
transparência, e não a deixaria ter medo aqui.
João: Convenhamos, Munique, você
deixou ela na Suspirela, onde ela mal conhecia ninguém. Mas a Margot é muito
forte, ela luta contra o medo que tem, sei disso pois praticamente a conheço
por inteira, já conversamos tanto...
Munique, um tanto quanto bravo: Eu
conversei mais com ela, desde os meus 10 anos de idade, por isso te afirmo que
o medo dela não cresceu. Margot e todos vão superar esse episódio, claro que no
momento tudo parece borrado, mas...Vai melhorar. E o assassino da Dani vai ser
preso.
João: Doce ilusão... Melhor pararmos
com o papo ou acordamos a Margot. Ela precisa descansar- E a acaricia de novo.
Munique fica furioso.
Susana e Rennê chegam, juntos.
Saskia se vira: Finalmente, Rennê
chegou! Será que se perdeu no meio do caminho pra ter demorado tanto assim?
Alencar repara em Susana: Ele achou
uma pessoa no caminho, isso sim, Saskia, a tal da Susana. Já desisti de Rennê,
ele não tem respeito nem nos momentos mais solenes possíveis, como a morte da
Annie.
Saskia: Dani. Dani era o nome dela-
Ela vai até Rennê, enquanto Susana se aproxima de Suspiro.
Cena 05- Monte Castelo Hotel/
Int./ Sala 012/ Noite.
Alexandra, sem ar: ME SOLTA. ME
SOLTA, MARCUS- Suas veias começam a se evidenciar.
Liana agarra Marcus: Larga a
Alexandra, homem!! Pensa bem, você vai parar na cadeia por
estrangulamento! ANDRESSA, PEGA UM VASO E TACA NO SEU PAI!
Marcus não as ouve, seus ouvidos
foram tapados pela fúria: Me enganou esse tempo todo...ME FEZ DE IDIOTA!
TIROU O MEU FILHO DE MIM, ALEXANDRA! ORQUESTROU TUDO!
Alexandra está a ponto de perder os
sentidos: Eu não sei do que você tá falando...É melhor...É melhor me soltar ou
você vai se arrepender depois... MARCUS, EU NÃO ESTOU BRINCAND...
Andressa se joga em cima do pai e o
derruba: PAI, CHEGA! BASTA DE VIOLÊNCIA POR AQUI, GENTE! VAMOS VIVER EM
PAZ...Eu não sei o que a mamãe te fez, mas enforca-la não é uma alternativa!
Alexandra se abana: VOCÊ ME PAGA,
MARCUS! ME PAGA POR ISSO!
Marcus, com sangue nos olhos: EU QUEM
DEVERIA ESTAR FALANDO ISSO! DEPOIS DE TUDO O QUE VOCÊ ME FEZ, NÃO VAI CONSEGUIR
SE SAIR DE VÍTIMA DESSA VEZ! EU VOU ACABAR COM VOCÊ! VOCÊ MERECE O INFERNO E
TUDO QUE HÁ DE RUIM!
Alexandra se levanta: Liana, pega um
copo de água por gentileza... Por
gentileza- Repete- Você tem sorte que eu estou aprendendo a manter controle
diante desse tipo de situação, Marcus. Não sei do que tá falando, não
orquestrei nada...Sinceramente, você bebeu? Já lhe disse pra dosar bem os
vinhos e cervejas, pra que não paguemos o pato da sua insobriedade!
Marcus, ainda segurado por Andressa:
Como você consegue ser tão cínica? Raptou meu filho e deu pra Gordênia criar,
me afastou dele, e deve ter feito outras coisas piores que ainda não tenho
conhecimento! EU QUERO O DIVÓRCIO!
Alexandra ri: Deus desaprova os
divórcios, Marquinhos! Está na bíblia que quem se divorciar e casar-se com
outra, comete adultério contra a primeira! Não seja pecador...
Marcus: NÃO SEJA DEBOCHADA!- Ele
fulmina- Isso não vai ficar em vão, Alexandra! E a gente não vai ficar muito
tempo junto...Acabou. ACABOU! EU TÔ FARTO- Ele sai- Hoje você dorme só. A partir
de hoje, pra falar melhor.
Liana chega com a água. Alexandra
bebe tudo.
Andressa, preocupada: Eu nunca vi o
pai assim...O que fez?
Alexandra pensa para responder: Eu
poupei o Marcus da morte no passado, Andressa. Porquê eu poderia muito bem ter
matado ele...E ainda posso! Cansei de implorar por amor. Hora de me livrar
dele, como fiz com outros.
Andressa olha assustada para a mãe.
Cena 06- Hospital Recife/
Int./ Corredores/ Noite.
Jucy, desesperada: Não faz mais
suspense, doutor! Como está minha mãe? A cirurgia correu bem?
Dr. Ariano: Muito bem, Jucy. Nós
conseguimos retirar todo o tumor, e nós médicos avaliamos que não haverão sequelas, o que é uma vantagem devido ao tamanho do tumor...Ela segue para a
UTI, e se tudo se normalizar por lá, no outro dia levamos dona Marcelina para o
quarto.
Jucy, chorando de alegria: Graças a
Deus, e a vocês, claro! Eu pedi tanto e ele me atendeu- Ela escorre as
lágrimas- Desculpa o choro...Quando vou poder ver ela?
Dr. Ariano: A emoção é compreensível,
Jucy. Deus nos dá a luz para ampliarmos nossos conhecimentos...Amanhã mesmo
você vai poder visita-la! Agora é melhor ir pra casa, ficar aqui não tem mais
necessidade! Durma bem e volte revigorada. Espalhe a boa notícia para
familiares e amigos... É uma verdadeira benção!
Jucy: OBRIGADA! MUITO OBRIGADA!- Ela
se ajoelha- Eu tenho muito o que agradecer, rezar...Tô até sem rumo, doutor!- E
o cumprimenta- Minha mãe merece só saúde pelo resto da vida dela! SÓ COISA
BOA!- Diz, rindo.
Caio acorda: Mãe...E a vovó?
Jucy o pega: ELA TÁ BEM FILHO, DEU
TUDO CERTO!
Caio sorri: VIVA! Eu fiz um cartão
pra ela- E mostra- Esse elefante roxo aqui diz que vai ficar tudo bem, é que a
letra borrou...Vamos entregar pra ela?
Jucy o abraça: Ela vai amar, eu tenho
certeza, mas só podemos entregar pra vovó amanhã. Hoje ela ainda tá dormindo-
Ela pega o celular- Vou ligar pro Ricardo vir nos buscar. Obrigado, doutor
Ariano!
Guga se aproxima: Quê isso, irmã! Eu
levo vocês dois pra casa, não vamos incomodar o seu esposo...E aí, carinha?- E
estende a mão pra o garoto- Tudo bem?
Caio, meio tímido: Tudo...Mamãe, quem
é esse?
Jucy, fria: Apenas um conhecido- A
ligação cai na caixa postal- Eu não acredito que o irresponsável do seu pai
resolveu desligar o celular justo agora, Caio! Vamos pro ponto de ônibus.
Guga se senta ao lado de Caio: Que
indelicadeza a sua, Jucy! Eu te explico, carinha, sou seu tio! Filho da sua
vovó, irmão da sua mamãe e da Susana! Meu nome é Guga. E o teu?
Caio: É Caio! Poxa, eu não sabia que
tinha um tio, a minha mãe nunca disse nada...Você gosta de futebol?
Jucy o interrompe: Não, ele não
gosta, filho. O tio tava viajando, por isso nunca te falei dele! Agora se
despeça e vamos. O jeito é esperar ônibus!
Guga pega na mão do sobrinho: Caio,
fala pra sua mãe parar de complicar as coisas- Ele sorri com deboche- Já disse
que vou dar uma carona pra vocês, me sigam até o estacionamento...Vamos na
minha BMW!
Caio fica boquiaberto: Uma BMW de
verdade? Nossa, tio, você é muito maneiro! O carro mais legal que já andei foi
o do tio Peninha, faz uns barulhos engraçados...
Jucy cruza os braços: Eu já disse que
não quero nada que venha de você, e é melhor parar de iludir meu filho- Ela
pega Caio- Põe o capuz e...
Guga sorri: Ah, Jucy, não estraga a
diversão! Caio, você prefere ir de ônibus ou na minha BMW? Tem DVD lá dentro,
posso colocar o filme que você quiser!
Caio, fascinado: Mãe, você pode tomar
o ônibus, eu quero ir com o tio Guga, eu nunca tinha visto ele antes, temos que
nos conhecer! Ele é da família!
Guga sussurra: Viu, Jucy? Eu ganho no
final- Eles saem andando- Melhor vir também, irmã...A garoa aumentou! Quer
pegar resfriado?
Jucy, furiosa: Caio, eu não deixei
que soltasse a minha mão- Ela acompanha os dois- Você nem tente se reaproximar
da família agora, Guga. Eu não vou permitir, e tenho certeza que a Susana vai
me apoiar! Não acostuma.
Guga pega uma pastilha: Relax, baby!
Não quero reaproximação nenhuma, mas se eu quisesse, Jucy...Eu conseguiria,
tenho certeza- Eles pegam o elevador para o estacionamento.
Cena 07- Monte Castelo Hotel/
Int./ Madrugada.
Munique chega do cemitério, com os
sapatos em mãos. Voltaria amanhã, para o enterro. Estava tateando para chegar
até o quarto, já que a escuridão era quase completa. Só algumas velas colocadas
para dar charme ao hotel ajudavam na iluminação.
Alexandra acende a luz de súbito. Tem
expressão macabra: Agito noturno?
Munique, sério: A sua casa tá caindo,
Alexandra...Não adianta matar quem descobre seus segredos.
Alexandra: Eu devia matar você, que
já me incomodou demais! Devia ter feito isso, mas te poupei por estar
doente...Felizmente estou melhorando, Munique, e tenho que confessar que não
vejo a hora de lhe esfaquear todinho, parte por parte, o prazer vai ser imenso!
Carne jovem, vou até distribuir no freezer do hotel. Vou cortá-la bem fininha,
limpar o sangue, e guardar sua cabeça!
Munique: RIDÍCULA! RIDÍCULA! Eu não
sinto o menor medo das suas frases que deviam ser assustadoras mas não são! Tu
vai cair! Sua psicopata nojenta e rejeitada...
Alexandra rói as unhas: Você devia
ter medo ou pode acabar como uma certa moça aí...Dina? Dona? Dana? Dani?
Munique se aproxima: Eu tenho muita
pena do meu pai ser casado com um ser como você, Alexandra. Mas ele vai se
livrar do fardo. E você...Vai sofrer muito na cadeia, como minha mãe!
Alexandra ri: Você conhece muito bem
ela, né? SE ENTREGOU, COMO EU BEM SUSPEITAVA! Sabia que você e sua mãe estavam
juntos nessa, tenho foto e tudo, inclusive vou mostrar pro Marcus... QUEM VAI
CAIR AQUI?
Munique: Meu pai amava minha mãe,
pelo menos...Ele já amou uma vez.
Alexandra fica tremula. Munique sobe,
triunfante.
Alexandra pega seu celular e disca:
Alô? Gaspar? Eu não me importo em interromper seu sono, preciso que ligue pros
nossos aliados lá em Feio Horizonte, com URGÊNCIA. Mande eles liquidarem a
Gordênia, Sula, tanto faz, e seu esposo. Mata os dois. Sem nenhuma dó. Aquela
desgraçada contou tudo pro Marcus, ou pro Munique...
Gaspar boceja: Eu ligo sim, mas o
serviço é pra quando?
Alexandra instrui: Amanhã!! Eles
podem abrir mais a boca ainda, o que seria inadmissível! Faça isso, Gaspar, e
avise que eles vão ganhar recompensa satisfatória pelo serviço.
Gaspar coça a cabeça: Tá bom, vossa
majestade, elas vão ser liquidadas... Aproveitando a ligação, queria falar que
topo aquela missão de me infiltrar na família da tal Susana. Pensei bem e
resolvi aceitar.
Alexandra: Ma-ra-vi-lha! Depois eu
dou mais detalhes sobre isso, agora foca na morte do casal Feio-Horizontense! E
vê se não esquece, por favor, do jeito que está zonzo de sono...
Gaspar: Não me permito esquecer,
sempre fui muito antenado. Por isso sou um bandido vivo e com mais de
cinquenta. O segredo é atenção!
Alexandra sorri: Ótima frase pra uma
possível autobiografia! Faça o que eu te disse, Gaspar. Eles vão se arrepender
do que fizeram comigo...Queime ambos! Da forma mais dolorosa possível- E amassa
a almofada em que está segurada- A mais dolorosa...
Cena 08- Cemitério/ Dia
Seguinte.
Susana consola Suspiro enquanto Dani
é colocada em um caixão. Todos fazem a marcha até a cova, em silêncio profundo.
Estavam lá Munique, o pessoal da Suspirela, além de Ricardo, já que Jucy tinha
que voltar para o hospital afim de ver a mãe, e amigas de Dani, entre outras
pessoas que se sensibilizaram com a situação.
O momento do enterro era o mais
triste. Depois de várias rosas jogadas, vem a terra. Suspiro gritava e
soluçava. Minutos depois, todos rumam para suas casas ou locais de trabalho.
Vida que segue, para os mais distantes, e dor profunda para os mais próximos.
Porém os jovens também precisavam voltar para o Monte Castelo Hotel.
Susana se aproxima da amiga:
Suspiro...Vamos?
Suspiro tira os óculos escuros: Eu
não queria deixar minha Dani sozinha aqui, Susana...- Ela seca o rosto- Me dá
mais um minuto, fala pro Peninha que já vou.
Susana, em tom baixo: É claro...
Suspiro se senta ao lado do túmulo:
Minha querida, me desculpe mas eu vou ter que ir... Eu não sei mais o que vai
ser da minha vida sem você, a luz que me iluminava, como eu costumava dizer...
Agora só me resta a escuridão. Sei que está num bom lugar, Dani, então eu peço:
Me ilumina de novo. Ou eu nunca mais vou ser feliz.
A dona da Suspirela se levanta e
segue os outros, vagarosamente.
Relutando para não abandoná-la.
Cena 09- Haras Campestrini
Ferrari/ Int./ Cozinha/ Dia.
Bárbara toma café: Boas notícias! Vou
publicar meu livro em breve. Estive numa conversa interessante com os editores
e semana que vem dou uma amostra de como é a história!
Fernie: Como sua primeira leitora e
confidente, garanto o seu sucesso.
Bárbara a olha: Queria fracassar.
Miguel ri: Que besteira- Ele ergue a
xícara- Iná, mais café amargo aqui! O mais amargo possível! Assim como o do
Conde!
Bárbara reafirma: Eu tô falando
sério, Miguel. Fracassar deve ser bem mais desafiador e emocionante. Assim eu
teria que me superar mais e mais no próximo livro. Você não entende disso,
senhor juiz de sucesso.
Conde Gian: Interessante o seu ponto
de vista, Bárbara. De fato ele é verídico.
Bárbara desvia o assunto: E você já
tem data para seu retorno à Itália, Conde?
Miguel, desconfortável: Não faça esse
tipo de pergunta, Bárbara. Parece que quer expulsar o nosso ilustre hóspede
daqui! Ele fica o tempo que desejar...Pode ir tanto amanhã quanto ano que vem!
Fernie ri: E que ele escolha a
primeira opção.
Fábio chega, com Luckas atrás: Senhor
Miguel, me desculpe por essa interrupção, mas é novamente aquela égua doente.
Hoje piorou, e parece que não vai resistir.
Luckas complementa: Achamos melhor
vir te chamar, senhor.
Miguel, apressado: Fizeram muito bem,
acho que não vai ter remédio, a pobre está sofrendo muito...Enfim, vou tomar as
providências.
Bárbara: Seus dilemas equinos nem se
comparam aos jurídicos.
O Conde Gian se levanta: Acreditam
vocês que ontem eu descobri uma coisa incrível sobre o Luckas?- Ele aponta para
o garoto- Uma pessoa que parecia misteriosa, solitária...Nem vão crer quando eu
contar!
Luckas gela.
Miguel: Do que está falando, Gian?
Que eu saiba, Luckas é um menino que veio tentar a vida em Recife. E Bárbara o
acolheu depois que ele perdeu tudo...Mais algum detalhe?
Bárbara se vira para Luckas: Eu que
pergunto: Mais algum detalhe, Luckas?
Gian o encara: E então? Você conta ou
eu mesmo conto?
Luckas se depara com todos o olhando.
Ele treme de nervosismo.
Fábio não entende: Do que eles estão
falando, Luckas?
Cena 10- Monte Castelo Hotel/
Ext./ Estacionamento/ Dia.
Peninha para o carro: Desembarque no
lixão aquático da cidade- Ele cerra os olhos- Niemeyer deve estar se remexendo
no túmulo por conta da estrutura desse Castelo Hotel...
Susana sai para que os outros possam
fazer o mesmo: A Suspiro está dormindo no carro do Alencar, dei um calmante pra
ela. Pode me deixar no hospital, Peninha? Eu acabei brigando com minha mãe e
nem sei como a cirurgia acabou...
Rennê se aproxima: Eu te deixo lá,
Susana. Tem espaço de sobra no carro, só eu e a Suspiro, que caiu em sono
profundo. O Peninha tem que ir para o emprego dele...
Peninha concorda: Melhor você ir com
o galã mesmo, Susy. E diga pra comadre que ainda vou visita-la. O Mundo
Rurífico precisa de mim, deixei a banca nas mãos do Pelé, e vai saber se ele
não vendeu os meus CDs do Reginaldo Rossi por um preço maior pra lucrar!
Susana sorri: Agradeço, Rennê. Mas
não quero te dar trabalho- Ela olha fixamente para o Monte Castelo Hotel.
Rennê: Imagina...Vamos?
Susana: Claro, só vou me despedir do Munique-
Ela se aproxima do garoto- Filho, depois você tem que terminar de me contar a
história da Alexandra estar envolvida na morte da Dani...
Munique a abraça: Claro, mas tenho
certeza que foi a maldita. Mais um pro arsenal de crimes dela. Tô quase convencendo
meu pai à largá-la de vez, mas pra destruir a Alexandra, temos que colocar
ela na cadeia.
Susana afirma: É o que a gente vai
fazer- Ela o beija no rosto e sai andando- E depois vai ser a vez do seu pai...
Rennê e Susana entram no carro.
Rennê dá a ignição: Só temos que
falar baixo pra não acordar a Suspiro e...- Não há ninguém no banco de trás-
Oxente, cadê a Suspiro? Eu deixei ela dormindo aqui!
Susana fica impressionada: Tenho
quase certeza de pra onde a Suspiro foi. Dormindo, meu caro, ela não estava...-
E olha de novo para o hotel.
Lá dentro...
Alexandra observa o menu do
restaurante: Quê isso, hein? Bobó? Coxinha? Exijo o nome da chef
responsável pela montagem desse cardápio! Ela acha que estamos numa feira
popular?
Suspiro a vê de longe e corre até o local,
que está cheio de gente: ASSASSINA- Ela grita, atraindo a atenção de todos.
E vai até Alexandra, já livre de sua
cadeira de rodas.
Suspiro, com aparência acabada:
ASSASSINA!- Repete.
Alexandra se faz de desentendida: De
novo, gente? Duas vezes no mesmo capítulo?
Suspiro, roxa: ESSA MULHER AQUI, A
DONA DO MONTE CASTELO HOTEL, MANDOU MATAREM A MINHA SOBRINHA- Anuncia, deixando
os hóspedes intrigados- ESSA MESMA! ALEXANDRA AMARAL! É UMA BANDIDA! ELA ROUBA
O DINHEIRO DO PRÓPRIO MARIDO!
Alexandra se mantém intacta. Suspiro
fica frente a frente com ela.
Burburinhos.
Suspiro: E MAIS! ELA MATOU O ANTIGO
MARIDO! TIÃO DO POVÃO! FOI ELA!- Diz, com ódio.
Do meio da multidão ouvinte sai
Andressa, perplexa com as palavras: Ela... Matou meu pai?- E balança a cabeça-
Não pode ser...
Foca na expressão de horror por parte
da filha de Alexandra.
TERMINA O CAPÍTULO 29.

Marcus e Alexandra já não eram como antes acho que essa parceria vai se tornar em rivalidade num piscar de olhos. Se depender do Munique isso não vai demorar muito.
ResponderExcluirJá nossa guerreira Susana está mesmo indo fundo nessa vingança mas acho que Alexandra não vai se curvar tão rápido...
Muita história pra contar ainda e a web está pegando fogo a cada capítulo. :) Está ótima o suspense me mata rsrs