quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Elos- Capítulo 29.

Cena 01- Monte Castelo Hotel/ Int./ Escritório de Marcus/ Noite.

Sula, nervosa: Alô? Marcus? Ouviu o que eu disse?

Marcus, trêmulo: Eu infelizmente ouvi tudo, Sula...A Alexandra raptou meu filho. É até doloroso repetir, e o pior é que eu já tinha suspeitas...Mas a dor maior é quando elas se confirmam- Ele respira fundo- Não precisa ficar com medo porquê me contou isso, eu vou te manter em segurança. Amanhã vou mandar alguém ir buscar você e quem mais que more contigo. Volte para Recife, aqui você vai respirar de alívio, fora que poderá rever Munique.

Sula: Eu agradeço muito, Marcus, de coração, mas tenho medo de ficar perto da Alexandra. Quando ela descobrir que eu abri a boca...Ela não vai ter dó de mim, entende? Quebrei o acordo que fiz com ela pois senti que o Munique devia saber quem eram seus pais! Não tinha direito de esconder isso dele. Mas esses direitos não são relevantes pra Alexandra.

Marcus, querendo chorar: Já falei que você vem pra cá, Sula! A Alexandra não vai te fazer mal, ela não vai mais atormentar ninguém, por que eu também me cansei de estar junto a uma pessoa tão perversa! Tá na hora de eu me livrar dela... Bem, era tudo que eu queria saber, obrigado por me contar, você fez a escolha certa. Garanto. Boa noite...

Sula: Boa noite, Marcus, obrigado mais uma vez...Mal posso ver a hora de reencontrar o Munique, tô morrendo de saudades dele! Você não faz ideia da alegria que me contagiou agora...

Marcus: Faço sim. Eu fiquei no mesmo estado quando obtive a confirmação de que ele era meu filho. Sula, quando chegar aqui, quero que me detalhe sobre a noite do rapto...Tudo com os mínimos detalhes. Agora sim, boa noite- Ele desliga.

FLASHBACK.
Marcus está deitado na cama, extremamente deprimido. Alexandra sai do banheiro, trajada apenas com o roupão pós-banho.
Alexandra passa creme em suas pernas: Ainda jururu por conta do sumiço do seu filho? Já disse que logo a polícia acha esse menino!
Marcus: E você queria que eu estivesse como?! MEU FILHO FOI ROUBADO! E a notícia veio como uma bomba no telefone...Posso imaginar como a família da Susana e ela devem estar. Ele ia ser minha alegria.
Alexandra sorri: Eu não me importo com a Susana e sua família trapo, mas posso te adiantar que logo teremos uma alegria pra compartilhar. E sabe do que eu tô falando! O filho que estou esperando do Tião, que tenho certeza de que será um lindo menino!
Marcus grita: UM NÃO SUPRE A FALTA DO OUTRO- Ele sufoca o rosto no travesseiro- Me deixa em paz. Você não é mãe nem pai dessa criança, por isso não está entendendo o grau do meu sofrimento...
Alexandra inventa: Mentira sua, se tem alguma coisa que eu compreendo é o sentimento dos outros, meu bem, é uma dor que corta, acontece que resisto mais a essas notícias tão trágicas. Tenha fé, Marcus, que seu filho vai ser achado- Ela o acaricia, rindo, sem que o mesmo suspeite- TENHA FÉ!
VOLTA A CENA.

Marcus se levanta, ainda perseguido pela cena de Alexandra o acariciando, ao mesmo tempo em que escuta a voz de Sula afirmando que a mesma é a responsável pelo rapto de Munique. Furioso, pisa no retrato dela sem dó nem piedade, e sai desenfreado.

Na sala 012...

Liana joga xadrez com Andressa.

Liana faz seu movimento: Sua vez...Gostei de ver que se livrou daquele visual horrendo, Andressa. Parece até mais jovial.

Andressa: Me desfiz do gotiscismo depois de conversar com o Munique. Ele me fez enxergar que não vale a pena ficar tentando chamar a atenção da minha mãe. Quero evitar mais brigas- Ela derruba um dos peões de Liana.

Alexandra, na cadeira de rodas, aparece: Parabéns por ficar menos ridícula, Andressa, mas você só vai evitar brigas quando sair daqui. De preferência se ultrapassar as barreiras nacionais. Vá para Paris! Vire alguém por lá... Se bem que, do jeito que é, capaz de se tornar mendiga no metrô.

Antes que Andressa possa responder, Marcus surge por trás de Alexandra e a empurra da cadeira de rodas.

Alexandra vai de encontro ao chão: AAAAAAAI! O QUE É ISSO?

Marcus se ajoelha e começa a enforca-la: EU VOU TE MATAR, ALEXANDRA! VOCÊ VAI PAGAR POR TUDO O QUE FEZ!

Alexandra fica horrorizada.

ELOS- CAPÍTULO 29.

Roteiro: Victor Morais.

Cena 02- Casa de Marcelina/ Int./ Quarto de Susana/ Noite.

Susana sai do banho, enrolada em uma toalha, e mais calma. Rennê está sentado na cama.

Susana respira fundo: Mil perdões por te dar esse trabalho todo, Rennê, durante essa ducha eu tomei consciência do quão ridícula e bêbada eu estava...Nem consigo olhar na sua cara de tanta vergonha!

Rennê sorri: Não precisa de tanta formalidade, já passei por essa situação também. É quando enfiamos o pé na lama. Mas o que importa é que você já melhorou, e cumpri minha missão! Pode se trocar e...- Ele lhe dá um celular- Tem quase 100 ligações perdidas. Devem estar desesperados.

Susana: Obrigado, Rennê, por tudo. Eu deveria estar no hospital nessas horas, mas nem tive coragem pra isso, briguei com minha mãe e...Enfim, foram muitos problemas que me levaram a recorrer pra bebida. Mas não sou disso, antes que pense o contrário. Eu costumo guardar minhas mágoas internamente, sem precisar de auxilio de álcool...Tenho muitas!

Rennê compreende: Eu também, todos temos mágoas, Susana. Quando estava te trazendo pra cá, você meio que me contou algumas delas. Falou sobre vingança, ódio...Isso não faz bem pra ninguém. Sei que a gente não tem intimidade, mas te aconselho a se livrar disso. Ou vai afundar mais.

Susana circula pelo quarto: Eu sou forte o suficiente pra lidar com esses sentimentos, Rennê. Esse momento foi uma exceção, e fiquei pior por ter brigado com minha mãe...- Ela balbucia- Fui enganada, traída. Uma história que não vale a pena você saber...

Rennê: E quer devolver na mesma moeda? Sei bem como isso vai acabar, Susana, sinto dizer mas...

Susana: EU TENHO QUE DEVOLVER. NÃO PODE FICAR EM VÃO. Essa pessoa que me fez mal agora é rica e bem poderosa...Por enquanto. Aliás, não foi uma pessoa só. O crime foi conjunto. Mas destruir um por um é questão de tempo. Agora que estou começando.

Rennê: Bem, não vou me meter nessa história, Susana, mas até seu tom de voz muda quando resolve falar na vingança. Cada um faz suas escolhas... Só recomendo que vá visitar sua mãe no hospital. E no enterro, não vai comparecer?

Susana arregala os olhos: Enterro de quem?

Rennê: Da Dani. Sobrinha da Suspiro...Você não soube? Ela foi brutalmente assassinada por uns bandidos. Tá todo mundo horrorizado. Eu já devia estar lá, a Saskia tá me esperando...

Susana: Meu Deus, Rennê, que coisa horrível, a Suspiro nunca vai conseguir se conformar de tamanha dor!- Ela reflete um pouco- Quem fez uma coisa dessas? Porquê? A Dani não parecia alguém do tipo que se metia em problemas...

Rennê: E não era. Bandidos fizeram isso com ela. O motivo? Não sabemos. Enfim, eu preciso ir prestar meu apoio para a Suspiro...Se quiser, lhe levo até lá também. Ela vai ficar mais confortável quanto mais gente de bem comparecer.

Susana esfrega o rosto: Claro que vou, Rennê, só me dá um minuto e...- Ela se olha no espelho- Obrigado pela conversa. Eu precisava muito falar com alguém, na verdade sempre preciso, mas não é sempre que consigo.

Rennê assente e sai. Susana vai até a janela e observa a Recife noturna, e sem lua naquela noite, devido as várias nuvens. A paisagem era depressiva, bem como a ocasião relatada por Rennê.



Cena 03- Hospital Recife/ Corredores/ Noite.

Jucy não consegue acreditar: Guga? Isso só pode ser uma ilusão por conta do meu stress!!- Ela se vira, ainda desacreditada- Cadê esse médico?

Guga se levanta: Você pode pensar o que quiser de mim, e despejar um monte de palavras lembrando do que eu fiz com a Susana e a mamãe no passado, mas eu mesmo só estou interessado no pacote presente dessa fatura. Vim saber como está a cirurgia da nossa mãe, e se não quiser me contar, eu vou falar com o médico.

Jucy, nervosa: É impressionante como quem tem acha que pode tudo... Você não pode invadir aquela sala de operação só por vontade própria, nem tinha direito de estar aqui, afinal, essa não é a primeira vez que mamãe vem parar no hospital durante os seus 18 anos de férias da família. Pra quê o interesse agora? Eu tenho direito de despejar as palavras que eu quiser em cima de você! Canalha, bandido!

Guga ignora a fúria dela: O câncer dela já estava alastrado? Será que essa operação não vai deixar sequela ou coisa do gênero?

Jucy grita: PARA DE FINGIR QUE SE IMPORTA COM ELA!! A sua crueldade em mentir contra a Susana e ferir a família toda só não foi pior do que sua desumanidade em magoar a pessoa que deveria ser a mais importante de sua vida! Mas eu tenho fé em Deus que você vai pagar por tudo! Uma hora as contas tem que ser acertadas.

Guga olha no relógio: Será que esse médico sai ou não pra dar notícia? Não tenho a noite toda.

Jucy: Ora, seu...- Ela lhe dá um tapa na cara- INFELIZ!

Uma enfermeira se aproxima: Mas o que é isso aqui? O corredor é um local de silêncio e espera...Melhor pararem com ofensas e gritos, ou terei de expulsar os dois aqui!

Guga: Essa senhora desagradável ao meu lado não sabe abaixar o volume. Só quero informações da minha mãe...

O Dr. Ariano chega: Jucy- Ele está com expressão indesvendável- A cirurgia acabou...

Jucy esquece que o irmão está por lá: DOUTOR, E MINHA MÃE? A CIRURGIA DEU CERTO?

O médico faz o mistério (necessário?). Aflição.

Cena 04- Cemitério/ Int./ Velório de Dani/ Noite.

Suspiro recebe muitos abraços e condolências. Não queria sair de perto de Dani, e ainda não tinha comido nada.

Peninha conversava com Ricardo: Ninguém sabe por quê fizeram isso, Rick, mas a polícia vai descobrir! Eu espero...Foi horrível, vandálico, monstruoso. Difícil de aceitar, ainda mais por se tratar de uma jovem...

Ricardo bate nos ombros do amigo: Maldita seja essa violência, Peninha. Eu vou falar com a Suspiro...

Peninha: E a comadre Marcelina? Como foi a cirurgia?

Ricardo: Quando eu saí ainda não tínhamos nenhuma notícia, mas vai dar tudo certo...- Ele sai.

Munique se senta ao lado de Margot após ficar alguns minutos perto do corpo de Dani. Ele repara que a amiga e João estão abraçados.

Munique suspira: Já está um pouco mais aliviada? Digo, todos vocês que estavam lá...

João avisa: Ela dormiu- E acaricia a jovem, encostada em seus ombros- Ficou muito marcada com tudo. Todos nós...Esses dias Margot me confidenciou sobre seu medo de estar aqui, longe da família, me falou de você, que tinha meio que abandonado ela...Imagino o que ela deve estar pensando depois desse dia horroroso. O medo cresceu.

Munique o corrige: Eu não “ meio que abandonei ela”, expliquei meus motivos, ela entendeu, e sempre nos falamos lá no Monte Castelo Hotel... João, né? Então, Margot e eu somos muito amigos, a gente se conhece com transparência, e não a deixaria ter medo aqui.

João: Convenhamos, Munique, você deixou ela na Suspirela, onde ela mal conhecia ninguém. Mas a Margot é muito forte, ela luta contra o medo que tem, sei disso pois praticamente a conheço por inteira, já conversamos tanto...

Munique, um tanto quanto bravo: Eu conversei mais com ela, desde os meus 10 anos de idade, por isso te afirmo que o medo dela não cresceu. Margot e todos vão superar esse episódio, claro que no momento tudo parece borrado, mas...Vai melhorar. E o assassino da Dani vai ser preso.

João: Doce ilusão... Melhor pararmos com o papo ou acordamos a Margot. Ela precisa descansar- E a acaricia de novo.



Munique fica furioso.

Susana e Rennê chegam, juntos.

Saskia se vira: Finalmente, Rennê chegou! Será que se perdeu no meio do caminho pra ter demorado tanto assim?

Alencar repara em Susana: Ele achou uma pessoa no caminho, isso sim, Saskia, a tal da Susana. Já desisti de Rennê, ele não tem respeito nem nos momentos mais solenes possíveis, como a morte da Annie.

Saskia: Dani. Dani era o nome dela- Ela vai até Rennê, enquanto Susana se aproxima de Suspiro.

Cena 05- Monte Castelo Hotel/ Int./ Sala 012/ Noite.

Alexandra, sem ar: ME SOLTA. ME SOLTA, MARCUS- Suas veias começam a se evidenciar.

Liana agarra Marcus: Larga a Alexandra, homem!! Pensa bem, você vai parar na cadeia por estrangulamento! ANDRESSA, PEGA UM VASO E TACA NO SEU PAI!

Marcus não as ouve, seus ouvidos foram tapados pela fúria: Me enganou esse tempo todo...ME FEZ DE IDIOTA! TIROU O MEU FILHO DE MIM, ALEXANDRA! ORQUESTROU TUDO!

Alexandra está a ponto de perder os sentidos: Eu não sei do que você tá falando...É melhor...É melhor me soltar ou você vai se arrepender depois... MARCUS, EU NÃO ESTOU BRINCAND...

Andressa se joga em cima do pai e o derruba: PAI, CHEGA! BASTA DE VIOLÊNCIA POR AQUI, GENTE! VAMOS VIVER EM PAZ...Eu não sei o que a mamãe te fez, mas enforca-la não é uma alternativa!

Alexandra se abana: VOCÊ ME PAGA, MARCUS! ME PAGA POR ISSO!

Marcus, com sangue nos olhos: EU QUEM DEVERIA ESTAR FALANDO ISSO! DEPOIS DE TUDO O QUE VOCÊ ME FEZ, NÃO VAI CONSEGUIR SE SAIR DE VÍTIMA DESSA VEZ! EU VOU ACABAR COM VOCÊ! VOCÊ MERECE O INFERNO E TUDO QUE HÁ DE RUIM!

Alexandra se levanta: Liana, pega um copo de água por gentileza... Por gentileza- Repete- Você tem sorte que eu estou aprendendo a manter controle diante desse tipo de situação, Marcus. Não sei do que tá falando, não orquestrei nada...Sinceramente, você bebeu? Já lhe disse pra dosar bem os vinhos e cervejas, pra que não paguemos o pato da sua insobriedade!

Marcus, ainda segurado por Andressa: Como você consegue ser tão cínica? Raptou meu filho e deu pra Gordênia criar, me afastou dele, e deve ter feito outras coisas piores que ainda não tenho conhecimento! EU QUERO O DIVÓRCIO!

Alexandra ri: Deus desaprova os divórcios, Marquinhos! Está na bíblia que quem se divorciar e casar-se com outra, comete adultério contra a primeira! Não seja pecador...

Marcus: NÃO SEJA DEBOCHADA!- Ele fulmina- Isso não vai ficar em vão, Alexandra! E a gente não vai ficar muito tempo junto...Acabou. ACABOU! EU TÔ FARTO- Ele sai- Hoje você dorme só. A partir de hoje, pra falar melhor.

Liana chega com a água. Alexandra bebe tudo.

Andressa, preocupada: Eu nunca vi o pai assim...O que fez?

Alexandra pensa para responder: Eu poupei o Marcus da morte no passado, Andressa. Porquê eu poderia muito bem ter matado ele...E ainda posso! Cansei de implorar por amor. Hora de me livrar dele, como fiz com outros.

Andressa olha assustada para a mãe.



Cena 06- Hospital Recife/ Int./ Corredores/ Noite.

Jucy, desesperada: Não faz mais suspense, doutor! Como está minha mãe? A cirurgia correu bem?

Dr. Ariano: Muito bem, Jucy. Nós conseguimos retirar todo o tumor, e nós médicos avaliamos que não haverão sequelas, o que é uma vantagem devido ao tamanho do tumor...Ela segue para a UTI, e se tudo se normalizar por lá, no outro dia levamos dona Marcelina para o quarto.

Jucy, chorando de alegria: Graças a Deus, e a vocês, claro! Eu pedi tanto e ele me atendeu- Ela escorre as lágrimas- Desculpa o choro...Quando vou poder ver ela?

Dr. Ariano: A emoção é compreensível, Jucy. Deus nos dá a luz para ampliarmos nossos conhecimentos...Amanhã mesmo você vai poder visita-la! Agora é melhor ir pra casa, ficar aqui não tem mais necessidade! Durma bem e volte revigorada. Espalhe a boa notícia para familiares e amigos... É uma verdadeira benção!

Jucy: OBRIGADA! MUITO OBRIGADA!- Ela se ajoelha- Eu tenho muito o que agradecer, rezar...Tô até sem rumo, doutor!- E o cumprimenta- Minha mãe merece só saúde pelo resto da vida dela! SÓ COISA BOA!- Diz, rindo.

Caio acorda: Mãe...E a vovó?

Jucy o pega: ELA TÁ BEM FILHO, DEU TUDO CERTO!

Caio sorri: VIVA! Eu fiz um cartão pra ela- E mostra- Esse elefante roxo aqui diz que vai ficar tudo bem, é que a letra borrou...Vamos entregar pra ela?

Jucy o abraça: Ela vai amar, eu tenho certeza, mas só podemos entregar pra vovó amanhã. Hoje ela ainda tá dormindo- Ela pega o celular- Vou ligar pro Ricardo vir nos buscar. Obrigado, doutor Ariano!

Guga se aproxima: Quê isso, irmã! Eu levo vocês dois pra casa, não vamos incomodar o seu esposo...E aí, carinha?- E estende a mão pra o garoto- Tudo bem?

Caio, meio tímido: Tudo...Mamãe, quem é esse?

Jucy, fria: Apenas um conhecido- A ligação cai na caixa postal- Eu não acredito que o irresponsável do seu pai resolveu desligar o celular justo agora, Caio! Vamos pro ponto de ônibus.

Guga se senta ao lado de Caio: Que indelicadeza a sua, Jucy! Eu te explico, carinha, sou seu tio! Filho da sua vovó, irmão da sua mamãe e da Susana! Meu nome é Guga. E o teu?

Caio: É Caio! Poxa, eu não sabia que tinha um tio, a minha mãe nunca disse nada...Você gosta de futebol?

Jucy o interrompe: Não, ele não gosta, filho. O tio tava viajando, por isso nunca te falei dele! Agora se despeça e vamos. O jeito é esperar ônibus!

Guga pega na mão do sobrinho: Caio, fala pra sua mãe parar de complicar as coisas- Ele sorri com deboche- Já disse que vou dar uma carona pra vocês, me sigam até o estacionamento...Vamos na minha BMW!

Caio fica boquiaberto: Uma BMW de verdade? Nossa, tio, você é muito maneiro! O carro mais legal que já andei foi o do tio Peninha, faz uns barulhos engraçados...

Jucy cruza os braços: Eu já disse que não quero nada que venha de você, e é melhor parar de iludir meu filho- Ela pega Caio- Põe o capuz e...

Guga sorri: Ah, Jucy, não estraga a diversão! Caio, você prefere ir de ônibus ou na minha BMW? Tem DVD lá dentro, posso colocar o filme que você quiser!

Caio, fascinado: Mãe, você pode tomar o ônibus, eu quero ir com o tio Guga, eu nunca tinha visto ele antes, temos que nos conhecer! Ele é da família!

Guga sussurra: Viu, Jucy? Eu ganho no final- Eles saem andando- Melhor vir também, irmã...A garoa aumentou! Quer pegar resfriado?

Jucy, furiosa: Caio, eu não deixei que soltasse a minha mão- Ela acompanha os dois- Você nem tente se reaproximar da família agora, Guga. Eu não vou permitir, e tenho certeza que a Susana vai me apoiar! Não acostuma.

Guga pega uma pastilha: Relax, baby! Não quero reaproximação nenhuma, mas se eu quisesse, Jucy...Eu conseguiria, tenho certeza- Eles pegam o elevador para o estacionamento.



Cena 07- Monte Castelo Hotel/ Int./ Madrugada.

Munique chega do cemitério, com os sapatos em mãos. Voltaria amanhã, para o enterro. Estava tateando para chegar até o quarto, já que a escuridão era quase completa. Só algumas velas colocadas para dar charme ao hotel ajudavam na iluminação.

Alexandra acende a luz de súbito. Tem expressão macabra: Agito noturno?

Munique, sério: A sua casa tá caindo, Alexandra...Não adianta matar quem descobre seus segredos.

Alexandra: Eu devia matar você, que já me incomodou demais! Devia ter feito isso, mas te poupei por estar doente...Felizmente estou melhorando, Munique, e tenho que confessar que não vejo a hora de lhe esfaquear todinho, parte por parte, o prazer vai ser imenso! Carne jovem, vou até distribuir no freezer do hotel. Vou cortá-la bem fininha, limpar o sangue, e guardar sua cabeça!

Munique: RIDÍCULA! RIDÍCULA! Eu não sinto o menor medo das suas frases que deviam ser assustadoras mas não são! Tu vai cair! Sua psicopata nojenta e rejeitada...

Alexandra rói as unhas: Você devia ter medo ou pode acabar como uma certa moça aí...Dina? Dona? Dana? Dani?

Munique se aproxima: Eu tenho muita pena do meu pai ser casado com um ser como você, Alexandra. Mas ele vai se livrar do fardo. E você...Vai sofrer muito na cadeia, como minha mãe!

Alexandra ri: Você conhece muito bem ela, né? SE ENTREGOU, COMO EU BEM SUSPEITAVA! Sabia que você e sua mãe estavam juntos nessa, tenho foto e tudo, inclusive vou mostrar pro Marcus... QUEM VAI CAIR AQUI?

Munique: Meu pai amava minha mãe, pelo menos...Ele já amou uma vez.

Alexandra fica tremula. Munique sobe, triunfante.

Alexandra pega seu celular e disca: Alô? Gaspar? Eu não me importo em interromper seu sono, preciso que ligue pros nossos aliados lá em Feio Horizonte, com URGÊNCIA. Mande eles liquidarem a Gordênia, Sula, tanto faz, e seu esposo. Mata os dois. Sem nenhuma dó. Aquela desgraçada contou tudo pro Marcus, ou pro Munique...

Gaspar boceja: Eu ligo sim, mas o serviço é pra quando?

Alexandra instrui: Amanhã!! Eles podem abrir mais a boca ainda, o que seria inadmissível! Faça isso, Gaspar, e avise que eles vão ganhar recompensa satisfatória pelo serviço.

Gaspar coça a cabeça: Tá bom, vossa majestade, elas vão ser liquidadas... Aproveitando a ligação, queria falar que topo aquela missão de me infiltrar na família da tal Susana. Pensei bem e resolvi aceitar.

Alexandra: Ma-ra-vi-lha! Depois eu dou mais detalhes sobre isso, agora foca na morte do casal Feio-Horizontense! E vê se não esquece, por favor, do jeito que está zonzo de sono...

Gaspar: Não me permito esquecer, sempre fui muito antenado. Por isso sou um bandido vivo e com mais de cinquenta. O segredo é atenção!

Alexandra sorri: Ótima frase pra uma possível autobiografia! Faça o que eu te disse, Gaspar. Eles vão se arrepender do que fizeram comigo...Queime ambos! Da forma mais dolorosa possível- E amassa a almofada em que está segurada- A mais dolorosa...

Cena 08- Cemitério/ Dia Seguinte.

Susana consola Suspiro enquanto Dani é colocada em um caixão. Todos fazem a marcha até a cova, em silêncio profundo. Estavam lá Munique, o pessoal da Suspirela, além de Ricardo, já que Jucy tinha que voltar para o hospital afim de ver a mãe, e amigas de Dani, entre outras pessoas que se sensibilizaram com a situação.

O momento do enterro era o mais triste. Depois de várias rosas jogadas, vem a terra. Suspiro gritava e soluçava. Minutos depois, todos rumam para suas casas ou locais de trabalho. Vida que segue, para os mais distantes, e dor profunda para os mais próximos. Porém os jovens também precisavam voltar para o Monte Castelo Hotel.

Susana se aproxima da amiga: Suspiro...Vamos?

Suspiro tira os óculos escuros: Eu não queria deixar minha Dani sozinha aqui, Susana...- Ela seca o rosto- Me dá mais um minuto, fala pro Peninha que já vou.

Susana, em tom baixo: É claro...

Suspiro se senta ao lado do túmulo: Minha querida, me desculpe mas eu vou ter que ir... Eu não sei mais o que vai ser da minha vida sem você, a luz que me iluminava, como eu costumava dizer... Agora só me resta a escuridão. Sei que está num bom lugar, Dani, então eu peço: Me ilumina de novo. Ou eu nunca mais vou ser feliz.

A dona da Suspirela se levanta e segue os outros, vagarosamente.

Relutando para não abandoná-la.

Cena 09- Haras Campestrini Ferrari/ Int./ Cozinha/ Dia.

Bárbara toma café: Boas notícias! Vou publicar meu livro em breve. Estive numa conversa interessante com os editores e semana que vem dou uma amostra de como é a história!

Fernie: Como sua primeira leitora e confidente, garanto o seu sucesso.

Bárbara a olha: Queria fracassar.

Miguel ri: Que besteira- Ele ergue a xícara- Iná, mais café amargo aqui! O mais amargo possível! Assim como o do Conde!

Bárbara reafirma: Eu tô falando sério, Miguel. Fracassar deve ser bem mais desafiador e emocionante. Assim eu teria que me superar mais e mais no próximo livro. Você não entende disso, senhor juiz de sucesso.

Conde Gian: Interessante o seu ponto de vista, Bárbara. De fato ele é verídico.

Bárbara desvia o assunto: E você já tem data para seu retorno à Itália, Conde?

Miguel, desconfortável: Não faça esse tipo de pergunta, Bárbara. Parece que quer expulsar o nosso ilustre hóspede daqui! Ele fica o tempo que desejar...Pode ir tanto amanhã quanto ano que vem!

Fernie ri: E que ele escolha a primeira opção.

Fábio chega, com Luckas atrás: Senhor Miguel, me desculpe por essa interrupção, mas é novamente aquela égua doente. Hoje piorou, e parece que não vai resistir.

Luckas complementa: Achamos melhor vir te chamar, senhor.

Miguel, apressado: Fizeram muito bem, acho que não vai ter remédio, a pobre está sofrendo muito...Enfim, vou tomar as providências.

Bárbara: Seus dilemas equinos nem se comparam aos jurídicos.

O Conde Gian se levanta: Acreditam vocês que ontem eu descobri uma coisa incrível sobre o Luckas?- Ele aponta para o garoto- Uma pessoa que parecia misteriosa, solitária...Nem vão crer quando eu contar!

Luckas gela.

Miguel: Do que está falando, Gian? Que eu saiba, Luckas é um menino que veio tentar a vida em Recife. E Bárbara o acolheu depois que ele perdeu tudo...Mais algum detalhe?

Bárbara se vira para Luckas: Eu que pergunto: Mais algum detalhe, Luckas?

Gian o encara: E então? Você conta ou eu mesmo conto?

Luckas se depara com todos o olhando. Ele treme de nervosismo.

Fábio não entende: Do que eles estão falando, Luckas?

Cena 10- Monte Castelo Hotel/ Ext./ Estacionamento/ Dia.


Peninha para o carro: Desembarque no lixão aquático da cidade- Ele cerra os olhos- Niemeyer deve estar se remexendo no túmulo por conta da estrutura desse Castelo Hotel...

Susana sai para que os outros possam fazer o mesmo: A Suspiro está dormindo no carro do Alencar, dei um calmante pra ela. Pode me deixar no hospital, Peninha? Eu acabei brigando com minha mãe e nem sei como a cirurgia acabou...

Rennê se aproxima: Eu te deixo lá, Susana. Tem espaço de sobra no carro, só eu e a Suspiro, que caiu em sono profundo. O Peninha tem que ir para o emprego dele...

Peninha concorda: Melhor você ir com o galã mesmo, Susy. E diga pra comadre que ainda vou visita-la. O Mundo Rurífico precisa de mim, deixei a banca nas mãos do Pelé, e vai saber se ele não vendeu os meus CDs do Reginaldo Rossi por um preço maior pra lucrar!

Susana sorri: Agradeço, Rennê. Mas não quero te dar trabalho- Ela olha fixamente para o Monte Castelo Hotel.

Rennê: Imagina...Vamos?

Susana: Claro, só vou me despedir do Munique- Ela se aproxima do garoto- Filho, depois você tem que terminar de me contar a história da Alexandra estar envolvida na morte da Dani...

Munique a abraça: Claro, mas tenho certeza que foi a maldita. Mais um pro arsenal de crimes dela. Tô quase convencendo meu pai à largá-la de vez, mas pra destruir a Alexandra, temos que colocar ela na cadeia.

Susana afirma: É o que a gente vai fazer- Ela o beija no rosto e sai andando- E depois vai ser a vez do seu pai...

Rennê e Susana entram no carro.

Rennê dá a ignição: Só temos que falar baixo pra não acordar a Suspiro e...- Não há ninguém no banco de trás- Oxente, cadê a Suspiro? Eu deixei ela dormindo aqui!

Susana fica impressionada: Tenho quase certeza de pra onde a Suspiro foi. Dormindo, meu caro, ela não estava...- E olha de novo para o hotel.

Lá dentro...

Alexandra observa o menu do restaurante: Quê isso, hein? Bobó? Coxinha? Exijo o nome da chef responsável pela montagem desse cardápio! Ela acha que estamos numa feira popular?

Suspiro a vê de longe e corre até o local, que está cheio de gente: ASSASSINA- Ela grita, atraindo a atenção de todos.

E vai até Alexandra, já livre de sua cadeira de rodas.

Suspiro, com aparência acabada: ASSASSINA!- Repete.

Alexandra se faz de desentendida: De novo, gente? Duas vezes no mesmo capítulo?

Suspiro, roxa: ESSA MULHER AQUI, A DONA DO MONTE CASTELO HOTEL, MANDOU MATAREM A MINHA SOBRINHA- Anuncia, deixando os hóspedes intrigados- ESSA MESMA! ALEXANDRA AMARAL! É UMA BANDIDA! ELA ROUBA O DINHEIRO DO PRÓPRIO MARIDO!

Alexandra se mantém intacta. Suspiro fica frente a frente com ela.

Burburinhos.

Suspiro: E MAIS! ELA MATOU O ANTIGO MARIDO! TIÃO DO POVÃO! FOI ELA!- Diz, com ódio.

Do meio da multidão ouvinte sai Andressa, perplexa com as palavras: Ela... Matou meu pai?- E balança a cabeça- Não pode ser...

Foca na expressão de horror por parte da filha de Alexandra.


TERMINA O CAPÍTULO 29.
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Um comentário:

  1. Marcus e Alexandra já não eram como antes acho que essa parceria vai se tornar em rivalidade num piscar de olhos. Se depender do Munique isso não vai demorar muito.
    Já nossa guerreira Susana está mesmo indo fundo nessa vingança mas acho que Alexandra não vai se curvar tão rápido...
    Muita história pra contar ainda e a web está pegando fogo a cada capítulo. :) Está ótima o suspense me mata rsrs

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